Indignação
é resultado de um desabafo; logo perdoável.
Escoltada de impropérios; censurável e
punível.
(A.
Figueiredo)
OS
IMPROPÉRIOS
Quem
costuma interpretar os meus escritos, que em determinadas situações são
marcados por uma agressividade feroz, hostil e despedaçadora, manifestam uma singularidade,
que é, a sua depuração quanto a impropérios, se bem que, alguns dos leitores
menos “atentos”, possam emitir uma interpretação contrária ao que acabo de
referir. É natural e compreensível. Porque a riqueza da Língua Portuguesa,
devido à vastidão lexical que contém, a essa diversidade interpretativa pode conduzir;
sendo que, apesar da exequível multiplicidade no contexto interpretativo, todas
elas acolhem uma razão que pode ser considerada como verdadeira; é evidente que,
para validar cada uma dessas interpretações, quem as apresenta, tem de ter uma
tese argumentativa para cada uma, em socorro da sua defesa, em conformidade com
o ponto de vista dos diferentes ledores.
Quem sabe a razão absoluta contida na
escrita que elaborou, é o próprio escriba. Ele, que teve a sensibilidade e a
mestria para o fazer, por norma, está consciente do conteúdo e do objectivo
pretendido, e, certamente, da argumentação essencial para justificar o conteúdo
da sua asserção, em caso de curiosa, duvidosa ou judicial interpelação.
Existem, porém, razões, para que quando
abusivamente inseridos, mesmo que não sejam direccionados, tão só, em forma de
parecer, agressivo ou de chalaça, borram toda a “escrita” e definem as
qualidades morais, éticas e intelectuais, de quem abraça esse palavrório. São
os impropérios.
Mesmo sabendo que um dos fundamentos para
a concepção da a liberdade de expressão foi o indulgenciar, desculpar, absolver
ou indultar – como queiram considerar – o uso de impropérios, dos quais muita gentinha
usa e abusa dessa escória da linguagem “caseira”, que não deixa, contudo, de
pertencer com alguma distinção, embora negativa, à língua de um povo, acabam
por estragar a verdadeira essência do contexto inserido no escrito.
Porém, esses vocábulos, posso dizer, em alguns
acontecimentos, até geram determinada graça; no entanto têm uma particularidade
que eu assemelho à do sal; se for a mais, torna-se “salgado” enjoativo,
inconveniente, depreciativo, “incomestível”. Não tanto para quem os “reza”, mas
também para aqueles que fazem o favor de os estar a ouvir.
Escrevo estas “duas” linhas, com algum
condimento apimentado, porque tenho vindo a observar, que, em diversos – muitos
– comentários inseridos nas redes sociais, com destaque para o fecebook, essa linguagem é bastante
utilizada, como uma maneira deliberada, não simplesmente de criticar, mas de
censurar, ainda que com suposta razão, contudo, de modo ofensivo. Logo, perdendo
toda a razão, e o intrínseco valor do desejo manifestado.
Quem faz isso, está aereamente ciente de que
o alvo que pretende atingir, apenas se limita área do monitor do seu computador,
tablet ou smartphone.
O problema é que essa não é a realidade.
Para lá dessas superfícies luminescentes, existem biliões de olhos que nos
espreitam com relativa atenção; nessa imensidão de olhares, é natural que
apareça o olhar observador dos visados, a quem esses impropérios foram
deliberadamente dirigidos, e as coisas podem dar para o torto, porque estas
coisas não impedem a intervenção do poder judicial.
Há muitas maneiras de dizer as mesmas coisas
e até com algum humor, sem o abusivo e impróprio, recurso a impropérios.
Enfim, há atitudes que não são
susceptíveis de serem toleradas, e uma delas é o… IMPROPÉRIO.
Com tudo o que cabei de dissertar, não é
minha pretensão esporear, ferir ou atacar alguém.
Interpretem isto, estimados leitores,
apenas como uma advertência e não como uma reprimenda; até porque, não sou pai de
ninguém”.
António Figueiredo e Silva
Coimbra, 02/04/2020
Nota:
Evito usar o AO90.
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