quinta-feira, 2 de abril de 2020

OS IMPROPÉRIOS


Indignação é resultado de um desabafo; logo perdoável.
 Escoltada de impropérios; censurável e punível.
(A. Figueiredo)

OS IMPROPÉRIOS

Quem costuma interpretar os meus escritos, que em determinadas situações são marcados por uma agressividade feroz, hostil e despedaçadora, manifestam uma singularidade, que é, a sua depuração quanto a impropérios, se bem que, alguns dos leitores menos “atentos”, possam emitir uma interpretação contrária ao que acabo de referir. É natural e compreensível. Porque a riqueza da Língua Portuguesa, devido à vastidão lexical que contém, a essa diversidade interpretativa pode conduzir; sendo que, apesar da exequível multiplicidade no contexto interpretativo, todas elas acolhem uma razão que pode ser considerada como verdadeira; é evidente que, para validar cada uma dessas interpretações, quem as apresenta, tem de ter uma tese argumentativa para cada uma, em socorro da sua defesa, em conformidade com o ponto de vista dos diferentes ledores.
Quem sabe a razão absoluta contida na escrita que elaborou, é o próprio escriba. Ele, que teve a sensibilidade e a mestria para o fazer, por norma, está consciente do conteúdo e do objectivo pretendido, e, certamente, da argumentação essencial para justificar o conteúdo da sua asserção, em caso de curiosa, duvidosa ou judicial interpelação.
Existem, porém, razões, para que quando abusivamente inseridos, mesmo que não sejam direccionados, tão só, em forma de parecer, agressivo ou de chalaça, borram toda a “escrita” e definem as qualidades morais, éticas e intelectuais, de quem abraça esse palavrório. São os impropérios.
Mesmo sabendo que um dos fundamentos para a concepção da a liberdade de expressão foi o indulgenciar, desculpar, absolver ou indultar – como queiram considerar – o uso de impropérios, dos quais muita gentinha usa e abusa dessa escória da linguagem “caseira”, que não deixa, contudo, de pertencer com alguma distinção, embora negativa, à língua de um povo, acabam por estragar a verdadeira essência do contexto inserido no escrito.  
Porém, esses vocábulos, posso dizer, em alguns acontecimentos, até geram determinada graça; no entanto têm uma particularidade que eu assemelho à do sal; se for a mais, torna-se “salgado” enjoativo, inconveniente, depreciativo, “incomestível”. Não tanto para quem os “reza”, mas também para aqueles que fazem o favor de os estar a ouvir.
Escrevo estas “duas” linhas, com algum condimento apimentado, porque tenho vindo a observar, que, em diversos – muitos – comentários inseridos nas redes sociais, com destaque para o fecebook, essa linguagem é bastante utilizada, como uma maneira deliberada, não simplesmente de criticar, mas de censurar, ainda que com suposta razão, contudo, de modo ofensivo. Logo, perdendo toda a razão, e o intrínseco valor do desejo manifestado.
Quem faz isso, está aereamente ciente de que o alvo que pretende atingir, apenas se limita área do monitor do seu computador, tablet ou smartphone.   
O problema é que essa não é a realidade. Para lá dessas superfícies luminescentes, existem biliões de olhos que nos espreitam com relativa atenção; nessa imensidão de olhares, é natural que apareça o olhar observador dos visados, a quem esses impropérios foram deliberadamente dirigidos, e as coisas podem dar para o torto, porque estas coisas não impedem a intervenção do poder judicial.
Há muitas maneiras de dizer as mesmas coisas e até com algum humor, sem o abusivo e impróprio, recurso a impropérios.
Enfim, há atitudes que não são susceptíveis de serem toleradas, e uma delas é o… IMPROPÉRIO.
Com tudo o que cabei de dissertar, não é minha pretensão esporear, ferir ou atacar alguém.
Interpretem isto, estimados leitores, apenas como uma advertência e não como uma reprimenda; até porque, não sou pai de ninguém”.

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 02/04/2020

Nota:
Evito usar o AO90.



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