quinta-feira, 30 de abril de 2020

TER OU NÃO TER...


Não existe o direito à vida sem o direito à defesa da vida.

TER OU NÃO TER…
HABEN ODER NICHT HABEN ...
TO HAVE OR NOT TO HAVE ...
Иметь или не иметь ...

Um dia destes vi um inserto frásico que assim lavrava: “Dizer que não precisamos de armas porque temos a polícia, é o mesmo que dizer que não precisamos de extintores porque temos os bombeiros”.
Achei bastante piada à frase, pela sua coerência racional, que nada perde, por ser uma boa questão. Uma observação pertinente, com que há muito me venho a interrogar. Não ficarei satisfeito, como tal, se não descarregar um “pente” ou um “tambor” completo de palavras, a respeito da tal permissão de uso e porte de arma, tão restringida em Portugal.
Nunca consegui compreender o motivo dessa asfixia, uma vez que não há falta de armas para alcançar o mesmo objectivo, ainda que por linhas diferentes – tem-se visto. Considero que as “armas” mais perigosas são aquelas que estão armazenadas nos paióis das cabeças criminosas. Muitas, possuem tal calibre de engenhoquice e imaginação, que não necessitam de recurso a armas de fogo para concluírem o que lhes aferventa o tino, no momento de executarem as suas “gloriosas” malignidades.
É manifesto que não estarei de acordo em que seja concedida licença de uso e porte de arma de fogo, a qualquer destravado badameco; porém, no meu entender, é que a todo o cidadão de boa índole, lhe devia ser facultada essa concessão - se ele o desejar – para sua defesa e dos seus, caso possa vir a ser de necessário – nunca se sabe!? É um direito que lhe devia assistir; a defesa da própria vida, em situações de ameaça da extinção da mesma.
Então vai uma pessoa descansada a passear na “azinhaga”, aparece um mamífero qualquer com uma arma na mão pronta a disparar, “bota p’ra cá o que tens”, saca-nos tudo, pondo-se na alhêta e deixando-nos depenados do pouco ou do muito que até ali nos pertencia. Não acho bem.
Quando o sol já há muitas horas desapareceu no horizonte e nos encontramos a dormir a sono solto, e, subitamente, alguém entra nos nossos aposentos e somos acordados – quando somos - por um ou dois macambúzios que não conhecemos de lado algum, a “salivar” exigências - normalmente de bens materiais - que muitas vezes só existem na piolheira deles, e ficamos interditados de fazer algo em nossa defesa, perante o risco letal que no momento de nos depara. Damos-lhes com os travesseiros ou com os chinelos? Não está certo.
Estamos no nosso estabelecimento ou dentro da nossa viatura, somos surpreendidos por uns canalhas quaisquer, que além de quererem limpar tudo, também estão prontos para nos limpar o sarampo e nós somos obrigados a permanecer “serenos” e impávidos, com aterrorizada expressão, a ver sumir o “marfim” do nosso suor. Não, p’ra mim também não vale.
No que diz respeito ao uso de armas de fogo, este entendimento proibitivo, não se resume somente ao cidadão comum; estende-se também às forças de segurança, que, com a canhota no coldre, como uma perdiz dependurada à cintura e muitas vezes com razão para a utilizarem, acabam por serem agredidos, espancados e atingidos, com uma bala “perdida” vinda das mãos criminosas do próprio agressor. Sei que lei é lei; embora tenha de a cumprir, nada me obriga a concordar.
O certo é que quando se mete nos miolos de algum macambúzio (que são mais do que as mães), mais avariado da cornadura, em fazer justiça pelas próprias mãos com recurso a um balázio, encontra sempre um candongueiro que a troco de uns cobres, lhe a arranja o “canhão” e tem o problema resolvido.
De uma forma ou de outra, se tiver de o fazer, fá-lo-á sempre e está-se borrifando para a licença do gatilho.
Quando alguém mostra disposição em limpar-me o sebo, se eu não tiver uma arma comigo só tenho uma chance, que é, morrer. Contudo, se eu tiver uma arma ao meu alcance, já tenho duas oportunidades; ou mato ou morro. Se tiver tempo, optarei pela segunda, com autorização ou sem ela. O resto, depois se verá.
É evidente, que não serei de acordo em fazer do território nacional um “far west”, mas sou da opinião de que não deve ser dificultada ou negada a licença de uso e porte de arma àqueles que, depois de cuidadas indagações, comprovem ser pessoas de espírito comedido, cauteloso e não chanfrado da cachimónia.
É de observar que aqueles “moralistas” que restringem a licença de uso de armas de fogo, quando saem da lura, levam sempre “capangas” bem aramados. Isto provoca-me comichão no couro capilar.
E, para todos os que são de conceito contrário ao meu, se alguma vez seu espaço for entrosado por um desmiolado qualquer, de arma em punho, com exigências malucas, que o questionem para que é que ele precisa da arma e depois ouçam a resposta – se estiverem em condições de a escutarem, como é óbvio.
Parto do princípio que uma arma de fogo – como qualquer outro engenho de defesa - só é perigosa se for usada para fins descabidos. Por isso, a sua concessão devia ter mais abertura.
Pelo sim e pelo não, em situações de perigo de vida, é preferível ter um gatilho da mão, do que uma almofada ou uma soca.

António Figueiredo e Silva
Coimbra. 29/04/2020
Nota: não uso o AO90




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