segunda-feira, 23 de março de 2020

O TALENTO




Nada substitui o talento e a capacidade de
criação do ser humano. Porque a criatividade
é para quem tem… não para quem quer.
(Autor desconhecido)

Para que essa criatividade floresça,
 o talento Congénito é imprescindível.
(A.   Figueiredo)

O TALENTO

A arte é a expressão máxima da alma sendo a sua forma imprevisível, variando de acordo com o estado de espírito do artista, no momento da criação de uma obra, seja ela musical, literária ou quaisquer outras ligadas à excelsitude artística, como o desenho, a pintura, a escultura, a música e outras, que esta pequena página não chegaria para mencionar.
Para que o sonho se metamorfoseie numa realidade, é indispensável uma característica natural, chamada TALENTO.
Penso que a aptidão vem encasulada no código genético de cada um, que não pode ser alterado, podendo, no entanto, ser aperfeiçoado por métodos de ensinamento colhidos através dos tempos, fundamentados na experiência e no raciocínio de quem os transmite. O MESTRE.
É manifesto, que para ser Mestre, também tem de nascer com a virtude talentosa, quando não, não passa de um “ensinador” feito a martelo, como suponho haver muitos por aí a boiar, derretendo o tempo e a cachola aos aprendizes, sem resultados palpáveis. Motivam tão só, uma desordem cerebral de avolumado calibre, que aos principiantes, no fim de um período leccionamento, apenas lhes resta meia dúzia de ideias vagas, para aumentar a palha que vai engrossar o fardo da inutilidade, que ao longo do tempo, tem vindo a ser atafulhado sem peso nem medida. Isto, cá, tem sido nocivo para a comunidade e é confirmado pelas consequências, em parte catastróficas, provenientes das sucessivas governações durante a última quarentena.
Para burilar as mentes hábeis, também é necessário ter o dito talento, porém, com a conveniente lapidação feita; a essa nata habilidade, depois de aprimorada, chama-se pedagogia – que infelizmente alguns não têm – não por culpa deles, contudo, porque a Natureza não os contemplou com essa graça.
Suponho que a Essência Criadora, que obstina em primar pela diversidade, não distribui as virtudes de equivalente forma por todos, e com justa razão; se fossemos todos iguais intelectualmente, desconheceríamos em absoluto a existência do saber e perderíamos o sopro que nos impulsiona para sua procura. A CURIOSIDADE; que é tão viciante como a mais potente droga. Quem a “ingere”, nunca mais interrompe a sua prática, porque o conhecimento não é finito, mas misterioso; logo, aliciante, dado a sua infinitude.
Felizes dos contemplados (MESTRES), que, de boa fé, empregam o seu talento para a transferência do seu saber, para promulgação visão do Mundo; a configuração como ele pode ser visionado pelas mentes que para isso tenham talento, porém, ainda no estado embrionário, mas aptas para que lhe seja ministrado o conhecimento. Um dia, depois de desenvolvido e acrescentado com novas concepções, irão por certo, dar continuidade na sua transferência para os vindouros mais talentosos.
É da simbiose entre o saber a pedagogia e o talento, que nascem os grandes cientistas, que modificam, para o bem ou para o mal – a ciência do mal, também não deixa de não ser ciência – todos os sistemas da nossa vivência; para que tal ligação possa ocorrer deve ser ministrado o saber e a disciplina, que são os degraus dos elementos aprimoradores pelos quais o talento sobe, para atingir a competência.
Se um Mestre não tem talento para levar a cabo a missão que se propõe a cumprir e o aprendiz também não tem capacidade nata para apreender o que ouve, no fim de alguns anos de luta, restam dois calhaus; mas dois burgaus com diferenças abissais, se bem que, naturalmente “injustas”. Um, apesar da sua “miséria” intelectual, continua com a “fama” de disfarçada mestria, porém, bem posicionado socialmente; outro com a mente constrangida e a visão do mundo limitada pelos “óculos de Penafiel” (antolhos) que lhe resguardam a idiotice, lá vai fazendo a sua vidinha calmamente (às vezes), em tacanha ignorância, isentado da noção da realidade do mundo que o rodeia.
É precisamente devido penúria da componente talentosa, que em todas as profissões, sem excepção, existem os que realmente são e os que, na penumbra da certificação, vão sendo.
O talento é nato e direcionado. Não se constrói, aperfeiçoa-se; porque, a existir talento, se este não for aprimorado através da insuflação do entendimento, é como um diamante em bruto; nunca tem o seu real valor. Por outro lado, se ele não existir, é impraticável, do nada, aperfeiçoar-se alguma coisa. Não passa de uma utopia.

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 23/03/2020

Nota:
Não faço uso do AO90











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