quinta-feira, 12 de março de 2020

MEDITAÇÃO

“O homem começa a morrer na idade

em que perde o entusiasmo”.

(Honoré Balzac)

 

“Quando a prostração invade o entusiasmo,

 constrange a uma inevitável “meditação”.

(A. Figueiredo)

 

 

MEDITAÇÃO

 

É das “realidades” fundamentais para resolvermos os nossos problemas com prudência e concisão.

Por muito dilatada que seja a inteligência, uma mente entulhada de reflecções está condenada a um desarranjo nos circuitos neurológicos cabeçais, situados no córtex cerebral - o ponto de processamento neuronal exclusivo e complexo da massa cinzenta dos seres pensantes, do qual flui o seu estado emocional - ao sulfatá-los com problemas que, no entender do pensador, não lhe dizem nada; sendo preferível, por isso, a criatura, arrancar para uma fugaz soneca, simulando uma matutação que na verdade não existe.

É preferível a pessoa tirar um cochilo na paz do Senhor, com abstenção absoluta de todo o burburinho que a envolve na semicircular gaiola dourada da (des) governação, onde a passarada de arribação, faz um chinfrim dos diabos, sem, e por, nunca se 

entenderem entre si.

Quando se está a matutar, a indivíduo aparenta dormitar sob uma serenidade imperturbável, no travesseiro da despreocupação, alheio aos dilemas dos outros – porque certamente os seus estão resolvidos.  “Atão num é”?!

Mas, afinal… “num debe” ser.

 O pensamento de determinada cachimónia, pode realmente estar alheio aos problemas daqueles que lhe pagam para estar em vigília, mas não aos de quem está a reflectir, que como é natural, primeiro trata dos seus, e, de quando em vez, nem de uns nem de outros.

Seja como for, quem centraliza a sua energia na concentração espiritual e que a vidinha lhe corra de feição, habitualmente apresenta um semblante cordato, pacificador, adorável e meditabundo, como se estivesse a ser embalado pelos braços de Morfeu. Está a borrifar-se para as contendas palratórias que o circundam, e procura a paz dentro de si mesmo.

A psicoadaptação concede alforria, a todo aquele que já saiba a cartilha e a ladainha de cor e salteado, e se sinta abananado pela acção repetitiva do bláblá, inconsequente e racionalmente sem interesse, no sentido de que possa usufruir de alguns momentos no seu “trabalho” para uma curta “meditação”, dormitando, com abstinência momentânea das responsabilidades para as quais foi investido. 

Engane-se quem julga, que indivíduo que nana. não raciocina.

Nós é que temos andado sonolentos e privados de reflecção. É da nossa soneira singular ou/e colectiva, resulta a razão da nossa “carência” generalizada, o buraco de onde sobressaem as mais malévolas adversidades. Como se já não fosse suficiente a maleita corrupção, que tem vindo a minar quase todos os sectores da vida pública, temos a inquinação da justiça, que tem sido “injusta” para com os fortes e injusta para com os franzinos; as falhas nos serviços de saúde, cuja a assistência ao enfermo é pouco célere e minada de imperfeições, que podem resultar em danos irreversíveis como,  o óbito; a míngua de poder policial para manutenção da ordem pública, que tem resultado em desacatos gratuitos e agressões por malvadez, entre elementos da comunidade, - naturais, híbridos ou importados; a penúria na essência do ensino e a notória míngua de respeito, para quem o ministra, são evidências, etc. É notório um desarranjo generalizado na governação, precisamente por falta de meditação ou simulação da mesma, que tem resultado em medidas que vêm desbaratando a economia, o ensino, a saúde a justiça, e, simultâneamente, a tranquilidade da sociedade portuguesa, cujas lesões, são sempre suportadas pela “plebe”.

Tudo isto é resultado da nossa falta de reflecção ou insuficiência da mesma, porque temos incidido sempre na mesma atitude; colocar no sítio certo, as pessoas incertas que, em vez de reflectirem para zelarem pelos nossos deveres e direitos, pela nossa paz e segurança, pela imposição do respeito comunitário, enveredam pelo trilho da sonolência aparente para meditarem sobre a maneira mais “airosa” de nos apertarem o gorgomilo.

Acordem da indolência e meditem! É tempo!

 

António Figueiredo e Silva

Coimbra,11/03/2020

http://antoniofsilva.blogspot.com/

 

Obs:

Procuro não fazer uso do AO90

  

 




Sem comentários:

Enviar um comentário