“O
ingrato esquece-se de mil refeições que lhe deste,
mas reclama uma que não teve”.
(Provérbio
chinês)
AJUDAR
QUEM?!
(Sr.
Ministro dos Negócios Estrangeiros... observe que tudo começa com “um caso
pontual”).
Contra
o parecer de meia dúzia de “puristas”, não vale a pena ajudar quem não merece.
Se isto houvesse acontecido em Portugal, e no sentido oposto, com toda certeza,
seria catalogado de racismo. Aí, todos os órgãos relacionados com a comunicação
noticiosa, já tinham feito p’raí um chinfrim do caraças; desde o mais reles
pasquim ao periódico de grande gabarito; da estação de rádio mais rafeira, ao
canal de televisivo mais apreciado.
Pergunto: e isto, é o quê? É mais do que
uma manifestação de racismo. Além de racismo, é ingratidão.
A título de achega, é por estas e por
outras, que não consigo concordar com as acções do puritanismo hipócrita que
está a contribuir para a envenenamento deste (meu) país, emperrando todas as
engrenagens que movimentam os organismos de segurança constituídos para zelar,
se necessário, com recurso a medidas coactivas criadas para o efeito, para serem
usadas na promoção da tranquilidade comunitária; contudo, por causa desse
entravamento “moralista”, exagerada e hipocritamente condescendente, estão limitados
no empenho do exercício pleno das suas funções.
Ainda há quem tenha dúvidas quanto à
existência do racismo; eu não tenho nenhumas. Encontra-se em letargia ou apenas
dorme nas mentes odiosas à espera das condições ideais para a sua bruta
germinação, desenvolvidas por activistas que se sentem inconfortáveis dentro da
“vestimenta” que os cobre; aí, por muitas asneiras que tenham cometido e sejam
justamente punidos ou repreendidos por isso, vitimizam-se abrutalhadamente,
ostentado a côr da sua pele, a sua raça ou o seu país de nascedouro.
Contudo, observo: os que são ordeiros, que
trabalham honestamente, que têm boa formação moral, que são cumpridores dos
preceitos instituídos, esses, independentemente da sua côr, crença ou raça, não
alimentam em si, a sombra negra do racismo.
Depois desta espécie de prelúdio desabafador
que me tolhia, vou debruçar-me sobre o recente acontecimento, ocorrido entre
professores portugueses e alunos, em Timor, que ninguém me remove da cabeça,
estar impregnado de fundamentos racistas. Como não consigo ficar silente
perante isto, obstino em manifestar o meu mais veemente repúdio pelo sucedido,
ficando ciente da tranquilidade da minha consciência. Reitero, ficando de
consciência tranquila.
Não me entra na cachola que tal forma de
desagradecimento se tenha consumado de uma forma tão selvática, desmiolada e
ingrata.
Porque “andamos nós” a zarpar para longe,
abandonar a Pátria que nos viu nascer, a família e os amigos, para investirmos
o nosso tempo em sítios que ficam para além do cu do mundo, por uma razão de
causa interiorizada como edificativa, e, na nossa boa-fé decorosa e moralista,
que finalmente resulta em agressões tirânicas e falta de reconhecimento? É
aborrecido, não é?
Eles sabem tudo e têm tudo na exata medida
do pensam; não carecem de ensinamentos nem precisam de nada. Porque havemos de nos enfadar, para depois sermos
considerados virulentos, e, a partir dessa concepção doentia que povoa as
cabeças ôcas mais alienadas, “conquistarmos” por “simpatia” rácica, a
possibilidade de atrairmos, sob a égide da selvajaria, umas mocadas na cabeçona,
uns pontapés nos costelaços, e uns murros na pança, salpicados com um fogo de
artifício de indecorosos impropérios? Se mais não houver acontecido, não sei!?
Isto, ao que me apraz sustentar, não foi “nada”
– até agora!? Porém, também nada me garante, que não tivesse sido o início de
um *“Tabedai”, como justificação inicial fazer trabalhar o *“surik”.
Eu sei que o Ministério dos Negócios
Estrangeiros “não
é uma agência de viagens” (Augusto Santos Silva) e
entristece-me muito escutar estas palavras provenientes do orifício bocal donde
vieram; apesar de tudo, penso que o referido Ministério, pode e deve funcionar
como tábua se salvação em situações com esta, que estão a viver os professores
portugueses em Dili (Timor), após terem “condecorados” com apoteótico reconhecimento
oferecido pelos seus alunos, pelos serviços prestados, nas escolas de Baucau.
Ao que li, agora encontram-se, a expensas suas,
(os que podem), num hotel, nos arredores de Dili; os que não suportarem o
dispêndio de 800 dólares, poderão optar por se enfiarem ou num convento, às
tantas escalambrado e a cheirar bafio, vivendo uma vida monástica sem sentirem chamamento
Divino para isso, até que os “arranquem” daquele “paraíso”.
Sr. Ministro Augusto Santos Silva… olhe
que são gente. Considere agir, antes que seja tarde.
Olhe que tudo começa sempre com “um caso
pontual”!?
António Figueiredo e Silva
Coimbra,26/03/2020
Nota:
Não faço uso do AO90.
*Tabedai – Dança Timoresnse.
** Surik – Espada gurreira Timorense.
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