Se não fizermos
para sermos bem-aventurados,
de
nada adianta esmurrarmos a madeira.
(A.
Figueiredo)
A
SORTE E O AZAR
Andam
sempre juntos, não em paralelo, mas enleados, e têm a incumbência coadjuvante
na lapidação do sentido cognitivo do Homem, como ser pensante; resultando daí, benigna
ou pérfida, a qualidade do Mundo em que vivemos.
Ainda que muitos não acreditem neste duo
que nos acompanha desde a nossa germinação, eu acredito na sua existência. Na
sorte e no azar.
São do meu conhecimento algumas
ocorrências de sorte e de azar para os quais nunca arranjei uma explicação. É
evidente que não irei aqui redigir sobre eles, porque, para muitos daqueles que
devoram a minha escrita, não iriam acreditar no meu palavrório e isso seria para
mim, dado como tempo dissipado em vão.
Começando pela sua etimologia: “sorte”
deriva do latim, sortis, palavra
correspondente a quinhão; já o vocábulo “azar”, deriva do árabe al-zahr, que significa “dado” – aqueles
cubinhos “mágicos” de jôgo, que têm distraído muitos e arruinado a vida de
outros. Portanto, parto do princípio de
que todos sabem o que representam estes dois substantivos e também, que não
tenham tido a “sorte” azarada, de não saber diferençá-los. Digo isto,
porquanto, ainda existe muita gente com dificuldade cognitiva genética, que
lhes gera confusão, e, em certas ocasiões, perdem a oportunidade do mais
benéfico para agarrarem, sem reflectir, a circunstância mais adversa.
Temos de ser nós mesmos a construir os
acessos para captarmos a sorte, porque, quase sempre, ela não cai do céu – o
azar, também não; porém, se não fizermos patavina para que o mais benévolo
possa acontecer, não podemos declarar que tivemos azar – é mais que sabido.
Se, por indolência, desleixo, inaptidão ou
por não seguirmos determinados preceitos que nos são transmitidos, são como
favas contadas; o azar está mais certo do nunca.
É óbvio, que, para concebermos algumas
formas de captar a sorte, também devemos ser persistentes na nossa vontade de
vencer. A lassidão e a estupidez
natural, são características que puxam a carroça do azar e este sobrepõe-se à
sorte, fechando-a no odre da desilusão, onde se alapa, erigindo ali, a sua
cátedra de dura subjugação. Se não formos fortes o suficiente para rebentarmos
os grilhões da decepção e fugirmos do cárcere da letargia, o último
resquício de força de vontade que ainda nos possa subsistir, volatilizar-se-á e
seremos remetidos, sob o peso do fardo de uma resignação compulsiva, para o
desespero, e muitas vezes para o outro lado.
Naturalmente que não posso esquecer que
existem “peritos” vocacionados para procurar o azar; talvez pelo gozo insano de
sentirem o aguilhoar da adrenalina no sistema vascular ou experimentarem o
“borbulhar” frenético da dopamina a repinchar no cérebro, ou para mostrarem à
sociedade que são os mais valentões. Esses não se podem queixar da falta de
sorte (azar) que tiveram, porque foram os causadores do seu infortúnio – outros
nem tempo tiveram para apresentar lamúrias.
À parte disso, e dando continuidade à minha crença na sorte e no azar, é meu conceito que devemos sempre jogar na
defensiva contra o azar, porque quando ele surge é mais lesto do que a sorte.
No que toca à prevenção para procurar,
agarrar e “catalisar” a sorte antes do azar nos fazer uma visitinha, ofensiva
ou funesta, devemos fazer por isso. Não quero dizer, contudo, que o sacana do
azar nos possa deixar incólumes, mas poderá ter consequências de mais reduzida
medida e deixar a porta entreaberta para a sorte poder entrar.
Por conseguinte, é do conhecimento
mundial, que grassa por aí uma epidemia global em desenfreado cavalgar, que me
faz “lembrar” o Cavalo de Átila, e que na sua passagem pode varrer parte da
humanidade na terra; se não fizermos nada para que a sorte nos acompanhe,
podemos ter a certeza de que esse azar acomete e varrerá - com toda a convicção.
Por isso, é nosso dever, - de todos -
ainda que nos custe, porque a sorte exige sacrifícios, procurarmos seguir os
conselhos que nos dão os entendidos na matéria concernente à nossa defesa e
procurar tanto quanto possível seguir as normas por eles apresentadas, para que
o azar não nos venha bater à porta.
Escutem a voz daqueles que sabem e sintam
o silêncio dos outros, que colocam as suas vidas em risco, para que nós,
Humanidade, continuemos a resfolgar.
PARA
ESTES HERÓIS, O MEU MAIS SINCERO AGRADECIMENTO E O MAIS FRATERNO ABRAÇO.
COM
O FIRME DESEJO DE QUE A SORTE OS ACOMPANHE.
António Figueiredo e Silva
Coimbra, 20/03/2020
Obs:
Não
uso o AO90.
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