sexta-feira, 20 de março de 2020

A SORTE E O AZAR


Se não fizermos para sermos bem-aventurados,
de nada adianta esmurrarmos a madeira.
(A. Figueiredo)

A SORTE E O AZAR

Andam sempre juntos, não em paralelo, mas enleados, e têm a incumbência coadjuvante na lapidação do sentido cognitivo do Homem, como ser pensante; resultando daí, benigna ou pérfida, a qualidade do Mundo em que vivemos.  
Ainda que muitos não acreditem neste duo que nos acompanha desde a nossa germinação, eu acredito na sua existência. Na sorte e no azar.
São do meu conhecimento algumas ocorrências de sorte e de azar para os quais nunca arranjei uma explicação. É evidente que não irei aqui redigir sobre eles, porque, para muitos daqueles que devoram a minha escrita, não iriam acreditar no meu palavrório e isso seria para mim, dado como tempo dissipado em vão.
Começando pela sua etimologia: “sorte” deriva do latim, sortis, palavra correspondente a quinhão; já o vocábulo “azar”, deriva do árabe al-zahr, que significa “dado” – aqueles cubinhos “mágicos” de jôgo, que têm distraído muitos e arruinado a vida de outros.  Portanto, parto do princípio de que todos sabem o que representam estes dois substantivos e também, que não tenham tido a “sorte” azarada, de não saber diferençá-los. Digo isto, porquanto, ainda existe muita gente com dificuldade cognitiva genética, que lhes gera confusão, e, em certas ocasiões, perdem a oportunidade do mais benéfico para agarrarem, sem reflectir, a circunstância mais adversa.
Temos de ser nós mesmos a construir os acessos para captarmos a sorte, porque, quase sempre, ela não cai do céu – o azar, também não; porém, se não fizermos patavina para que o mais benévolo possa acontecer, não podemos declarar que tivemos azar – é mais que sabido.
Se, por indolência, desleixo, inaptidão ou por não seguirmos determinados preceitos que nos são transmitidos, são como favas contadas; o azar está mais certo do nunca.
É óbvio, que, para concebermos algumas formas de captar a sorte, também devemos ser persistentes na nossa vontade de vencer.  A lassidão e a estupidez natural, são características que puxam a carroça do azar e este sobrepõe-se à sorte, fechando-a no odre da desilusão, onde se alapa, erigindo ali, a sua cátedra de dura subjugação. Se não formos fortes o suficiente para rebentarmos os grilhões da decepção e fugirmos do cárcere da letargia, o último resquício de força de vontade que ainda nos possa subsistir, volatilizar-se-á e seremos remetidos, sob o peso do fardo de uma resignação compulsiva, para o desespero, e muitas vezes para o outro lado.
Naturalmente que não posso esquecer que existem “peritos” vocacionados para procurar o azar; talvez pelo gozo insano de sentirem o aguilhoar da adrenalina no sistema vascular ou experimentarem o “borbulhar” frenético da dopamina a repinchar no cérebro, ou para mostrarem à sociedade que são os mais valentões. Esses não se podem queixar da falta de sorte (azar) que tiveram, porque foram os causadores do seu infortúnio – outros nem tempo tiveram para apresentar lamúrias.  
À parte disso, e dando continuidade à minha crença na sorte e no azar, é meu conceito que devemos sempre jogar na defensiva contra o azar, porque quando ele surge é mais lesto do que a sorte.
No que toca à prevenção para procurar, agarrar e “catalisar” a sorte antes do azar nos fazer uma visitinha, ofensiva ou funesta, devemos fazer por isso. Não quero dizer, contudo, que o sacana do azar nos possa deixar incólumes, mas poderá ter consequências de mais reduzida medida e deixar a porta entreaberta para a sorte poder entrar.
Por conseguinte, é do conhecimento mundial, que grassa por aí uma epidemia global em desenfreado cavalgar, que me faz “lembrar” o Cavalo de Átila, e que na sua passagem pode varrer parte da humanidade na terra; se não fizermos nada para que a sorte nos acompanhe, podemos ter a certeza de que esse azar acomete e varrerá - com toda a convicção.
Por isso, é nosso dever, - de todos - ainda que nos custe, porque a sorte exige sacrifícios, procurarmos seguir os conselhos que nos dão os entendidos na matéria concernente à nossa defesa e procurar tanto quanto possível seguir as normas por eles apresentadas, para que o azar não nos venha bater à porta.
Escutem a voz daqueles que sabem e sintam o silêncio dos outros, que colocam as suas vidas em risco, para que nós, Humanidade, continuemos a resfolgar.
PARA ESTES HERÓIS, O MEU MAIS SINCERO AGRADECIMENTO E O MAIS FRATERNO ABRAÇO.
COM O FIRME DESEJO DE QUE A SORTE OS ACOMPANHE.

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 20/03/2020

Obs:
Não uso o AO90.




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