quarta-feira, 25 de março de 2020

A FALÊNCIA NA CONSCIÊNCIA DO HOMEM


“A religião do futuro será cósmica e transcenderá
 um Deus pessoal, evitando os dogmas e a teologia”.
(Albert Einstein)


A FALÊNCIA NA CONSCIÊNCIA DO *HOMEM

Há longos anos que me venho a interrogar sobre esta questão, que apesar de estar concavada num impenetrável mistério, os estudos teológicos, feitos pelo Homem quanto à realidade da existência de Deus, são divergentes, mesmo entre as diversas religiões monoteístas.
Não tenho incertezas quanto à existência de uma Entidade Poderosa e Universal, a que os crentes – como eu – titulam de Deus. Não obstando, contudo, que entre os mesmos crentes não possam existir formas dissemelhantes a povoar-lhes a sua imaginação quanto à Sua misteriosa imagem.
Evidenciado como metáfora, a descrição bíblica da separação das águas do Mar Vermelho, façamos de conta que, de um lado das águas ficou o Deus do Homem, o Deus interesseiro; do lado oposto o Deus Universal, o Deus Cósmico, que tudo criou, tudo coordena, com precisão matemática infinita. Só assim, consigo alcançar a suprema existência de Deus, como uma Força Cósmica que tudo cria e tudo domina.
Porém, é-me dado observar que a Ciência não se harmoniza absolutamente com a Teologia; enquanto a primeira se alicerça em factos rigorosamente confirmados, obtidos com recurso a exaustivas investigações e cálculos, a segunda, apesar talentosa também, é apenas imaginativa e lavra na escuridão enigmática do subjectivismo. Na minha maneira de ver, é consequente desta subjectividade exotérica, o conceito do Deus do Homem, que “possibilita” que em Seu nome alguns seres humanos possam cometer e justificar todas as barbaridades que ao longo dos tempos têm vindo a ser historiografadas e aquelas que, actual e diariamente, ressaltam bem de frente os nossos sentidos.     
Agora, com a deflagração desta crise epidémica provocada pelo COVID-19 que, de freio dos dentes, está a atravessar todo o planêta, penso acabei por concluir que existem realmente dois “Deuses”; um dos homens, e, na “realidade”, um Deus Universal, que, imaculado quaisquer ambições, a todos os seres estende a Sua Mão Divina, sem distinção de raças, credos ou lugares.
Toda esta cantilena porquê?
Porque o “Deus” do Homem, é interesseiro, manhoso, ambicioso, açambarcador, falso, usurpador, malévolo, exasperado, castigador, odioso e provocador da instabilidade.
O Deus Universal é o contraditório do “Deus” do Homem; apesar da Sua omnipotência, Ele é indulgente e misericordioso; Ele não semeia; Ele é, paz e amor que reina no “coração” de todo o Homem de boa fé – é evidente que nem todo o Homem é de boa-fé; este tem outro “Deus” só dele; uma “Divindade” particular, que lhe justifica todo o mal provocado pela sua má-fé.
Como tal, existe o Deus do Bem e o “Deus” do Mal.
A loucura egocêntrica dos “Homem”, têm-no conduzido à adoração de um Deus, e, nos seus propósitos, à utilização de outro “Deus”; o “Deus” pessoal. Só deste modo se compreende o estado caótico e desigual em que o Mundo se encontra.
Quero com isto dizer, que, enquanto o Homem for dotado de “barriga e apetite” insaciável, ambição sequiosa do ter e do poder e olhar com “majestosa” indiferença para a miséria que, a olhos vistos, domina a maior parte das criaturas na Terra, é sem dúvida adorador do “Deus” particular. Ele existe. É o “Deus” do Mal.
É este “Deus” que mais tem subjugado a população mais desprotegida da Terra. Se esta “Divindade” não existisse, isto seria o “Paraíso”.
Chego a meditar, se a Grande Inteligência Universal, Deus, não deverá sentir-se arrependido por haver criado ser Humano, por este deixar-se contaminar pela falência cerebral e não fazer aquilo que pode, e, por somítico estado endógeno, remediar o seu dever, com um naco do que “devia”, mas… para não manifestar ingratidão e salvar a decência na forma do agradecimento, “a cavalo dado não se olha o dente”.

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 25/03/2020
http://antoniofsilva.blogspot.com/

*Quando rfiro o “Homem”, quero
 referir-me a toda a Humanidade.

Nota:
Ainda não subscrevo o AO90



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