Uma
pessoa com má índole é capaz de tudo,
inclusive aparentar boas atitudes.
(Autor
desconhecido).
O
CARÁCTER
THE
CHARACTER
ХАРАКТЕР
DER
CHARAKTER
דער
כאראקטער
É
um estado de espírito definido por um conjunto de atributos que, consubstanciados,
definem a nossa maneira de ser, fazendo de cada um, um ser distinto, com
propensão para o bem ou para o mal.
Claro que o carácter deve estar subordinado
aos cânones da moral, sendo a lealdade e honestidade dois pilares
imprescindíveis, para que este estado de espírito possa existir, adquirindo
deste modo o respeito e o apreço da comunidade, ou, na sua ausência, o
desprezo, manifestado pela mesma. É por assim dizer, a resultante da interacção
dos predicados que envolvem o indivíduo, com incidência nas suas qualidades e
defeitos, que determina, se ele é bom, mau, péssimo ou se não presta para nada.
Há pessoas que sofrem de imperfeição ou
fraqueza de personalidade que constrange a que elas se apaixonem loucamente por
si próprias, fazendo-as alhearem-se dos princípios que regem a sociedade que as
rodeia. Esta debilidade de carácter, é designada por narcisismo.
Sigmund Freud, defendia que o narcisista
tem a líbido dirigida para si mesmo; este transtorno é considerado nos
“alfarrábios” de psiquiatria, como “transtorno
narcísico da personalidade”.
A líbido é a força vital que incentiva à
procriação; esta energia pode ser influenciada pelos baixos níveis de
testosterona que por sua vez afecta o carácter do indivíduo, ao atribuírem-lhe
uma determinada incapacidade para esse propósito, transformando-o num ser irascível,
impulsivo, imprevisível e inseguro; “capacidades” estas, que o compulsam a
falsear o seu temperamento perante a comunidade, ostentando um ego forte,
condescendente e moralista – que de todo em todo, não existe.
É normal neste tipo de pessoas, abraçarem
o firme propósito fazerem uma exposição presunçosa daquilo que na realidade não
são, com recurso a retóricas luminosas, porém efémeras, que as atitudes na
realidade praticadas, acabam por derrubar, arruinando, como é óbvio, a sua
personalidade. Nestas criaturas, a humildade não existe; são prepotentes,
petulantes, agressivas, doentiamente convencidas e com fortes tendências
dominadoras; usam estas singularidades como uma “aparente” compensação da
fraqueza do seu real carácter, já de si enfraquecido pela escassez de
testosterona, a força energética a alimenta a líbido. Não têm a noção de que se
esta energia entra em decadência, o que lhe é adjacente também mergulha na
derrocada, deixando-as pessoas num estado de lastimável convulsão psicológica
que as pode levar à sua auto-liquidação.
Isto pode acontecer, após enxergarem que,
pelas atitudes contraditórias impensadamente exteriorizadas pelo narcisismo, a
sociedade descobriu a realidade da sua índole, dilema com o qual não elas não
se conformam.
E assim pode, mórbida e tragicamente
ultimar um temperamento descaracterizado. Porque o embuste característico
suportado por bases sem firmeza não possui uma duração estável, este não pode
durar uma vida inteira sem se volatilizar.
Daí que, desfrutar de carácter, no
verdadeiro sentido da palavra, não é apanágio de todos, ainda que alguns
“alienados” a esse predicado tentem candidatar-se.
São estes alguns, que são capazes de tudo,
e, quando a verdade lhes aflora à tona da dissimulação, no pináculo da vergonha
e sem outra alternativa, são os seus próprios carrascos.
Vou concluir esta minúscula dissertação
sobre o carácter, com uma frase de Amanda Chakur: “Evoluir é reconhecer os nossos erros. “Não para consertá-los mas para não repeti-los”.
Claro está, que aqueles onde o carácter
não existe ou é bamboleante, não são seguidores desta premissa; logo, o seu fim,
por norma será funesto.
António Figueiredo e Silva
Coimbra, 02/08/2019
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