domingo, 22 de setembro de 2019

FRASES "EMPACOTADAS"


Quem não tem inteligência para criar,
tem de ter coragem para copiar.
(Rolim Amaro)

O plágio simples, é em si mesmo, um débil
 instrumento de recurso, mas “remedeia”.
(A. Figueiredo)

FRASES EM “PACOTE”

Antes da “trovoada”, pretendo sobreavisar aqueles que sorvem, ou detestam, o meu modo de raciocinar; para uns bem, para outros, péssimo; para mim estou-me nas tintas, pois sou o que sou e não quero ser outra coisa. Mas, pegando o fio à meada, quero tão só informar que não é minha intenção menosprezar as expressões dos grandes pensadores, nem quem delas se serve por motivos intuitivos, (eu próprio o faço), porém entrelaçar algumas achegas, que podem ser pouco abonatórias, para quem veste essa fatiota vocabular, sem dar conta de que a doutrina emanada por essa vestimenta lhes assenta primorosamente. Acham piada, lógica ou infundada, e catapultam para cá para fora as ditas frases soltas, desamparadas qualquer propósito – penso – a não ser o de se vitimizarem, numa tentativa de empurrarem para a sociedade o resultado do seu insucesso, quando elas próprias foram os coveiros do seu êxito.
Para algumas criaturas, tornou-se virusal e até mesmo ridículo, o viciante recurso a frases criadas nas cabeças de alguns pensadores, nas quais elas se identificam plenamente, e muitas vezes não consubstanciam elas próprias, as virtudes da realidade delas emanada. Postam-nas somente como resultado de num desalento. Um grito de cisne.
É evidente que os pensamentos dos grandes cérebros contribuem muito para a aprendizagem e lapidação intelectual do ser humano, e ministram a postura da sua vivência em sociedade, para o bem ou para o mal, dependendo, em grande parte, da sua construção genética, que é fundamental. Por muito bom que seja o padeiro, não consegue fazer pão sem côdea. É essencial.
A questão, não está em fazer uso das frases pensadas por outros, mas sim em desenvolver doutrinas emanadas dessas mesmas expressões, que amadureceram, sabe-se lá quantos dias ou anos, até serem expostas pelos mais diversos meios de comunicação, tendo como principais artérias veiculares, a palavra escrita ou oralizada. O dilema reside sim, em ter capacidade para conceber uma tese, onde essas locuções possam encaixar-se e consigam cintilar com toda a sua resplandecência doutrinal. Aqui sim.
Caricato, e até mesmo risível, é que, existem criaturas que seguram essas frases, mesmo contendo equívocos de constucção linguística, e vindas de sociedades com usos e costumes distintos, com as quais, a coberto de uma ignorância nata, implicitamente pretendem fundir-se, para as usarem como de “balas de canhão”, com o intento de as arremessarem aos outros, desconhecendo, no entanto, que as “ameixas” vão acertar num alvo diferente, consequência do seu ricochete, porque a fraqueza de espírito abalroou os cálculos – elas próprias.
Estas pessoas não são mais do que meras repetidoras de conceitos e não se limitam ao seu uso, mas ao abuso da tendência. Como de sua criação, nada consta, esquadrinham frases, que eu, com alguma ironia, apelido de… frases empacotadas; contudo, sem retirar, o valor devido à matéria filosófica, fruto da intelecção dos seus autores, que na realidade confere a áurea anímica às mesmas.
Por gostar de uma boa frase a harmonizar com uma dissertação, digo: não sou apreciador de “glutões e gastadores falidos”, de frases empacotadas. Daqui reside o título do artigo em menção.
FRASES EM “PACOTE”.


António Figueiredo e Silva
Coimbra, 22/09/2019
www.antoniofsilva.blogspot.com


  


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