quarta-feira, 3 de julho de 2019

A "PASSARADA"


Neste país de democracia adulterada, a imparcialidade da lei
não está ao alcance de todos. Em caso de detenção,
“os miseráveis” estão impedidos de mercar a sua liberdade
ou travar o andamento processual.
(A. Figueiredo)

A “PASSARADA”
(Parte dela)


Não sei se leram sobre o regime implantado por Mao Zedong (Mao Tsé-Tung), cujo governo eu jamais desejaria para Portugal, mas chamei-o à colação por causa de uma medida que ele pensou e fez executar em toda a China. Esta medida visava a exterminação por exaustão, da maioria da passarada, que ele considerava, os comilões de uma grande parte dos cereais, colocando em risco a sobrevivência da população chinesa; é evidente que isto resultou numa catástrofe ainda maior, mas isso é outra vertente.
Lembrei-me desta passagem, uma vez que, por analogia, por cá também existem uns bandos de passarões, que se dedicam às nossas sementeiras e que já não peço a sua exterminação, mas sou de opinião que sejam instalados dentro de gaiolas. Com eles à solta é que nunca teremos refrigério.
O bando é grande, mas não será de tal dimensão que não possa ser travado, ou mesmo “erradicado”.  Se existem investigações, é porque existem dúvidas; se existem conclusões para detenção, é porque as dúvidas a isso conduzem.
 Fico, é deveras pasmado, com a aquisição da liberdade condicionada, através de uma acção meramente monetária. Não é a primeira vez que isto tem acontecido.
Não gostaria de forma alguma de voltar ao tempo de Salazar, mas, naquele tempo, qualquer “pássaro”, sobre o qual pendessem desconfianças quanto à sua honradez, nem para o lugar mais rasca presente no funcionalismo público, tinha préstimo. Verifica-se com apreensão e tristeza, que actualmente, tudo o que vem à rede é peixe; o que se tem comprovado ser um logro, porque todo entulho tem servido para essa passarada nos fazer o ninho atrás das orelhas e nós estamos como se pode observar; no fundo da latrina, por causa dessa pardalada.
Não é mentira que também os vão caçando – então agora, têm sido uns atrás dos outros – só que quando os apanham, com a bênção do Ministério Público e a água-benta “do processo em segredo de justiça interno e externo”, atam-lhes um frágil cordel a uma das patas, deixando as asas livres voar, o que lhes permite subir até que encontrem uma árvore bem alta, no em Cabo Verde, no topo da Europa ou em outro lado qualquer, onde as chumbadas da razão não consigam ferir a penugem da sua imunidade. Mas, de boca aberta a olhar o firmamento, os que lhes concederam “asas”, alimentam a esperança - fingida - de que eles remigrem e penetrem na gaiola.
Pobres inocentes!
Ou não!? Pode ter havido um guisado de cabrito, não sei!?

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 03/07/2029


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