Neste
país de democracia adulterada, a imparcialidade da lei
não
está ao alcance de todos. Em caso de detenção,
“os
miseráveis” estão impedidos de mercar a sua liberdade
ou
travar o andamento processual.
(A.
Figueiredo)
A
“PASSARADA”
(Parte
dela)
Não sei se leram sobre o regime implantado
por Mao Zedong (Mao Tsé-Tung), cujo governo eu jamais desejaria para Portugal,
mas chamei-o à colação por causa de uma medida que ele pensou e fez executar em
toda a China. Esta medida visava a exterminação por exaustão, da maioria da
passarada, que ele considerava, os comilões de uma grande parte dos cereais,
colocando em risco a sobrevivência da população chinesa; é evidente que isto
resultou numa catástrofe ainda maior, mas isso é outra vertente.
Lembrei-me desta passagem, uma vez que,
por analogia, por cá também existem uns bandos de passarões, que se dedicam às
nossas sementeiras e que já não peço a sua exterminação, mas sou de opinião que
sejam instalados dentro de gaiolas. Com eles à solta é que nunca teremos
refrigério.
O bando é grande, mas não será de tal dimensão
que não possa ser travado, ou mesmo “erradicado”. Se existem investigações, é porque existem
dúvidas; se existem conclusões para detenção, é porque as dúvidas a isso conduzem.
Fico,
é deveras pasmado, com a aquisição da liberdade condicionada, através de uma
acção meramente monetária. Não é a primeira vez que isto tem acontecido.
Não gostaria de forma alguma de voltar ao
tempo de Salazar, mas, naquele tempo, qualquer “pássaro”, sobre o qual
pendessem desconfianças quanto à sua honradez, nem para o lugar mais rasca
presente no funcionalismo público, tinha préstimo. Verifica-se com apreensão e
tristeza, que actualmente, tudo o que vem à rede é peixe; o que se tem comprovado
ser um logro, porque todo entulho tem servido para essa passarada nos fazer o
ninho atrás das orelhas e nós estamos como se pode observar; no fundo da latrina,
por causa dessa pardalada.
Não é mentira que também os vão caçando –
então agora, têm sido uns atrás dos outros – só que quando os apanham, com a
bênção do Ministério Público e a água-benta “do processo em segredo de justiça
interno e externo”, atam-lhes um frágil cordel a uma das patas, deixando as
asas livres voar, o que lhes permite subir até que encontrem uma árvore bem
alta, no em Cabo Verde, no topo da Europa ou em outro lado qualquer, onde as
chumbadas da razão não consigam ferir a penugem da sua imunidade. Mas, de boca
aberta a olhar o firmamento, os que lhes concederam “asas”, alimentam a
esperança - fingida - de que eles remigrem e penetrem na gaiola.
Pobres inocentes!
Ou não!? Pode ter havido um guisado de
cabrito, não sei!?
António Figueiredo e Silva
Coimbra, 03/07/2029
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