É
muito mais fácil corromper do que persuadir.
(Sócrates)
Não
tem nada a ver com o Ti Zé.
(A. Figueiredo)
NÃO
É SÓ ELE QUE “VÊ”
Eu
também o sinto, bem assim como a generalidade dos portugueses.
É uma moléstia que, antes de ser sentida, ao
longe já exala o seu odor “fétido”, que faz tremer os menos precavidos e
revoltar os mais sensatos.
E a dificuldade não está no
desconhecimento dessa epidemia, - neste caso, nacional – ou em saber onde ela
está instalada; o dilema reside em comprovar a sua realidade, tendo em conta o
complicado labirinto mafioso que a acoita e protege.
Não é necessário ser-se muito inteligente
para verificar a sua existência; basta olharmos para o enriquecimento rápido
daqueles que, em tempos determinados, não passavam de uns ignorados
“maltrapilhos” e actualmente, do lado de lá do Oceano Atlântico, em pleno gozo
(vitalício) dos proventos criminosamente desviados das nossas algibeiras,
riem-se de nós e da nossa mansidão, pela incapacidade que temos tido em os
subjugar, julgar e condenar, quando essa necessidade devia ser austera e
imperativa. A juntar a estes, também não é dúbia a presença de ácaros de igual
quilate cá no território, como tem sido averiguado, que jornadeiam no meio de
nós com toda a impunidade, com tanto poder, que nem os princípios instituídos
nem as forças policiais ligadas à investigação, conseguem fazer sortir os
efeitos desejados; confisco dos bens e hotel prisional com eles.
Não, uns continuam impavidamente, com as
suas “garagens”, que insolentemente afirmam não lhes restar mais nada; outros
com as suas “pequeninas leiras”, mansões ou “minúsculos e ordinários” armazéns
repletos não de mera sucata, porém de valiosas obras de arte; além destes ainda
há outros com os seus apartamentos em Paris, ou a gozar férias e a gozar
connosco “encafuados” em apartamentos de amigos, primos, ou sei lá de quem. São
aqueles que de depois da prova provada, nada provado foi; se a prova não pôde
ser destruída, atrasa-se o processo de “delito” até à sua prescrição; contudo, se
a coisa realmente deu nas vistas, são-lhe aplicadas umas mini- férias num
espaço destinado à meditação e ao fim de uns "mesitos" sai da jaula e vai gozar
os proveitos do produto açambarcado – e o Pagode, claro.
E aqueles que pertencem ao cardume dos
“pequenitos”, comummente titulados de peixe-miúdo?
Labregos, burros que nem um calhau, conquanto
que, imbecis, mas manhosos, que proliferam por aí a poluir a estabilidade dos
sistemas autárquicos, provocando o emperramento de toda a estrutura consensual
que constitui cinemática dessas instituições públicas que foram criadas para
zelarem e protegerem os direitos do cidadão.
Estes “cidadões”, murchos em cidadania, apesar
de usufruírem salários aparentemente ”miseráveis” (?), muitos deles fazem uma vida faustosa, de
ostentação e deleite, onde quase nada lhes falta, desde opulentas e confortáveis
habitações, boas “carripanas” BMW, ou equivalentes, lautos repastos e férias
paradisíacas; as suas garrafeiras também devem ser “vítimas” de sortido
atafulhamento com as melhores e mais caras “buídas”; enfim, um maná de benesses
que lhes provoca algum estrabismo no olhar, cofose na audição, mudez palavra e
“arreata” na escrita.
Os modos de vivência de toda esta
pardalada, deviam ser averiguados, de fio a pavio, porque, “Quem cabritos vende e cabras não tem, de algum lado lhe vêm”.
O ditado é velho, e está mais do que
certo.
António Figueiredo e Silva
Coimbra, 01/07/2019
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