segunda-feira, 1 de julho de 2019

NÃO É SÓ ELE QUE "VÊ"


É muito mais fácil corromper do que persuadir.
(Sócrates)

Não tem nada a ver com o Ti Zé.
 (A. Figueiredo)
NÃO É SÓ ELE QUE “VÊ”

Eu também o sinto, bem assim como a generalidade dos portugueses.
É uma moléstia que, antes de ser sentida, ao longe já exala o seu odor “fétido”, que faz tremer os menos precavidos e revoltar os mais sensatos.
E a dificuldade não está no desconhecimento dessa epidemia, - neste caso, nacional – ou em saber onde ela está instalada; o dilema reside em comprovar a sua realidade, tendo em conta o complicado labirinto mafioso que a acoita e protege.
Não é necessário ser-se muito inteligente para verificar a sua existência; basta olharmos para o enriquecimento rápido daqueles que, em tempos determinados, não passavam de uns ignorados “maltrapilhos” e actualmente, do lado de lá do Oceano Atlântico, em pleno gozo (vitalício) dos proventos criminosamente desviados das nossas algibeiras, riem-se de nós e da nossa mansidão, pela incapacidade que temos tido em os subjugar, julgar e condenar, quando essa necessidade devia ser austera e imperativa. A juntar a estes, também não é dúbia a presença de ácaros de igual quilate cá no território, como tem sido averiguado, que jornadeiam no meio de nós com toda a impunidade, com tanto poder, que nem os princípios instituídos nem as forças policiais ligadas à investigação, conseguem fazer sortir os efeitos desejados; confisco dos bens e hotel prisional com eles.
Não, uns continuam impavidamente, com as suas “garagens”, que insolentemente afirmam não lhes restar mais nada; outros com as suas “pequeninas leiras”, mansões ou “minúsculos e ordinários” armazéns repletos não de mera sucata, porém de valiosas obras de arte; além destes ainda há outros com os seus apartamentos em Paris, ou a gozar férias e a gozar connosco “encafuados” em apartamentos de amigos, primos, ou sei lá de quem. São aqueles que de depois da prova provada, nada provado foi; se a prova não pôde ser destruída, atrasa-se o processo de “delito” até à sua prescrição; contudo, se a coisa realmente deu nas vistas, são-lhe aplicadas umas mini- férias num espaço destinado à meditação e ao fim de uns "mesitos" sai da jaula e vai gozar os proveitos do produto açambarcado – e o Pagode, claro.
E aqueles que pertencem ao cardume dos “pequenitos”, comummente titulados de peixe-miúdo?
 Labregos, burros que nem um calhau, conquanto que, imbecis, mas manhosos, que proliferam por aí a poluir a estabilidade dos sistemas autárquicos, provocando o emperramento de toda a estrutura consensual que constitui cinemática dessas instituições públicas que foram criadas para zelarem e protegerem os direitos do cidadão.
Estes “cidadões”, murchos em cidadania, apesar de usufruírem salários aparentemente ”miseráveis” (?),  muitos deles fazem uma vida faustosa, de ostentação e deleite, onde quase nada lhes falta, desde opulentas e confortáveis habitações, boas “carripanas” BMW, ou equivalentes, lautos repastos e férias paradisíacas; as suas garrafeiras também devem ser “vítimas” de sortido atafulhamento com as melhores e mais caras “buídas”; enfim, um maná de benesses que lhes provoca algum estrabismo no olhar, cofose na audição, mudez palavra e “arreata” na escrita.
Os modos de vivência de toda esta pardalada, deviam ser averiguados, de fio a pavio, porque, “Quem cabritos vende e cabras não tem, de algum lado lhe vêm”.
O ditado é velho, e está mais do que certo.   

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 01/07/2019


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