segunda-feira, 24 de junho de 2019

“SERPENTE TENTADORA” (PROCURA-SE)


A intolerância, seja ela religiosa ou política,
 é uma enfermidade que afecta todo o Mundo e é
 responsável pelas desavenças e pelas guerras,
que com condescendência, podiam ser evitadas.
(A. Figueiredo)



“SERPENTE TENTADORA”
(PROCURA-SE)

Serpente suspeita de ter sido uma “criminosa”, ainda não declarada como tal, até    prova em contrário, (é lei cá da “terra”, que mesmo sendo apanhado com a boca-na-botija, goza de presunção), que deu cabo da “vidinha” a um pacato e inofensivo eclesiástico Júlio Santos, o Padre “maroto”, como profere, considerado pessoa de fé bastante solidificada.
Ainda não tenho conhecimento – e não terei - dos contornos referentes ao sucedido, uma vez que não falei com sacerdote, mas proponho-me a arengar a minha tese, que pode não passar de uma falácia, não impedindo, contudo, a sua descrição.
 Suponho que tudo aconteceu quando este se encontrava numa tarde quente a dorminhocar a sesta, esticado ao comprido (podia ser atravessado), decentemente “vestido”, com cuecas a substituir a folha de parreira, e na paz dos anjos, naturalmente a sonhar com Querubins e Serafins, não evitado de quando em vez, um ronco ressonante, comum a quase todas as boas almas que dormem profundamente acompanhados de amena paz celestial.
O que pode ter acontecido foi ter sentido, o toque compassado, mas acetinado, de uma língua bífida de qualquer coisa “rastejante”, que lhe veio interromper o seu sacro e bem merecido descanso.
Deve ter acordado meio estremunhado. Ainda ensonado, como é natural, depois de ter esfregado os mirantes com as falanges dos indicadores dobrados, arregalou bem os olhos, e deve ter ficado incrédulo ao ver a serpente que “disfarçadamente”, mas com alguma cumplicidade entre ambos, o havia seguido, a roçar a pele brilhante e macia pelo seu peito desnudado, gulosa no apetite a preparar-se para o ataque – tentação – e deve ter pensado:
- Que Deus me perdoe, mas estou feito ao bife, se não exauro os propósitos libidinosos deste “animal” de cabelos dourados, em fúria ardente, mas de conivência com o Diabo – deve ter raciocinado.
Se assim o pensou – é bem provável – melhor o fez. Deve ter-se atirado à “serpente” com unhas e dentes, numa luta satânica renhida, até a deixar exausta, quase dominada.
Digo quase, porque ele não deve ter observado que ela, de tez leitosa e cabelo côr-de-trigo, quando as espigas estão maduras, mas de espírito maledicente, se fazia acompanhar de um “demoníaco” instrumento destinado à fotografia, com a qual posteriormente lhe armou uma cilada, maculando-lhe a imagem e castrando-lhe o “emprego” – outra coisa, não porque mais tarde poderia vir a fazer falta – mas gerou agora acesa polémica, perante a incompreensão da sociedade, estigmatizada pela cegueira da intolerância, a venda que não a deixa capacitar-se de que o homem, só por escasso momentos de calor, deve ter derretido um pouco a sua fé.
O filho-da-mãe do Diabo, está sempre a tecê-las. E as serpentes também.
Se virem esta por aí, apitem.

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 23/06/2019

Aviso:
Contra o uso do Novo acordo Ortográfico.       


Sem comentários:

Enviar um comentário