A
intolerância, seja ela religiosa ou política,
é uma enfermidade que afecta todo o Mundo e é
responsável pelas desavenças e pelas guerras,
que com condescendência, podiam ser evitadas.
(A. Figueiredo)
“SERPENTE
TENTADORA”
(PROCURA-SE)
Serpente
suspeita de ter sido uma “criminosa”, ainda não declarada como tal, até prova em contrário, (é lei cá da “terra”,
que mesmo sendo apanhado com a boca-na-botija, goza de presunção), que deu cabo
da “vidinha” a um pacato e inofensivo eclesiástico Júlio Santos, o Padre
“maroto”, como profere, considerado pessoa de fé bastante solidificada.
Ainda não tenho conhecimento – e não terei
- dos contornos referentes ao sucedido, uma vez que não falei com sacerdote,
mas proponho-me a arengar a minha tese, que pode não passar de uma falácia, não
impedindo, contudo, a sua descrição.
Suponho
que tudo aconteceu quando este se encontrava numa tarde quente a dorminhocar a
sesta, esticado ao comprido (podia ser atravessado), decentemente “vestido”,
com cuecas a substituir a folha de parreira, e na paz dos anjos, naturalmente a
sonhar com Querubins e Serafins, não evitado de quando em vez, um ronco
ressonante, comum a quase todas as boas almas que dormem profundamente
acompanhados de amena paz celestial.
O que pode ter acontecido foi ter sentido,
o toque compassado, mas acetinado, de uma língua bífida de qualquer coisa
“rastejante”, que lhe veio interromper o seu sacro e bem merecido descanso.
Deve ter acordado meio estremunhado. Ainda
ensonado, como é natural, depois de ter esfregado os mirantes com as falanges
dos indicadores dobrados, arregalou bem os olhos, e deve ter ficado incrédulo
ao ver a serpente que “disfarçadamente”, mas com alguma cumplicidade entre
ambos, o havia seguido, a roçar a pele brilhante e macia pelo seu peito
desnudado, gulosa no apetite a preparar-se para o ataque – tentação – e deve
ter pensado:
- Que Deus me perdoe, mas estou feito ao
bife, se não exauro os propósitos libidinosos deste “animal” de cabelos
dourados, em fúria ardente, mas de conivência com o Diabo – deve ter
raciocinado.
Se assim o pensou – é bem provável –
melhor o fez. Deve ter-se atirado à “serpente” com unhas e dentes, numa luta
satânica renhida, até a deixar exausta, quase dominada.
Digo quase, porque ele não deve ter
observado que ela, de tez leitosa e cabelo côr-de-trigo, quando as espigas
estão maduras, mas de espírito maledicente, se fazia acompanhar de um “demoníaco”
instrumento destinado à fotografia, com a qual posteriormente lhe armou uma
cilada, maculando-lhe a imagem e castrando-lhe o “emprego” – outra coisa, não
porque mais tarde poderia vir a fazer falta – mas gerou agora acesa polémica,
perante a incompreensão da sociedade, estigmatizada pela cegueira da
intolerância, a venda que não a deixa capacitar-se de que o homem, só por
escasso momentos de calor, deve ter derretido um pouco a sua fé.
O filho-da-mãe do Diabo, está sempre a
tecê-las. E as serpentes também.
Se virem esta por aí, apitem.
António Figueiredo e Silva
Coimbra, 23/06/2019
Aviso:
Contra
o uso do Novo acordo Ortográfico.
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