“O
SACERDOTE, A SERPENTE E O INCHAÇO”
É
por isso que as serpentes são detestadas pelo Homem e amaldiçoadas por Deus, não
desde o momento, mas após os primeiros dias do alvorecer da Natureza.
Apesar da omnipotência e perfeição que Lhe
são atribuídas, Deus, ao certificar-Se da Sua Obra da Criação, talvez não
tivesse ficado satisfeito com alguns resultados; um deles foi com a criação das
“serpentes” que estão espalhadas por toda a Terra, em todas as sociedades,
sempre prontas através da sua mordedura, a infectar o ser humano; não só o seu
físico, mas também a sua consciência, tentando-o e levando-o a cometer actos
condenados por uns, movidos pela inveja de não poderem ter feito o mesmo; por
outros, por mera selvajaria, e ainda por alguns, que não tendo mais nada para
fazer, consomem o seu tempo a azucrinar a cabeça do “parceiro”, no tanque conspurcado
da lavagem de roupa-suja.
Todos sabemos que no lugar onde uma serpente
morde, a sua mordedura provoca hematoma (inchaço) que resulta em sensações tão dolorosas
que são susceptíveis de fazer com que o ser humano mordido, desnorteie
completamente a tinêta, compelindo-o, ainda que a “contragosto”, ao cabal cumprimento
das funções naturais, para as quais Deus o criou.
Este sacerdote, coitado, hipoteticamente
quando estaria em profunda meditação, foi surpreendido por uma “serpente” loira,
traiçoeira e maliciosa, e se calhar boazona, onde a “fome” carnal se fazia
sentir, que deve ter começado a morder-lhe no lóbulo da orelha direita, uma
parte bastante sensível ao toque, injectando-lhe o veneno da lascívia que lhe
deve ter provocado arrepios em todo o corpo e inchaço em algumas partes,
despertando na sua fé clerical, o sentido latente da procriação. Certamente ao
pensar que os “seus pais já haviam sido expulsos do Paraíso”, remetendo para
ele, como “fraca” herança, o pagamento pelo Pecado Original, não esteve com
meias medidas; perdido por cem, perdido por mil; deve ter posto as mãos, não à obra,
mas na obra, e zás. Deve ter-se agarrado com fúria libidinosa à “serpente”, que
furiosamente a ele se enrolava, não com a intenção de a liquidar, porém para a “atormentar
e amedrontá-la, provocando-lhe o cansaço até ao êxtase, vencendo-a.
Até aqui tudo bem.
Escusava era de ter levantado polémica por
ter postado nas redes sociais, uma “plingrafia” sua, em cuecas, esticado sobre
o “catre” a apanhar banhos de luz, com cara de contentamento pela obra de misericórdia
concluída. Tinha acabado de matar a fome à “serpente” que o tinha ferrado e
poupado a vida ao “animal”, numa manifestação de condescendência e absolvição,
seguindo cegamente as escrituras; “Quando o teu próximo te der uma
bofetada na face, oferece-lhe a outra”.
Quer isto dizer: com uma
face pouco se faz porque existe um desequilíbrio "estético”; mas com duas,
já se faz alguma coisa, porque as partes completam-se mutuamente.
Não porque tivesse ofendido Deus, mas
porque sacudiu os seus compromissos para com a sociedade, “manchando” os usos e
costumes de determinadas camadas que foram mordidas não por uma cobra paradisíaca,
mas por víboras traiçoeiras, cujo veneno faz assomar a inveja, despontar críticas
“telenovélicas” e pasmar a beatice ao interferir no seu fanatismo e no inchaço da”
língua”, cujo antídoto existente é somente o falatório.
Caro Sacerdote, arrume para o lado o que o
Mundo dos Homens não perdoa, porque Deus já lhe perdoou.
No entanto, por questão de segurança, pronuncie
um Acto de Contrição e murmure uma Confissão, que o caso fica arrumado.
Mas ponha-se à tabela; olhe que ela volta
a “atacar”.
“Maldita serpente”.
António Figueiredo e Silva
Coimbra, 23/06/2019
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