Até o Diabo pode
citar as Escrituras
quando isso lhe convém.
(William
Shakespear)
“MOLÉSTIAS”
Não tenho bem a certeza porque não me
vieram parar ao conhecimento quaisquer dados estatísticos sobre o assunto;
talvez seja matéria pela qual o INE (Instituto Nacional de Estatística) não se
interesse.
Também “não me lembro” se alguma vez escrevi
sobre estas enfermidades, e até fico com a sensação de que é muito provável que
já esteja a ser contagiado por uma delas.
O certo é que desconheço se estas
maleitas, pela forma como apresentam a sua germinação, foram importadas para
Portugal ou se foram cá nascidas espontaneamente; refiro-me à Doença de Alzheimer
e a Encefalopatia Espongiforme Bovina (Doença-das-vacas-loucas), que atacaram a
massa cefálica de muitos elementos da nossa classe política, dando como
resultado que agora, coitados, muitos não se lembram do passado e “sem darem
por isso” remeteram “compulsivamente” as asneiras que cometeram, para o pote
sem dimensão, do esquecimento profundo.
Há outra coisa ainda mais estranha! A
nossa justiça aceita estes esquecimentos “doentios” ou intencionados, - ninguém
garante o inverso - como um dado válido para adulterar a lógica do raciocínio
consensual e inquinar a lógica da razão.
Os supostamente implicados em falcatruas e
outros modos corrosivos de actuação onde a licitude se evaporou no espaço e no
tempo dos presumíveis factos, quando são questionados e as interrogações não
lhes “cheiram”, passaram de imediato a socorrer-se de um apurado mimetismo
facial, apresentando umas fisionomias de simplórios (espertos!?) e umas frases
do mesmo quilate, todavia simples, tais como: “não me lembro”, “não estava lá”, “não me recordo se entreguei”, “não
sabia”, “não era o meu pelouro”, “não me lembro”, “não… não tenho memória”, “não
tenho… não tenho nos meus registos“, “só sei que pago pouco!?”, e assim ficamos a saber o mesmo; nada.
Uns porque supostamente no seu cérebro os
neurónios entraram em curto-circuito decorrente do rompimento das baínhas de mielina,
provocando um colapso neuronal; outros porque a mioleira se transformou em uma
espécie de musse – não de chocolate - com consistência esponjosa onde as
funções cognitivas com extrema facilidade se diluem. Esta é aminha análise, mas
pode ser que estas maleitas, que lamentavelmente hajam infectado, os “altruístas”
da nossa sociedade, não sejam mais do que um embuste deliberada e rapidamente
artilhado, que só a psiquiatria pode explicar e os bons advogados consigam
defender.
Todos os que se têm “esquecido das suas
grandes obras”, vivem muitíssimo bem com as suas moléstias, e não perderam até
agora a sua orientação – que eu saiba – para manterem as suas qualidades de
vivência, enquanto o povo, levando vida de cão, observa aparvalhado para o valor
que existe em ser-se, não rico-homem, mas homem rico.
Isto faz lembrar um provérbio judaico que
reza assim: “Se
um problema pode ser resolvido como dinheiro, não é um problema, é um gasto.”
Agora o meu reparo: “Quem o não tiver fica entalado”.
Por tudo o que aqui acabei de dizer, há
uma coisa que o meu raciocínio coloca em causa; a equidade da justiça.
António
Figueiredo e Silva
Coimbra,
08/06/2019
Nota:
não quero fazer uso do
Novo
Acordo Ortográfico.
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