domingo, 9 de junho de 2019

"MOLÉSTIAS"


Até o Diabo pode citar as Escrituras
 quando isso lhe convém.
(William Shakespear)

“MOLÉSTIAS”

Não tenho bem a certeza porque não me vieram parar ao conhecimento quaisquer dados estatísticos sobre o assunto; talvez seja matéria pela qual o INE (Instituto Nacional de Estatística) não se interesse.
Também “não me lembro” se alguma vez escrevi sobre estas enfermidades, e até fico com a sensação de que é muito provável que já esteja a ser contagiado por uma delas.
O certo é que desconheço se estas maleitas, pela forma como apresentam a sua germinação, foram importadas para Portugal ou se foram cá nascidas espontaneamente; refiro-me à Doença de Alzheimer e a Encefalopatia Espongiforme Bovina (Doença-das-vacas-loucas), que atacaram a massa cefálica de muitos elementos da nossa classe política, dando como resultado que agora, coitados, muitos não se lembram do passado e “sem darem por isso” remeteram “compulsivamente” as asneiras que cometeram, para o pote sem dimensão, do esquecimento profundo.
Há outra coisa ainda mais estranha! A nossa justiça aceita estes esquecimentos “doentios” ou intencionados, - ninguém garante o inverso - como um dado válido para adulterar a lógica do raciocínio consensual e inquinar a lógica da razão.
Os supostamente implicados em falcatruas e outros modos corrosivos de actuação onde a licitude se evaporou no espaço e no tempo dos presumíveis factos, quando são questionados e as interrogações não lhes “cheiram”, passaram de imediato a socorrer-se de um apurado mimetismo facial, apresentando umas fisionomias de simplórios (espertos!?) e umas frases do mesmo quilate, todavia simples, tais como: “não me lembro”, “não estava lá”, “não me recordo se entreguei”, “não sabia”, “não era o meu pelouro”, “não me lembro”, “não… não tenho memória”, “não tenho… não tenho nos meus registos“, “só sei que pago pouco!?”,  e assim ficamos a saber o mesmo; nada.
Uns porque supostamente no seu cérebro os neurónios entraram em curto-circuito decorrente do rompimento das baínhas de mielina, provocando um colapso neuronal; outros porque a mioleira se transformou em uma espécie de musse – não de chocolate - com consistência esponjosa onde as funções cognitivas com extrema facilidade se diluem. Esta é aminha análise, mas pode ser que estas maleitas, que lamentavelmente hajam infectado, os “altruístas” da nossa sociedade, não sejam mais do que um embuste deliberada e rapidamente artilhado, que só a psiquiatria pode explicar e os bons advogados consigam defender.   
Todos os que se têm “esquecido das suas grandes obras”, vivem muitíssimo bem com as suas moléstias, e não perderam até agora a sua orientação – que eu saiba – para manterem as suas qualidades de vivência, enquanto o povo, levando vida de cão, observa aparvalhado para o valor que existe em ser-se, não rico-homem, mas homem rico.
Isto faz lembrar um provérbio judaico que reza assim: “Se um problema pode ser resolvido como dinheiro, não é um problema, é um gasto.”
Agora o meu reparo: Quem o não tiver fica entalado”.
Por tudo o que aqui acabei de dizer, há uma coisa que o meu raciocínio coloca em causa; a equidade da justiça.

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 08/06/2019

Nota: não quero fazer uso do
Novo Acordo Ortográfico.




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