“Quem
come do fruto do conhecimento,
é
sempre expulso de algum paraíso.
(Melanie
Klein)
“INTELIGÊNCIA”
ARTIFICIAL
"INTELIGÊNCIA"
ИСКУССТВО
"ARTIFICIAL”
INTELLIGENCE
Não
há nada mais vigoroso para impulsionar a inteligência do Ser Humano rumo à
erudição, do que o reconhecimento da sua própria ignorância. É neste conceito que
assenta toda a investigação científica. Esse espaço repleto de interrogações
que aguçam a sua curiosidade pelo desbravamento do incógnito, que o têm conduzido,
sob a instrumentalização de uma consciência embrutecida, a “brincar com o fogo”,
como se ficasse impune às queimadelas.
É nesse campo obscuro e quiçá acanhado, -
estou crente de que a infinidade tem um limite - que ele tem vindo a cirandar, dando voltas à
sua imaginação, na procura de materializar conceitos em obras de tal magnitude,
que vão culminar numa “carga” com a qual ele não vai poder, acabando por
sucumbir, mais tarde ou mais cedo, sob o peso dos resultados “letais”,
consequentes das suas próprias averiguações.
Como
a “moeda,” tudo o que tem sido “criado” com a ajuda da forja da investigação no
cadinho da curiosidade (científica), se tem apresentado ao Homem, exatamente como
a lua – antes de ser visto o seu lado escuro, como é óbvio; inicialmente apenas
mostra um lado visível, deixando invariavelmente o outro lado condicionado à
surpresa, que poderá ser desagradável e com danos irreparáveis, como até hoje
se tem verificado. O manuseamento do urânio, a cisão e fusão atómicas, que
podem descambar numa guerra nuclear, a descoberta do petróleo cuja alquimia
levou ao aparecimento dos plásticos, com consequência desastrosas visíveis,
como a poluição atmosférica, a contaminação das águas e o aquecimento global,
que constituem uma grave ameaça para a extinção de toda a vida na Terra. Já não
falo nos herbicidas sistémicos (glifosatos), nas armas nucleares e químicas,
nem outras, decorrentes da concretização da fertilidade “insana” da imaginação
do Homem.
Depois de muitas experiências químicas e
materiais, o Ser Humano tem vindo a cavar o buraco para o seu fim, submetendo
ao arrastamento final, toda a vida na terra.
É este paradoxo que determina toda a sua
ignorância: à medida que a ciência avança, a ignorância acompanha - porém
sempre um passo à frente.
A sua principal aspiração, foi a criação
de uma tecnologia à sua imagem e semelhança. Instrumentos que possam
raciocinar, sentir e comunicar, inclusivamente, capazes transmitir emoções.
Isto é, engenhos com miolos electrónicos, porém, com as características do
cérebro humano.
Com o manusear da “pólvora”, é provável
que isso venha a acontecer; aliás, já existe uma enorme aproximação desse sonho
à realidade, do qual sem têm ocupado grandes mioleiras afectas ao conhecimento
científico, numa tentativa de desvendar o empírico - até, com abundante êxito.
Obedecendo a inteligência artificial a uma
programação cuidada e “precisa”, executada com a “máxima segurança” por peritos
na matéria, estes podem ir mais além da sua imaginação, e perderem, sem disso
darem conta, o controlo da situação, com a criação de uma inteligência tendente
à revolta e insensível, que pode insurgir-se contra o seu único criador; o
Homem.
Perante e minha análise, sem a sua
“permissão”, mas com o devido apreço, faço minhas as palavras de Leandro
Karnal: “A cabeça que
encontra a solução, é a mesma que elabora o problema”. É
isto que tem vindo a suceder.
Não podemos ignorar que o Ser Humano, actualmente
já se encontra em grande parte dominado por ela, em que a informática, a
cibernética e a robótica, estão a substituir os “circuitos integrados” da massa
cefálica e a mão de obra gerada pelo indivíduo, relegando este, para a desocupação
intelectual e física. Bem, isto não é ficção, é realidade.
É natural que esta minha reflexão não
passe de um delírio, mas não alimento dúvidas quanto à possibilidade de que este
pensamento não possa vir a materializar-se, transformando o Ser Humano num
escravo dessa “inteligência artificial”, fruto de sua própria criação.
Será presumivelmente, “O DIA DO JUIZO
FINAL” - há muito profetizado.
E apenas restará “a terra, vã, informe e vazia”, como mais uma partícula viajando
sem rumo, através do espaço sideral.
António Figueiredo e Silva
Coimbra, 22/06/2019
Apontamento:
Continuo a considerar o Novo Acordo
Ortográfico, um atentado à nossa Língua.
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