sábado, 22 de junho de 2019

“INTELIGÊNCIA” ARTIFICIAL "INTELIGÊNCIA" ИСКУССТВО "ARTIFICIAL” INTELLIGENCE


“Quem come do fruto do conhecimento,
é sempre expulso de algum paraíso.
(Melanie Klein)


“INTELIGÊNCIA” ARTIFICIAL
"INTELIGÊNCIA" ИСКУССТВО
"ARTIFICIAL” INTELLIGENCE

Não há nada mais vigoroso para impulsionar a inteligência do Ser Humano rumo à erudição, do que o reconhecimento da sua própria ignorância. É neste conceito que assenta toda a investigação científica. Esse espaço repleto de interrogações que aguçam a sua curiosidade pelo desbravamento do incógnito, que o têm conduzido, sob a instrumentalização de uma consciência embrutecida, a “brincar com o fogo”, como se ficasse impune às queimadelas.
É nesse campo obscuro e quiçá acanhado, - estou crente de que a infinidade tem um limite -  que ele tem vindo a cirandar, dando voltas à sua imaginação, na procura de materializar conceitos em obras de tal magnitude, que vão culminar numa “carga” com a qual ele não vai poder, acabando por sucumbir, mais tarde ou mais cedo, sob o peso dos resultados “letais”, consequentes das suas próprias averiguações.
 Como a “moeda,” tudo o que tem sido “criado” com a ajuda da forja da investigação no cadinho da curiosidade (científica), se tem apresentado ao Homem, exatamente como a lua – antes de ser visto o seu lado escuro, como é óbvio; inicialmente apenas mostra um lado visível, deixando invariavelmente o outro lado condicionado à surpresa, que poderá ser desagradável e com danos irreparáveis, como até hoje se tem verificado. O manuseamento do urânio, a cisão e fusão atómicas, que podem descambar numa guerra nuclear, a descoberta do petróleo cuja alquimia levou ao aparecimento dos plásticos, com consequência desastrosas visíveis, como a poluição atmosférica, a contaminação das águas e o aquecimento global, que constituem uma grave ameaça para a extinção de toda a vida na Terra. Já não falo nos herbicidas sistémicos (glifosatos), nas armas nucleares e químicas, nem outras, decorrentes da concretização da fertilidade “insana” da imaginação do Homem.
Depois de muitas experiências químicas e materiais, o Ser Humano tem vindo a cavar o buraco para o seu fim, submetendo ao arrastamento final, toda a vida na terra.
É este paradoxo que determina toda a sua ignorância: à medida que a ciência avança, a ignorância acompanha - porém sempre um passo à frente.
A sua principal aspiração, foi a criação de uma tecnologia à sua imagem e semelhança. Instrumentos que possam raciocinar, sentir e comunicar, inclusivamente, capazes transmitir emoções. Isto é, engenhos com miolos electrónicos, porém, com as características do cérebro humano.
Com o manusear da “pólvora”, é provável que isso venha a acontecer; aliás, já existe uma enorme aproximação desse sonho à realidade, do qual sem têm ocupado grandes mioleiras afectas ao conhecimento científico, numa tentativa de desvendar o empírico - até, com abundante êxito.
Obedecendo a inteligência artificial a uma programação cuidada e “precisa”, executada com a “máxima segurança” por peritos na matéria, estes podem ir mais além da sua imaginação, e perderem, sem disso darem conta, o controlo da situação, com a criação de uma inteligência tendente à revolta e insensível, que pode insurgir-se contra o seu único criador; o Homem.
Perante e minha análise, sem a sua “permissão”, mas com o devido apreço, faço minhas as palavras de Leandro Karnal: “A cabeça que encontra a solução, é a mesma que elabora o problema”. É isto que tem vindo a suceder.
Não podemos ignorar que o Ser Humano, actualmente já se encontra em grande parte dominado por ela, em que a informática, a cibernética e a robótica, estão a substituir os “circuitos integrados” da massa cefálica e a mão de obra gerada pelo indivíduo, relegando este, para a desocupação intelectual e física. Bem, isto não é ficção, é realidade.  
É natural que esta minha reflexão não passe de um delírio, mas não alimento dúvidas quanto à possibilidade de que este pensamento não possa vir a materializar-se, transformando o Ser Humano num escravo dessa “inteligência artificial”, fruto de sua própria criação.
Será presumivelmente, “O DIA DO JUIZO FINAL” -  há muito profetizado.
E apenas restará “a terra, vã, informe e vazia”, como mais uma partícula viajando sem rumo, através do espaço sideral.

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 22/06/2019

Apontamento:
 Continuo a considerar o Novo Acordo
 Ortográfico, um atentado à nossa Língua.

    

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