“Somos todos
iguais perante a lei, mas não
perante os encarregados de fazê-las cumprir.
(S. Jerzy Lec)
FISCAIS
DE PIRISCAS
(Um
forte odor ao tão censurado salazarismo)
Antes
de começar a matraquear, quero declarar que não fumo. Isto só para dizer que sou
neutro quanto ao que vou a argumentar acerca da “beatice cigarrética”, sobre a
qual foram agora aprovadas na Assembleia da República, medidas RÍGIDAS para
varrer radicalmente as “beatas” de cigarro dos espaços públicos, por onde
circulam ou tostam a epiderme esticados na areia, pacatos “cidadões” virtuosos
e sem vícios; não só por causa disso, mas também para não contaminar o planêta,
com metais pesados – mais pesados do que a consciência de quem legisla.
Porém, estas medidas não começam em um salamim,
mas num alqueire, isto é, não de vinte ou trinta euros, mas de quinhentos
euros, como fasquia mínima; em minha opinião, este
episódio é “ridículo” e ultrapassa o bom senso, que devia ser evidenciado na
mona de quem legisla e aprova.
Quer dizer que houve um regresso ao tempo
de Salazar, (que no meio de muitos exageros, também tinha muitas coisas boas,),
com a aplicação de fortes coimas, para infracções simples, como atirar uma “beata”
de cigarro p’ra riba dos “imaculados” espaços públicos que temos.
Pasme-se! Quinhentos euros, multa mínima!
Porra!? Quer dizer que qualquer cidadão que inadvertidamente arremesse uma
pirisca para chão, está “desgraçado”; sujeito a ficar sem dinheiro para colocar
comida na mesa da família se a tiver, evidenciando, com é inteligível, a fasquia
do ordenado mínimo nacional.
Isto é de loucos. Eu não posso dizer que
gosto. Apenas me limito a dizer, por entre um leonino ranger de dentes, que
está “certo” - porque a lei a isso me obriga.
Quando se tomam medidas repressivas, estas
devem ter em conta vários factores a ponderar que pelo “crime” cometido, para
que as suas consequências não ultrapassem uma carga com a qual o “animal” não
aguente.
E agora perguntarão, o que terá isto a ver
com o antigo governo de António Salazar, que “todos” titulam de ditador. Não é
difícil provar tal analogia; recorro às multas que na altura pagava quem não
tinha a merdosa de uma LICENÇA DE ISQUEIRO.
Quer dizer, naquele tempo andavam os
fiscais dos isqueiros, como felinos atrás dos incautos; agora uma fiscalização
análoga vai passar a andar atrás das “beatas” (piriscas).
Estas “cenas”, legalizadas é certo, fazem-me
crer que está a haver uma repetição dos valores daquele tempo. Só que
actualmente são criados os direitos e os deveres com uma filosofia diferente;
os direitos para quem cria e os deveres para quem paga.
Eu bem digo que estamos perante uma
democracia encapotada; aparentemente em letargia a ressonar, mas de vez em
quando vai arreganhando a dentição num sonho onde flutua a aspiração de nos dar
cabo da vida.
Por causa desta medida, venho sugerir ao
Governo, liderado pelo “ilustre” Archiministro António Costa, que já pode
diminuir o desemprego com a criação de mais postos de trabalho, na
Administração Pública, com nomes sonantes como Inspectores Perseguidores de
Piriscas – Fiscais é corriqueiro, e por isso desprezível.
É apenas uma ideia. Decerto um parecer
bastante alienado, contudo, é-o na razão directa da grandeza mínima da multa a
aplicar, por um crime que parece ser invocado como sendo de “lesa-majestade”.
“Nem tanto ó mar, nem tanto à serra”.
António Figueiredo e Silva
Coimbra, 16/06/2019
www.antoniofsilva.blogspot.com
Nota: Não consigo atinar com o
Novo
Acordo (des)Ortográfico.
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