“Os
ladrões de bens particulares, passam
a vida na prisão e acorrentados;
os de bens públicos, nas riquezas e nos
honrarias”.
(Catão)
ERA
SÓ O QUE FALTAVA
Até
que em fim. Só decorridos onze anos é que a vaca pariu um grande vitelo. Foi
muito tempo. Durante tão longo período e perante a gravidez de risco, muito me
admiro não ter abortado, como tem sucedido com alguns.
Se tivesse
sido um cidadão qualquer, o parto ter-se-ia dado em menos tempo e o sistema
punitivo teria sido mais célere e mais reforçado. E disso não duvido.
Este citadino é condenado a cinco anos de prisão
efectiva, alegadamente por ter realizado “obras de misericórdia” com o dinheiro
da algibeira dos outros; perante os factos comprovados, a justiça, de ôlho
aberto e sem venda, não credibilizou os argumentos de defesa de réu, aplicando,
a meu ver, uma punição bastante leve (mera opinião minha) para o caso em apreço;
agora o encarcerado diz-se inocente. É natural; se a consciência dele o diz e
ele divulga, é porque é “verdade”.
Nesse caso, é absurdo; e mais do que isso, é
uma “injustiça”, encafuarem um “inocente” numa cadeia, ainda que essa tenha
sido já reabilitada há poucos anos, para receber outros “inocentes” que por lá
passaram e hão-de continuar a passar, que fazem parte dos elementos constituintes
da nossa apodrecida “elite”. Caramba, a justiça é cega, ou quê? – vou mais pelo
“ou quê”.
Como tal, pelo “ou quê”, o que é que um presidiário
pode esperar da hospedagem que lhe é “oferecida” gratuitamente, à custa da
sociedade, a não ser um sacrifício com a privação da sua liberdade sob estrita
regulamentação? Esta é apenas uma forma de pagar – parte – um preço simbólico das
falcatruas reais que cometeu, com a imposição de determinadas limitações que
não usufruiria do lado de fora. Se assim não fosse, todos gostariam de estar na
“geleira”.
Nem
um computador pode ter – lamenta. É muito aborrecido, realmente, porque isso
permitir-lhe-ia “comandar as tropas” no exterior. E mesmo que lhe fosse concedida
essa regalia sem acesso à internet, havia sempre a possibilidade de passar umas “pen” para o exterior, com aulas de estratégia
financeira obscura, o que não seria conveniente, porque já temos fardo que
basta.
Que vá rabiscando à mão e lendo uns
livritos de Agatha Christie, que são verdadeiras vitrinas de exposição criminal.
Isso dá para matar o tempo enquanto não
aparece companhia – que não deve ser
cumprido integralmente por bom comportamento na sua merecida estadia.
António Figueiredo e Silva
Coimbra, 15/06/2019
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