Os
piores males que a Humanidade já teve de suportar
foram infligidos por maus governos.
(Ludwig
von Mises)
ANTEVIDÊNCIA
(Visão
de um “bruxo” de meia-tigela)
Transversalmente
exceptuando alguns apóstolos fieis às suas convicções – não tenho nada a ver
com isso -, a maioria dos portugueses não confia em nenhum dos nossos sistemas
partidários. Disso é prova evidente, a massiva abstenção nas recentes eleições
direccionadas “Palramento” Europeu, a
panela onde são confecionados os cozinhados tendentes a lixar o mais pequeno.
Contudo, no que concerne ao “jejum”, este
deu-se porque qualidade da palavra dos nossos políticos está completamente
desacreditada; não tem passado de uma verborreia papagueada, orientada por um
papel previamente gatafunhado, - por vezes não pelo próprio - à laia de pauta
musical, para escamotear e realidade do que raciocinam no momento, quando essa
competência lhes falta. Seja como for, são mestres na execução de boas peças
teatrais que, pela sua acção repetitiva e populista, o Zé Povinho, na sua
estrondosa maioria desmoralizado, já deixou de comprar “bilhete para o evento”
como foi demonstrado do passado dia 26/05/2019; setenta por cento de “bico
calado”, é muita fruta. Além de ser muita fruta, é também uma reacção de
repúdio à podridão presente nos meandros da política deste país.
Este desinteresse, a que chamo desleixo
mental, que anda a minar grande parte da cabeça das massas, pode vir a
representar um perigo nacional com consequências desastrosas, só porque os
portugueses não manifestam na totalidade a sua vontade, com recurso ao
sufrágio, que é livre e sigiloso – por enquanto.
Estou crente de que em todas as facções
partidárias há manipulações, corrupção, jogos de interesses, abuso de poder,
falta de responsabilidade, tráfico de influências, incumprimento de
compromissos, isenção de senso, falcatruas e outros “animaizinhos” criados pela
ambição desmedida, que nem o mais potente vermífugo consegue debelar
inteiramente. No entanto é possível minimizar a sua proliferação, se não nos
remetermos ao abstencionismo como forma de retaliação. Essa forma de revolta não
representa mais do que um “deixa andar,
façam o que entenderem, é lá com eles, que se f@dam, estou-me nas tintas,”
etc.; estes pensamentos, quando transportados para a realidade, concedem, ainda
que nos pareça encapotado, um assentimento, embora reactivo, que vai beneficiar
aqueles que à priori nunca faltam a expressar a sua opinião, ratificando-a
presencial e documentalmente.
Setenta por cento de abstencionismo é profundamente
temerário e indesejável. Os portugueses têm de expurgar o ranho das narinas, enfiar
o indicador pelo seu interior adentro até chegar à mioleira e tentarem mudar de
ideias manualmente, se de outra forma não conseguem.
Temos o governo que temos, bom ou mau, não
me apetece questionar, mas os resultados da governação ou desgovernação estão à
vista e pela aragem reactiva que paira no ambiente da sociedade portuguesa,
quer parecer-me que é mais a segunda hipótese do que a primeira.
Perante a minha aquilatação, nenhum
partido deve ser senhor absoluto dos destinos de uma nação. Tem de haver um
freio, um açaimo, uma força opositora, livre de interesses ideológicos cujo
suporte seja a merda do fanatismo, esse terrífico fantasma que tem dado cabo de
tudo por onde tem passado.
Isto não são lérias, são coisas graves que
a nós incumbe decidir. É certo que quando escolhemos, esperamos uma renovação
para melhor, mas isto não nos arreda a possibilidade de que não possamos vir a
sofrer uma desilusão; porém só tentando o saberemos.
Um
só partido num governo, ainda que apregoe a democracia, o fim da pobreza, a
criação de emprego, mais regalias sociais, o cu lavado com água-de-malvas,
etc., essa ladainha costumeira que todos conhecemos, pode descambar numa
ditadura, onde o dia-a-dia será difícil de digerir e demora muitos anos a
diluir.
É evidente que tendo em conta a minha
vetustez e pelo que já presenciei ao longo do meu percurso existencial,
gostaria de deixar um país melhor para os mais novos, (futuros velhotes), mas,
como tenho a noção de que sozinho não posso fazê-lo, apelo a todos os
portugueses que me auxiliem nesta tarefa, utilizando o voto eleitoral como um
composto de herbicida/pesticida, para erradicar as ervas daninhas e os
parasitas que infestam a estrutura da nossa comunidade e corroem as rédeas que
nos podem guiar.
Outubro está aí. Não digam que este
“bruxo” não avisou com tempo. Abram, já não digo olhos, porque alguns
infelizmente podem ser invisuais, mas as mentes, que em todos é uma
característica comum.
Francamente não gostaria de ver entrar por
aqui dentro algo semelhante a um anoitecer, com um por-do-sol avermelhado a
marcar o fundo longínquo do horizonte!
Outubro chega rápido.
Se nessa altura ainda conservar o meu
lugar entre os vivos e meu norteamento não se houver extraviado, tenciono fazer
a repetição deste artigo.
António Figueiredo e Silva
Coimbra, 10/06/2019
Obs:
Ainda contra o Novo Acordo Ortográfico.
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