segunda-feira, 10 de junho de 2019

"ANTEVIDÊNCIA"


Os piores males que a Humanidade já teve de suportar
 foram infligidos por maus governos.
(Ludwig von Mises)


ANTEVIDÊNCIA
(Visão de um “bruxo” de meia-tigela)

Transversalmente exceptuando alguns apóstolos fieis às suas convicções – não tenho nada a ver com isso -, a maioria dos portugueses não confia em nenhum dos nossos sistemas partidários. Disso é prova evidente, a massiva abstenção nas recentes eleições direccionadas “Palramento” Europeu, a panela onde são confecionados os cozinhados tendentes a lixar o mais pequeno.
Contudo, no que concerne ao “jejum”, este deu-se porque qualidade da palavra dos nossos políticos está completamente desacreditada; não tem passado de uma verborreia papagueada, orientada por um papel previamente gatafunhado, - por vezes não pelo próprio - à laia de pauta musical, para escamotear e realidade do que raciocinam no momento, quando essa competência lhes falta. Seja como for, são mestres na execução de boas peças teatrais que, pela sua acção repetitiva e populista, o Zé Povinho, na sua estrondosa maioria desmoralizado, já deixou de comprar “bilhete para o evento” como foi demonstrado do passado dia 26/05/2019; setenta por cento de “bico calado”, é muita fruta. Além de ser muita fruta, é também uma reacção de repúdio à podridão presente nos meandros da política deste país.
Este desinteresse, a que chamo desleixo mental, que anda a minar grande parte da cabeça das massas, pode vir a representar um perigo nacional com consequências desastrosas, só porque os portugueses não manifestam na totalidade a sua vontade, com recurso ao sufrágio, que é livre e sigiloso – por enquanto.
Estou crente de que em todas as facções partidárias há manipulações, corrupção, jogos de interesses, abuso de poder, falta de responsabilidade, tráfico de influências, incumprimento de compromissos, isenção de senso, falcatruas e outros “animaizinhos” criados pela ambição desmedida, que nem o mais potente vermífugo consegue debelar inteiramente. No entanto é possível minimizar a sua proliferação, se não nos remetermos ao abstencionismo como forma de retaliação. Essa forma de revolta não representa mais do que um “deixa andar, façam o que entenderem, é lá com eles, que se f@dam, estou-me nas tintas,” etc.; estes pensamentos, quando transportados para a realidade, concedem, ainda que nos pareça encapotado, um assentimento, embora reactivo, que vai beneficiar aqueles que à priori nunca faltam a expressar a sua opinião, ratificando-a presencial e documentalmente.
Setenta por cento de abstencionismo é profundamente temerário e indesejável. Os portugueses têm de expurgar o ranho das narinas, enfiar o indicador pelo seu interior adentro até chegar à mioleira e tentarem mudar de ideias manualmente, se de outra forma não conseguem.
Temos o governo que temos, bom ou mau, não me apetece questionar, mas os resultados da governação ou desgovernação estão à vista e pela aragem reactiva que paira no ambiente da sociedade portuguesa, quer parecer-me que é mais a segunda hipótese do que a primeira.
Perante a minha aquilatação, nenhum partido deve ser senhor absoluto dos destinos de uma nação. Tem de haver um freio, um açaimo, uma força opositora, livre de interesses ideológicos cujo suporte seja a merda do fanatismo, esse terrífico fantasma que tem dado cabo de tudo por onde tem passado.
Isto não são lérias, são coisas graves que a nós incumbe decidir. É certo que quando escolhemos, esperamos uma renovação para melhor, mas isto não nos arreda a possibilidade de que não possamos vir a sofrer uma desilusão; porém só tentando o saberemos.
 Um só partido num governo, ainda que apregoe a democracia, o fim da pobreza, a criação de emprego, mais regalias sociais, o cu lavado com água-de-malvas, etc., essa ladainha costumeira que todos conhecemos, pode descambar numa ditadura, onde o dia-a-dia será difícil de digerir e demora muitos anos a diluir.
É evidente que tendo em conta a minha vetustez e pelo que já presenciei ao longo do meu percurso existencial, gostaria de deixar um país melhor para os mais novos, (futuros velhotes), mas, como tenho a noção de que sozinho não posso fazê-lo, apelo a todos os portugueses que me auxiliem nesta tarefa, utilizando o voto eleitoral como um composto de herbicida/pesticida, para erradicar as ervas daninhas e os parasitas que infestam a estrutura da nossa comunidade e corroem as rédeas que nos podem guiar.
Outubro está aí. Não digam que este “bruxo” não avisou com tempo. Abram, já não digo olhos, porque alguns infelizmente podem ser invisuais, mas as mentes, que em todos é uma característica comum.
Francamente não gostaria de ver entrar por aqui dentro algo semelhante a um anoitecer, com um por-do-sol avermelhado a marcar o fundo longínquo do horizonte!
Outubro chega rápido.
Se nessa altura ainda conservar o meu lugar entre os vivos e meu norteamento não se houver extraviado, tenciono fazer a repetição deste artigo.

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 10/06/2019

Obs: Ainda contra o Novo Acordo Ortográfico.

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