domingo, 7 de abril de 2019

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Nem a arte nem a literatura têm de nos dar lições de moral.
Somos nós que temos de nos salvar, e isso só é possível com
 uma postura de cidadania ética, ainda que isto possa soar
 a antigo e anacrónico.
(José Saramago)

O facciosismo não tem porta aberta
para permitir a entrada da ética.
(A.   Figueiredo)

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Terá a mesma interpretação que chafurdar, para os que, sem princípios alguns, aparvalhadamente se arrogam a tentar fazê-lo, alardeando nada mais do que a baixeza do ridiculismo comportamental que os embrulha.
Começam pelas provocações baixas e com alguma ligeireza descem aos insultos, que nada têm de construtivo, a não ser certificar a personalizada torpeza deles próprios; como se isso não fosse suficiente, ainda preenchem a capacidade mórbida do ataúde da cobardia que os agasalha, com ameaças veladas que, graças à polissemia da nossa língua, são fáceis de descortinar.  
Mas, iluminados por uma inocência tísica que não chegou a atingir a maturidade, fazem-no com aparente desembaraço porque não enxergam mais do que a centimétrica distância que os separa do monitor. Alguns, que reconhecem essa deformidade, legitimam-na ao encortelharem-se na caracoleira enfezada do anonimato, o seu universo de eleição, onde a fraqueza, como principal factor, lhes alimenta a frouxidão do seu ego desmembrado.  
É lamentável dizê-lo, contudo, independentemente da sua suposta cultura, - mais suinicultura do que cultura – não passam de uns verdadeiros pategos, que não são dignos da consideração dos elementos da comunidade onde estão encaixados. Como tal, por estas razões e ainda outras que ficam por dizer, porque entendo que este parafraseado é suficiente para lhes causar um dilúvio cerebral, seguido de uma soltura intestinal, não merecem quaisquer observações. Será o mesmo que – plagiando – “dar pérolas a porcos”, ou confiança a indivíduos com má formação - sendo que alguns, ao que parece, deviam tê-la, consequência de alguma formatura cabulada, o que lamentavelmente em nada os obsequia.
Porém não deixo de dizer que, comentar é saudável, quando feito com ponderação, educação e desprendido de quaisquer fundamentalismos. O comentário aberto, não é mais do que a materialização livre de uma de uma reflecção que poderá estar certa ou errada, estando por isso sujeita a contraposições divergentes, que devem ser aceites e mastigadas; mesmo que no nosso entender não tencionemos seguir a sua lógica doutrinal, é nosso dever aceitá-las e respeitá-las, porque são tidas como ideias válidas para quem as pensou e exibiu.
É certo que quem comenta insultuosamente e com advertências de pocilga, almeja coagir os outros a pensarem da mesma forma que eles, atitudes estas, que não contemplam de maneira nenhuma, o diálogo aberto e liberal; como tal, a contestação mais inteligente que merecem é… resposta nenhuma; porque, pela ridícula, porca, agressiva ou imoral natureza dos comentários, estes são “incomentáveis”.

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 07/04/2019

Nota: continuo resistente às normas
do Novo Acordo Ortográfico.

   

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