Nem a arte nem a
literatura têm de nos dar lições de moral.
Somos nós que
temos de nos salvar, e isso só é possível com
uma postura de cidadania ética, ainda que isto
possa soar
a antigo e anacrónico.
(José
Saramago)
O
facciosismo não tem porta aberta
para
permitir a entrada da ética.
(A.
Figueiredo)
COMENTAR
Começam pelas provocações baixas e com
alguma ligeireza descem aos insultos, que nada têm de construtivo, a não ser
certificar a personalizada torpeza deles próprios; como se isso não fosse
suficiente, ainda preenchem a capacidade mórbida do ataúde da cobardia que os
agasalha, com ameaças veladas que, graças à polissemia da nossa língua, são
fáceis de descortinar.
Mas, iluminados por uma inocência tísica
que não chegou a atingir a maturidade, fazem-no com aparente desembaraço porque
não enxergam mais do que a centimétrica distância que os separa do monitor.
Alguns, que reconhecem essa deformidade, legitimam-na ao encortelharem-se na
caracoleira enfezada do anonimato, o seu universo de eleição, onde a fraqueza,
como principal factor, lhes alimenta a frouxidão do seu ego desmembrado.
É lamentável dizê-lo, contudo,
independentemente da sua suposta cultura, - mais suinicultura do que cultura –
não passam de uns verdadeiros pategos, que não são dignos da consideração dos
elementos da comunidade onde estão encaixados. Como tal, por estas razões e
ainda outras que ficam por dizer, porque entendo que este parafraseado é
suficiente para lhes causar um dilúvio cerebral, seguido de uma soltura
intestinal, não merecem quaisquer observações. Será o mesmo que – plagiando –
“dar pérolas a porcos”, ou confiança a indivíduos com má formação - sendo que
alguns, ao que parece, deviam tê-la, consequência de alguma formatura cabulada,
o que lamentavelmente em nada os obsequia.
Porém não deixo de dizer que, comentar é
saudável, quando feito com ponderação, educação e desprendido de quaisquer
fundamentalismos. O comentário aberto, não é mais do que a materialização livre
de uma de uma reflecção que poderá estar certa ou errada, estando por isso
sujeita a contraposições divergentes, que devem ser aceites e mastigadas; mesmo
que no nosso entender não tencionemos seguir a sua lógica doutrinal, é nosso
dever aceitá-las e respeitá-las, porque são tidas como ideias válidas para quem
as pensou e exibiu.
É certo que quem comenta insultuosamente e
com advertências de pocilga, almeja coagir os outros a pensarem da mesma forma
que eles, atitudes estas, que não contemplam de maneira nenhuma, o diálogo
aberto e liberal; como tal, a contestação mais inteligente que merecem é… resposta
nenhuma; porque, pela ridícula, porca, agressiva ou imoral
natureza dos comentários, estes são “incomentáveis”.
António Figueiredo e Silva
Coimbra, 07/04/2019
Nota: continuo resistente às normas
do
Novo Acordo Ortográfico.
Sem comentários:
Enviar um comentário