Eu
consigo ser bom em quase tudo o que faço.
Mas
em cozinha, eu sou um desastre.
(Ewerton
Único)
Aldrabão!?
(A.
Figueiredo)
ESTAMOS
“BEM” SERVIDOS
(Arte
culinária)
A
minha consciência obriga a que eu confesse este meu fraquinho: admiro a personalidade
multifacetada do nosso Primeiro-ministro.
Estamos bem servidos!
A sensação que eu tinha de que na “caçoila”
da política havia quem fizesse bons cozinhados, foi agora certificada pela
“agradável” presença do nosso Primeiro-ministro António Costa, na estação
televisiva SIC, no programa da apresentadora Cristina Ferreira.
“Empunhando” uma arma branca”, maior do
que o permitido por lei, um facalhão, com bastante “destreza” e constrangida
descontracção, lá deu o seu “show”
direcionado à manipulação da peixeirada, ou seja, cataplana de peixe, à semelhança
do manuseamento da política, que, para o meu gosto, não tem saído tão apurada
como o acepipe que certamente alvitrou e com mestria, se propôs a confeccionar.
Iniciou os preparativos com o descasque de
batatas, cebolas e outros adubos que achou convenientes, como tomates e
coentros, regados com um fio grosso de azeite de azeite português, com a intenção
de cozinhar uma boa comida que, posso dizê-lo, é um assombro
gastronómico a nível mundial. Pendurado pelas alças de um avental
branco, com Cristina no peito, mesmo sem o barrete alvo de cozinheiro, fez uma
óptima demonstração dos seus dotes, até então ignorados pelos portugueses.
Fazendo um à parte: em todo o ritual
culinário, o que me prendeu mais a atenção foi a maneira como ele agarrou os
tomates com algum desprezo - pode ter sido ilusão minha - e, com golpes de mestre os cortou às rodelas,
com equivalente grossura; a formalidade que ali faltou, de facto, ou é da minha
pancada puritana, foi vê-lo descascar alhos, mas isso pouca importância tem
para o efeito desejado. Peixe é peixe, e política é política; se bem que sejam
muito semelhantes, existe uma diferença que se reflete no seu sabor, porque um
deles tem-me feito amargar um bocado.
Verifico, pois, que além do nosso
Primeiro-ministro ter nascido para a política, em cujo papel, a meu ver, tem
sido mais artista do que actor, tem embutida na sua construção corpórea o gene
culinário, que fez questão de demonstrar, naturalmente aproveitando o evento
como azagaia ou arma de arremesso, para um empreendimento de aquisição populista,
da qual se tem vindo a arredar com grande celeridade. Se não o conseguir, irá
ficar com muito tempo para dar largas à sua imaginação, dedicando-se aos mais
diversos “cozinhados”, nos bastidores sombrios do partido, entretimento para o
qual denota colossal habilidade – ou não se tivesse dedicado à política. Ou então
reformar-se com a mísera reforma por lei, (injusta), atribuída aos deputados, porque
já deve ter mais de oito “dolorosos” anos de serviços prestados à governação ou
desgovernação - no fundo vai dar ao mesmo - deste endémico país. Mas, é assim mesmo que se faz – quer dizer, que
se conquista.
Quero, pois, apresentar as minhas congratulações
ao nosso Primeiro-ministro
António Costa pela maneira hábil com que
consegue fundir a política com a gastronomia, particularidade que não é para
toda a gente.
Aproveitando
a energia cinética da embalagem, desejava também aconselhá-lo, acaso isso me
seja consentido, que tome bem conta do “tacho” e da chama que o aquece, porque,
ou é do meu nariz, ou cheira-me muito a esturro.
Quero alertar que, apesar do conteúdo aqui
exarado ter andado alguns dias em conserva, ainda não está impróprio para
consumo, e, para concluir, os meus parabéns.
António
Figueiredo e Silva
Coimbra,
09/03/2019
Nota: continuo em desacordo com as
regras do Novo Acordo
Ortográfico, e…
ponto final.
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