sábado, 9 de março de 2019

ESTAMOS “BEM” SERVIDOS


Eu consigo ser bom em quase tudo o que faço.
Mas em cozinha, eu sou um desastre.
(Ewerton Único)

Aldrabão!?
(A.   Figueiredo)


ESTAMOS “BEM” SERVIDOS
(Arte culinária)

A minha consciência obriga a que eu confesse este meu fraquinho: admiro a personalidade multifacetada do nosso Primeiro-ministro.  
Estamos bem servidos!
A sensação que eu tinha de que na “caçoila” da política havia quem fizesse bons cozinhados, foi agora certificada pela “agradável” presença do nosso Primeiro-ministro António Costa, na estação televisiva SIC, no programa da apresentadora Cristina Ferreira.
“Empunhando” uma arma branca”, maior do que o permitido por lei, um facalhão, com bastante “destreza” e constrangida descontracção, lá deu o seu “show” direcionado à manipulação da peixeirada, ou seja, cataplana de peixe, à semelhança do manuseamento da política, que, para o meu gosto, não tem saído tão apurada como o acepipe que certamente alvitrou e com mestria, se propôs a confeccionar.
Iniciou os preparativos com o descasque de batatas, cebolas e outros adubos que achou convenientes, como tomates e coentros, regados com um fio grosso de azeite de azeite português, com a intenção de cozinhar uma boa comida que, posso dizê-lo, é um assombro gastronómico a nível mundial. Pendurado pelas alças de um avental branco, com Cristina no peito, mesmo sem o barrete alvo de cozinheiro, fez uma óptima demonstração dos seus dotes, até então ignorados pelos portugueses.
Fazendo um à parte: em todo o ritual culinário, o que me prendeu mais a atenção foi a maneira como ele agarrou os tomates com algum desprezo - pode ter sido ilusão minha -  e, com golpes de mestre os cortou às rodelas, com equivalente grossura; a formalidade que ali faltou, de facto, ou é da minha pancada puritana, foi vê-lo descascar alhos, mas isso pouca importância tem para o efeito desejado. Peixe é peixe, e política é política; se bem que sejam muito semelhantes, existe uma diferença que se reflete no seu sabor, porque um deles tem-me feito amargar um bocado.
Verifico, pois, que além do nosso Primeiro-ministro ter nascido para a política, em cujo papel, a meu ver, tem sido mais artista do que actor, tem embutida na sua construção corpórea o gene culinário, que fez questão de demonstrar, naturalmente aproveitando o evento como azagaia ou arma de arremesso, para um empreendimento de aquisição populista, da qual se tem vindo a arredar com grande celeridade. Se não o conseguir, irá ficar com muito tempo para dar largas à sua imaginação, dedicando-se aos mais diversos “cozinhados”, nos bastidores sombrios do partido, entretimento para o qual denota colossal habilidade – ou não se tivesse dedicado à política. Ou então reformar-se com a mísera reforma por lei, (injusta), atribuída aos deputados, porque já deve ter mais de oito “dolorosos” anos de serviços prestados à governação ou desgovernação - no fundo vai dar ao mesmo - deste endémico país.  Mas, é assim mesmo que se faz – quer dizer, que se conquista.
Quero, pois, apresentar as minhas congratulações ao nosso Primeiro-ministro
 António Costa pela maneira hábil com que consegue fundir a política com a gastronomia, particularidade que não é para toda a gente.
Aproveitando a energia cinética da embalagem, desejava também aconselhá-lo, acaso isso me seja consentido, que tome bem conta do “tacho” e da chama que o aquece, porque, ou é do meu nariz, ou cheira-me muito a esturro.
Quero alertar que, apesar do conteúdo aqui exarado ter andado alguns dias em conserva, ainda não está impróprio para consumo, e, para concluir, os meus parabéns.



António Figueiredo e Silva
Coimbra, 09/03/2019

Nota: continuo em desacordo com as
regras do Novo Acordo Ortográfico, e…
ponto final.


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