sexta-feira, 1 de março de 2019

“DERRAPAIGES” (Derrapagens)


Não encaro a política como uma carreira,
 nem sequer como uma profissão; encaro-a
 efectivamente, como correspondência
 a um dever de cidadania.
(Sá Carneiro, 03/04/1978)

“DERRAPAIGES”
(Derrapagens)

Há momentos, por distracção minha e por culpa dum dono canídeo que há minutos devia ter passado com um seu “familiar” preso à trela, escorreguei num monte de bosta, e, se não era ágil a agarrar-me ao gradeamento do muro que ladeava a rua, espatifava o meu rico corpinho, já de si bem subsidiado de mazelas, graças a Deus e à minha idade, que não perdoam.
Parece ser um malicioso princípio para este artigo, mas, foi devido a este pequeno incidente, pelo facto de ter sido originado por um pequeno monte de caca, que se me assomou à “lembradura” versar sobre o montão de merda que tem surgido nas várias derrapagens económicas, donde, após “duras” investigações, não sobrevêm responsáveis.
O Tribunal de Contas, é que tem dado conta destas borradas, e não têm sido tão insignificantes como possamos pensar.
Estou fartinho de dizer que é muito fácil governar o que não nos pertence, e muito mais simples se torna, quando não subsistem quaisquer responsabilidades por uma incompetente gerência administrativa da nossa estrutura económica.
Das duas uma: ou as nossas leis desfrutam de um funcionamento deficiente – que é o mais certo – ou as investigações às trapaças são travadas pela influência das variegadas cores partidárias que voejam neste território, e, quando lhes chega a mostarda ao nariz, inventam no mais profundo sigilo, as maneiras mais ardilosas de impedirem o seu normal andamento – isto também é exequível.
Eu posso reflexionar tudo, o que não poderei é divulgá-lo com a mesma facilidade.
Estas histórias das “escorregadelas”, que têm sido muitas, não me fazem acreditar que tenham vindo a ser decorrentes de montes de bosta – como a mim sucedeu - que apareceram pelo caminho aos seus governadores, mas sim, provocados por amontoados de “merda” da grossa que fizeram durante as suas administrações deficientes, zelando, não pelo bem-estar da comunidade, mas pelos seus interesses, em detrimento desta.
A meu ver, um Estado forte não pode administrar um povo pelas opiniões de um só partido; deve sim, adotar uma independência absoluta, isenta de compadrios e “pagamentos” de alcavalas àqueles que, por conveniência ardilosa, contribuíram com solidez material para que o poder lhe fosse conferido a determinada facção partidária; se assim não for, a maior parte do elenco está subjugada ao controlo de um poder mafioso que vem do exterior, e isso é mau; e é mau, porque o governo não governa. 
Agora pergunto, se é que ainda me é permitido questionar – digo isto porque a censura já anda por aí em azêdo silêncio a arreganhar as favecas: qual a razão porque aqueles que sendo indicados, concordam e se prontificam a assumir as missões que lhes foram confiadas, com honestidade e competência, não hão de ser responsabilizados quando se arredam destas duas características e fazem borrada para nós expurgarmos e mudarmos as fraldas, transferindo e impondo, das formas mais hábeis, as consequências das responsabilidades “fracassadas”, para nós?
Se na aplicação das sanções instituídas no código regulamentar não houvesse interferências exógenas, ai… não havia prisões suficientes para alojar tantos malabaristas.
Aqui fica a questão e responda quem souber.

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 01/03/2019

Obs: ainda não fiz as pazes com
o novo Acordo Ortográfico
     

Sem comentários:

Enviar um comentário