Engana-se quem
pensa que o carnaval é somente
um espetáculo de
desfiles alegóricos, fantasias,
música e cores. O
carnaval, infelizmente, hoje
também é a
concentração de imbecilidade por
metro quadrado
jamais vista. Um espetáculo triste,
de promiscuidade,
irresponsabilidade e…
(Publicado
em: RECORTES por:
Reiane Borges)
“A
CONQUISTA”
(Carnaval)
Insólito,
porém, verdadeiro.
Os portugueses, descobriram o Brasil com
recurso a caravelas. Colonizaram-no, industrializaram-no, exploraram-no e
fizeram daquela região sul americana uma grande nação, da qual todos os
brasileiros se podem orgulhar.
Contudo, em toda a medalha existe, infalivelmente,
uma outra face, que por variadas razões escapa à nossa percepção – mas é quase
sempre assim – e quando é exposta, com o decorrer do tempo, deparamos com
realidades que nos surpreendem.
Isto para dizer que um outro lado da
medalha surgiu com uma forma de “descoberta territorial e conquista”, ao mesmo
tempo impregnadas de natureza “colonizadora” no que concerne à mesclagem dos
nossos hábitos tradicionais. Essa descoberta foi a ”recente” descoberta de
Portugal pelo Brasil. Primeiro com o Novo Acordo Ortográfico Luso-brasileiro,
para ensinar o “pai” a falar; segundo, com a instilação das festas
carnavalescas, distintas daquele país de clima equatorial, onde se sente, com
justa razão, que a roupagem é um inconveniente perante o abrasamento hostil com
que o sol castiga, obrigando o “bumbum” (brasileirismo) feminino,
a uma dança imersa em graciosidade e requintada lascívia, abanando como uma
ciranda e a rodopiar como um pião liberto da guita, ao ritmo sonoro das cuícas,
dos pandeiros e do rufar das caixas, semelhante a gansos a grasnar, numa
exultação transcendente que ultrapassa o realidade e o sentido da vida. Lá é
assim, porque as condições climáticas a isso proporcionam.
Foi com recurso a estes artifícios, sem
necessitar de caravelas ou a outros meios de transporte, que o Brasil, país
irmão que adoçou a língua portuguesa com a melodia que caracteriza seu sotaque,
descobriu Portugal e a fraqueza dos portugueses pela dança afro-brasileira e na
linguística – nesta última, nem todos.
Foi corrigindo a escrita e sambando, que,
devagarinho, o Brasil encetou cavalgando na sua cultura, a entrada apoteótica
neste cantinho banhado pelo oceano Atlântico, tendo sido bem recebido (até
concordo), pelos indígenas cá existentes, também ostentando missangas e emplumados
de cores diversas, que anualmente exibem numa demonstração de força fraca e
alguma demência, tremelicando conjuntamente com o frenético abanar dos presuntos
femininos, treinados em escolas de samba – que já existem - num corajoso
desafio às intempéries reinantes nesta época do ano e exposição burlesca da sua
fraqueza de espírito foliador, que não tem nada a ver com a erudição ancestral –
é natural que eu desfrute dum conhecimento atrofiado mas…
Se o Brasil se lembra de exportar para cá
uma fatia do clima que o cobre, isto vai ser de arromba.
É
muito provável que dê p´ra sambar todo o ano.
“Bibó” samba!!!
António Figueiredo e Silva
Coimbra, 05/03/2019
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