terça-feira, 5 de março de 2019

“A CONQUISTA” (Carnaval)


Engana-se quem pensa que o carnaval é somente
um espetáculo de desfiles alegóricos, fantasias,
música e cores. O carnaval, infelizmente, hoje
também é a concentração de imbecilidade por
metro quadrado jamais vista. Um espetáculo triste,
de promiscuidade, irresponsabilidade e…
(Publicado em: RECORTES por: Reiane Borges)


“A CONQUISTA”
(Carnaval)

Insólito, porém, verdadeiro.
Os portugueses, descobriram o Brasil com recurso a caravelas. Colonizaram-no, industrializaram-no, exploraram-no e fizeram daquela região sul americana uma grande nação, da qual todos os brasileiros se podem orgulhar.
Contudo, em toda a medalha existe, infalivelmente, uma outra face, que por variadas razões escapa à nossa percepção – mas é quase sempre assim – e quando é exposta, com o decorrer do tempo, deparamos com realidades que nos surpreendem.
Isto para dizer que um outro lado da medalha surgiu com uma forma de “descoberta territorial e conquista”, ao mesmo tempo impregnadas de natureza “colonizadora” no que concerne à mesclagem dos nossos hábitos tradicionais. Essa descoberta foi a ”recente” descoberta de Portugal pelo Brasil. Primeiro com o Novo Acordo Ortográfico Luso-brasileiro, para ensinar o “pai” a falar; segundo, com a instilação das festas carnavalescas, distintas daquele país de clima equatorial, onde se sente, com justa razão, que a roupagem é um inconveniente perante o abrasamento hostil com que o  sol castiga,  obrigando o “bumbum” (brasileirismo) feminino, a uma dança imersa em graciosidade e requintada lascívia, abanando como uma ciranda e a rodopiar como um pião liberto da guita, ao ritmo sonoro das cuícas, dos pandeiros e do rufar das caixas, semelhante a gansos a grasnar, numa exultação transcendente que ultrapassa o realidade e o sentido da vida. Lá é assim, porque as condições climáticas a isso proporcionam.
Foi com recurso a estes artifícios, sem necessitar de caravelas ou a outros meios de transporte, que o Brasil, país irmão que adoçou a língua portuguesa com a melodia que caracteriza seu sotaque, descobriu Portugal e a fraqueza dos portugueses pela dança afro-brasileira e na linguística – nesta última, nem todos.
Foi corrigindo a escrita e sambando, que, devagarinho, o Brasil encetou cavalgando na sua cultura, a entrada apoteótica neste cantinho banhado pelo oceano Atlântico, tendo sido bem recebido (até concordo), pelos indígenas cá existentes, também ostentando missangas e emplumados de cores diversas, que anualmente exibem numa demonstração de força fraca e alguma demência, tremelicando conjuntamente com o frenético abanar dos presuntos femininos, treinados em escolas de samba – que já existem - num corajoso desafio às intempéries reinantes nesta época do ano e exposição burlesca da sua fraqueza de espírito foliador, que não tem nada a ver com a erudição ancestral – é natural que eu desfrute dum conhecimento atrofiado mas…
Se o Brasil se lembra de exportar para cá uma fatia do clima que o cobre, isto vai ser de arromba.
 É muito provável que dê p´ra sambar todo o ano.
“Bibó” samba!!!

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 05/03/2019



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