quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

SER IMPORTANTE


Quem se rende à vaidade e não se entrega à
 reflexão, com o tempo invejará aquele que
 se entregou à meditação.
(Textos Budistas)


SER IMPORTANTE

Quando o sol já se afogou no horizonte e a noite começa a estender o seu manto pardo, a melatonina inicia o seu embalo exaustivo, muitas vezes em vão, para que eu adormeça, mas… sou especialista em noites mal dormidas; é no aconchego seu silêncio, quando os cães não latem ou algum alienado de mota com escape e cabeça sem miolo, não faz tremer os meus tímpanos, que consigo chafurdar em meditações de caca, para conceber conclusões com algum nexo. É um bocado amargurado reflectir, quando me assolam o pensamento questões que não lembram ao Diabo, mas apostam em esmurrar a porta do meu juízo, que me parece já não ser muito.
Há uns tempitos para cá que tenho andado com uma questão entre o martelo e a bigorna, para chegar a uma conclusão que se me aparenta paradoxal, mas sinto que determina perfeitamente uma realidade dos nossos dias. Maluquices minhas.
O que é ser importante?!
Eu penso que existem várias formas de ser (parecer) importante:
1 - Por genuína parvoíce, e falta de conhecimento de si próprios - mas, julgam-se “importantes”.
2 - Por que a importância lhe é concedida por pessoas de abalroada ou duvidosa importância - mas, julgam-se “importantes”
3 - Porque a sua parte material submete a realidade ao fingimento, atribuindo à vénia um sentido de obrigatoriedade, que só os parvos, os ignorantes e os mentalmente incapacitados acreditam - ressalvando deste conceito, os necessitados que a isso são coagidos pelas circunstâncias da vida - mas, julgam-se “importantes”.
Além de outos factores com peso na contagem, mas menos importantes, cheguei à conclusão de que pode ser-se importante sem importância alguma; porque o ser-se importante – é importante que se saiba – assenta num sistema angular de relação, cuja amplitude pode variar em função da importância pensada, da importância atribuída e da importância real, que até pode ser igual a zero.
É até bastante vulgar encontrar-se uns bons quilates de importância em pessoas que parecem não ter importância alguma, mas que realmente denotam qualidades fora do comum., que incontestavelmente lhe atribuem alguma importância. Assim como o oposto, também é inegável; podemos deparar, como é evidente, com figuras importantes que, quando se inicia a exploração ao seu intelecto, podemos confirmar que o lugar da importância se encontra vazio de conteúdo, ou deteriorado pelo carcoma do auto-convencimento maleitoso.
Por estas razões, se é que possam ter algum valor, termino a pensar que afinal, ninguém é importante; somos todos um monte de burgaus, e cada ajuíza-se como sendo o calhau do topo; contudo, quando factos procedentes da obscuridade fazem estremecer o amontoado de pedras da importância, muitos calhaus rolam e passam para baixo, ficando sem importância alguma.
É natural que eu esteja errado, porém, é este o resultado da minha análise que, sendo boa ou má e passível de sujeição a críticas, que pessoalmente pouco me afectam, porque a minha linha de pensamento continuará a ser mesma, e procuro centrá-la sempre nos carris da uniformidade que levam à razão. Pelo menos, assim o penso, e creio que:

A superior importância, reside na simplicidade e na gratidão.

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 23/01/2019

Nota: caros ledores, continuo
excomungar o novo Acordo Ortográfico.    

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