Quem se rende à
vaidade e não se entrega à
reflexão, com o tempo invejará aquele que
se entregou à meditação.
(Textos
Budistas)
SER
IMPORTANTE
Quando
o sol já se afogou no horizonte e a noite começa a estender o seu manto pardo, a
melatonina inicia o seu embalo exaustivo, muitas vezes em vão, para que eu
adormeça, mas… sou especialista em noites mal dormidas; é no aconchego seu
silêncio, quando os cães não latem ou algum alienado de mota com escape e
cabeça sem miolo, não faz tremer os meus tímpanos, que consigo chafurdar em meditações
de caca, para conceber conclusões com algum nexo. É um bocado amargurado reflectir,
quando me assolam o pensamento questões que não lembram ao Diabo, mas apostam
em esmurrar a porta do meu juízo, que me parece já não ser muito.
Há uns tempitos para cá que tenho andado
com uma questão entre o martelo e a bigorna, para chegar a uma conclusão que se
me aparenta paradoxal, mas sinto que determina perfeitamente uma realidade dos
nossos dias. Maluquices minhas.
O que é ser importante?!
Eu penso que existem várias formas de ser
(parecer) importante:
1 - Por genuína parvoíce, e falta de
conhecimento de si próprios - mas, julgam-se “importantes”.
2 - Por que a importância lhe é concedida
por pessoas de abalroada ou duvidosa importância - mas, julgam-se “importantes”
3 - Porque a sua parte material submete a realidade
ao fingimento, atribuindo à vénia um sentido de obrigatoriedade, que só os
parvos, os ignorantes e os mentalmente incapacitados acreditam - ressalvando
deste conceito, os necessitados que a isso são coagidos pelas circunstâncias da
vida - mas, julgam-se “importantes”.
Além de outos factores com peso na contagem,
mas menos importantes, cheguei à conclusão de que pode ser-se importante sem
importância alguma; porque o ser-se importante – é importante que se saiba –
assenta num sistema angular de relação, cuja amplitude pode variar em função da
importância pensada, da importância atribuída e da importância real, que até
pode ser igual a zero.
É até bastante vulgar encontrar-se uns bons
quilates de importância em pessoas que parecem não ter importância alguma, mas
que realmente denotam qualidades fora do comum., que incontestavelmente lhe
atribuem alguma importância. Assim como o oposto, também é inegável; podemos
deparar, como é evidente, com figuras importantes que, quando se inicia a exploração
ao seu intelecto, podemos confirmar que o lugar da importância se
encontra vazio de conteúdo, ou deteriorado pelo carcoma do auto-convencimento
maleitoso.
Por estas razões, se é que possam ter
algum valor, termino a pensar que afinal, ninguém é importante; somos todos um
monte de burgaus, e cada ajuíza-se como sendo o calhau do topo; contudo, quando
factos procedentes da obscuridade fazem estremecer o amontoado de pedras da importância,
muitos calhaus rolam e passam para baixo, ficando sem importância alguma.
É natural que eu esteja errado, porém, é
este o resultado da minha análise que, sendo boa ou má e passível de sujeição a
críticas, que pessoalmente pouco me afectam, porque a minha linha de pensamento
continuará a ser mesma, e procuro centrá-la sempre nos carris da uniformidade
que levam à razão. Pelo menos, assim o penso, e creio que:
A
superior importância, reside na simplicidade e na gratidão.
António Figueiredo e Silva
Coimbra, 23/01/2019
Nota: caros ledores, continuo
excomungar
o novo Acordo Ortográfico.
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