O SILÊNCIO МОЛЧАНИЕ THE SILENCE DIE STILLE சகிப்புத்தன்மை
entrar em controvérsias desnecessárias.
(Autor desconhecido)
Nem sempre; por
vezes consiste num desabafo de
palermice para arrolhar a cegueira intelectual
e a incompetência.
(Figueiredo)
O
SILÊNCIO
МОЛЧАНИЕ
THE SILENCE
DIE STILLE
சகிப்புத்தன்மை
No
mundo de hoje, as pessoas cruzam-se fria e silenciosamente com se não fizessem
parte de uma comunidade onde a coexistência, por princípio, deveria ser
valorizada em primeiro plano. Em silêncio sepulcral, com exacerbado masoquismo,
optam por se amortalharem na manta de linho das suas emoções, simulando que
nada sentem, enquanto os seus dilemas em frenético tumulto lhe encarquilham a
meditação.
Actualmente, corolário de uma ambição
anormal que impulsiona o indivíduo para a competitividade social, as criaturas
tornaram-se extremamente frias e egoístas, espezinhando o seu semelhante com
incidente ostracismo, como forma - enganadora, claro – de abicharem uma posição
de relevo na comunidade onde estão inseridas, e acabam por irem desta para melhor
(?), sem jamais terem existido.
Contudo, o silêncio e a frieza não
constituem as formas mais inteligentes de dar a volta às questões problemáticas
que lhes ciliciam a vida e lhes tolhem a razão. Quem for dotado de capacidade
para ler o silêncio alheio, vai descobrir segredos que não lhe dizem respeito,
é certo, mas descobre certamente as razões dessa indolência, dessa indiferença
e dessa insensibilidade, que restringem as pessoas a uma angustiada
introversão, a fonte principal de uma demência em curso, que muitas vezes acaba
por se materializar no seu extremo.
Na maior parte das ocasiões, ao silêncio,
à apatia e muitas vezes ao desapego – simulado – estão subjacentes configurações
de sofrimento recalcadas de um passado turbulento, e a indiferença não é mais
do que uma estratégia para a continuidade da vivência perante uma sociedade que
é fria, crítica, tendenciosamente maléfica e invejosa.
No império do silêncio, não é verdade que ele
exerça uma soberania absoluta; ele é povoado por perturbações diversas em
persistente discórdia entre si, que transformam a existência de quem
interioriza, numa contenda infernal, entre o ressentimento, a ambição, a fúria
e a desconfiança, que combatem entre si como os Quatro Cavaleiros do
Apocalipse, resultando normalmente desta batalha, a vingança retaliativa, sem
peso nem medida, porque o intelecto ao rubro, perdeu parte ou todo seu poder psicanalítico
e o critério se esvaiu.
Aquele que se submete ao silêncio, vive
prisioneiro de uma existência que ele não deseja, mas que o medo do fracasso
lhe impõe, como uma fuga à realidade, em que volume vai crescendo na razão
directa dessa mesma indolência, cujo limite será uma depressão, ou até mesmo a
demência em absoluto.
Não é tarefa fácil optar pela indolência,
sendo por isso opção que deve ser bem “mastigada” antes de ingerida, na medida
em que o seu desfecho pode ser antagónico e transportar no ventre resultados terríveis,
se não mesmo, catastróficos.
Penso que devemos atirar para fora alguns
dos sentimentos que mais nos flagelam, sem olharmos às censuras, todavia, se
surgirem, encará-las com coragem e, manejando a espada da nossa frontalidade, submetê-las
ao gume afiado da razão, rompendo deste modo o silêncio que nos atormenta.
Toda esta ladainha, para quê?
Só
para dizer que, ser inteligente não é esconder-se por detrás do silêncio a
fermentar uma apatia revoltada, mas enfrentar a realidade e todas as
adversidades que dela possam resultar.
Como
costuma dizer-se: atrás de um portão*,
qualquer cão ladra.
António
Figueiredo e Silva
Coimbra,
19/01/2019
www.antoniofsilva.blogspot.com
*Leia-se:
silêncio.
Atenção: por ser “burro” e teimoso, não estou
a
favor do novo Acordo Ortográfico.
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