segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

CARTA ABERTA AO MINISTRO DAS FINANÇAS (PORTUGAL)


CARTA ABERTA AO MINISTRO DAS FINANÇAS
(PORTUGAL)
ОТКРЫТОЕ ПИСЬМО МИНИСТРУ ФИНАНСОВ
(ПОРТУГАЛИЯ)
OPEN LETTER TO THE MINISTER OF FINANCE
(PORTUGAL)
BRIEF AN DEN MINISTER DER FINANZIERUNG
(PORTUGAL)


Exmo. Sr.
Mário José Gomes de Freitas Centeno
“Ilustre” Ministro das Finanças do meu País

Como hoje, aliás como quase sempre, consagrei uns momentos deste belo dia hibernal, porém alumiado por um sol radiante que, apesar do frio ser uma realidade que muitos não podem atenuar porque o preço dos materiais de combustão e da energia eléctrica, não têm tido contenção no aumento do seu custo, que devia ser ajustado na proporção do quarto minguante do “crescimento” da nossa “florescente” economia, mas sinto que, pelo cotão empilhado nos meus bolsos, isso não haja acontecido.
Mediante as aquilatações alegadas por V. Exa. no que concerne à economia de Portugal, argumenta que tem vindo a crescer – nas maleitas, penso eu – com uma pujança “cobiçável”, apresentando-se contemporaneamente como uma economia invejavelmente (de)crescente, em relação, não a quaisquer, porém a todos os países desta Europa - mais cá  no nosso cantinho, onde a exploração do graúdo pela arraia-miúda, a corrupção e a sansão penal por compadrio, jogam na mesma equipa e tanto os árbitros como os juízes de linha, são “untados” para serem ceguêtas.
Este continente encontra-se enfermo de moléstias sarapintadas e universalizadas, que o reumatismo económico e outros achaques vão acabar por emperrá-la e dela tomarem conta temporariamente, até que os elementos mais “dorminhocos” da sociedade abram a pestana e encetem uma Tomada da Bastilha.
Na verdade, é natural que se questione V. Exa, sobre o que me coage a espalhar p’ráqui esta mísera enxertia vocabular, cavacada entre o parôlo e o intelectual, o anedótico e a realidade; é tão só uma tentativa – que poderá sair frustrada – de saber como é que o Sr. Ministro conseguiu tal proeza economicista, que para os nossos parceiros se tornou inalcançável.
Muito gostaria, se o Sr. Ministro assim o entender, que conciliasse uns parcos minutos do seu “árduo e alcantilado trabalho”, e me e referenciasse algumas doutrinas armazenadas na “vasta cartilha” de ensinamentos sobre economia que suponho deve possuir, e me ensinasse como conseguiu tal feito, depois de haver sido indigitado para cumprir a “ingrata” missão de fazer a gestão de um fosso económico escorregadio, num país de tolos.
Peço isto porque, na minha abóbora, apesar de inflada de vazio, ainda esvoaçam sem refrigério, três reflexões que obstinam em provocar-me um curto circuito neuronal e eu adoraria deveras, colmatar esta afronta. Como é manifesto, sem a prestimosa coadjuvação de V. Exa. não irei a lado algum, vindo, portanto, solicitar colaboração que, ainda no fundo do horizonte da ilusão, me possa vir a ser dispensada.
A dúvida, é que andam a vagabundear no interior da minha argamassa cefálica, realmente portadora de algum vácuo, mas um vácuo aparente, três interrogações em titânico conflito que não me têm deixado pregar ferrar-o-galho; é nesses espaços de vigília que me ponho a matutar em coisas que não lembram ao Diabo - a quem, de vez em quando também deve ser incendiado um círio. Nunca sabemos de quem vamos precisar.
Então pensei: da forma que isto andava, da maneira que isto vai e da configuração que V. Exa. apresenta – garante - que isto está, das três manias que me assaltam, almejava conservar só com uma e ficar a saber mais alguma coisita sobre o escorregável cosmos financeiro, que por certo o Sr. Ministro estará cabalmente inteirado, porque é, ou foi considerado o “Melhor Ministro das Finanças da Europa” em 2018 – as minhas felicitações.
Ora bem, as interrogações são estas: não sei se deva comparar V. Exa. a Jesus Cristo que, iluminado pela Omnipotência Divina, multiplicou um pão e uns peixes em muitos “côdeas” e muitos peixes, para alimento de uma multidão faminta, até restar paparoca para botar no caixote do lixo, ou se deva aproximar V. Exa. do feito ardiloso de Deu-la-Deu Martins, que enganou os castelhanos aquando do cerco a Monção (Minho), quando, do cimo das muralhas do castelo, desborcou uns de açafates de  pão já com cheiro a bafio, seguido de um pregão, “aqui há pão para der e vender”, ou ainda, se o feito que diz ter conseguido – se realmente conseguiu - não se deve uma grande capacidade de prestidigitação.
Se puder ajudar, ficar-lhe-ei muito grato.
Antecipadamente apresento as minhas mais crédulas desculpas a V. Exa. por esta minha boçal e invulgar pretensão, e ficarei na ilusão, ainda que temporária, de uma resposta plena, onde constem os requisitos necessários ao preenchimento das minhas dúvidas concernentes à economia portuguesa.
Atentamente.

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 05/01/2019

Advertência: ainda não estou em anuência
com o novo acordo ortográfico.  


  
  

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