Não há factos
eternos, assim como
não
há verdades absolutas.
(Friedrich
Nietzsche)
A
ETERNIDADE EXISTE?
ВЕЧНОСТЬ
СУЩЕСТВУЕТ?
ETERNITY
EXIST?
EXISTIERT
ETERNITY?
நித்தியம் நீடிக்கும்?
Será
que a eternidade existe, ou não passará de uma ilusão humana, como forma de
mitigar o pavor do desconhecido, para o qual a morte o brinda com o respectivo
bilhete de ida sem regresso?
É um enigma que me tem dado muito que reflectir.
Bem, perante os meus conhecimentos
rudimentares, sei que a matéria cósmica não altera a sua massa, podendo, no
entanto, sofrer variação na sua densidade. Pois bem:
Tudo o que aparenta não mexer, desde o
minúsculo grão de areia ao maior calhau, no seu âmago existe frenético movimento,
controlado pela maior força da Natureza, denominada - Força de Interacção Forte.
Sendo esse movimento interno que lhes confere a estrutura que os compõe e lhes
imprime a aparência com que se nos apresentam a ôlho nu, ou com recurso a
aparelhagem da mais alta e delicada tecnologia. Tudo aquilo mexe, ou melhor
dizendo, que tem vida, no seu interior usufrui da mesma essência estructural
igual à de tudo o que não mexe; contudo, estes dois estados, um aparentemente
estático e outro realmente dinâmico – aos nossos sentidos - ambos contabilizam
a massa inalterável do universo, do qual fazem parte integrante. Assim sendo, o
muito que podem surgir, e surgem, são mutações que não vão alterar a massa
cósmica, mas sim conferir-lhe outra forma de energia, que será equivalente à
massa transformada. É devido essa transformação de matéria em energia e
vice-versa, que o universo tem vida; logo movimento, mantendo, porém, a sua
massa constante.
Ora, este estado comutativo da matéria,
tem o seu tempo determinado, isto é, por analogia, tem os seus dias contados;
ou seja, existe naturalmente um espaço temporal para que as substâncias se transformem
entre si, partindo do fim para o começo, um o inverso, fazendo isto ciclicamente.
A morte é precisamente o prelúdio dessa
transformação material, que, ultrapassando os nossos conhecimentos, não deixa
por isso de seguir os ciclos cósmicos que acima referi.
Logo, por conseguinte, a eternidade
existe, muito embora em estado de matéria diferente, todavia sob a imposição de
uma dualidade complementar entre os diversos estados, que dessas transformações
possam emergir.
Da não existência de movimento e
transformação, resultaria o nada absoluto, e como pode ser constatado, isso não
aconteceu, tanto mais, que eu estou aqui e tenho a percepção de tudo o que me
rodeia.
Agora, a única realidade eterna de que
tenho conhecimento, é o tempo; é o único factor que se mantém sem princípio nem
fim, inalterável, sereno e quieto, a ver passar toda esta cegarrega que, bem ou
mal, acabei de expor. Esse, sim; não tem ciclos, não tem princípio nem tem fim.
Nele reside a eternidade no seu estado absoluto.
Depois deste “preâmbulo”, considero o ser
humano, como parte do Universo cujo estado de matéria é na realidade um
universo em si mesmo, onde tudo se move e modifica com precisão cronométrica,
conquanto que, submetido a rigorosa subordinação às leis da exactidão Universal,
a fontanário da sua existência.
É evidente que a Criatura, no meio de toda
a Grandeza Universal, desfruta uma Essência Anímica que faz dela um ser
pensante e através da qual, monitoriza o seu auto-controlo através de um centro
de comando que dá ordens com recurso a um complexo sistema neuronal; pode
controlar as suas emoções e os seus movimentos, sendo por isso considerado
neste minúsculo planêta - à escala cósmica - um ser responsável pela sua
conduta, - à escala comunitária – no meio onde se encontra “hospedado”.
Quando a Inércia Natural decorrente do
buliçoso sistema Universal, bloqueia toda a cinética dos componentes da sua
estrutura material, fazendo deste modo desagregar essa força anímica - alma – o
corpo fica inerte aos nossos sentidos, mas não destituído de movimento interno;
a partir desse instante, inicia o seu estágio de transformação, concedendo vida
a outras a outras formas de vida; quer isto dizer, novas formas de matéria,
novas formas de energia, provando deste modo que existe vida no outro lado, não
tal e qual a conhecemos.
É esta sequência que me faz crer que a
eternidade existe; sendo, porém, uma “afirmação” notável sei que as dúvidas
ainda minam terreno.
A concluir: quer seja através do factor
tempo, quer seja através da transformação da matéria, a eternidade existe, mas…
melhor do que a veia filosófica, ou dos resultados das investigações
científicas, a única realidade que certifica é a fé individual.
António Figueiredo e Silva
Coimbra, 25/01/2018
Atenção: recuso-me a utilizar as normas
do novo Acordo Ortográfico.
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