sábado, 26 de janeiro de 2019

A ETERNIDADE EXISTE? ВЕЧНОСТЬ СУЩЕСТВУЕТ? ETERNITY EXIST?


Não há factos eternos, assim como
não há verdades absolutas.
(Friedrich Nietzsche)

A ETERNIDADE EXISTE?

ВЕЧНОСТЬ СУЩЕСТВУЕТ?
ETERNITY EXIST?
EXISTIERT ETERNITY?
நித்தியம் நீடிக்கும்?

Será que a eternidade existe, ou não passará de uma ilusão humana, como forma de mitigar o pavor do desconhecido, para o qual a morte o brinda com o respectivo bilhete de ida sem regresso?
É um enigma que me tem dado muito que reflectir.
Bem, perante os meus conhecimentos rudimentares, sei que a matéria cósmica não altera a sua massa, podendo, no entanto, sofrer variação na sua densidade. Pois bem:
Tudo o que aparenta não mexer, desde o minúsculo grão de areia ao maior calhau, no seu âmago existe frenético movimento, controlado pela maior força da Natureza, denominada - Força de Interacção Forte. Sendo esse movimento interno que lhes confere a estrutura que os compõe e lhes imprime a aparência com que se nos apresentam a ôlho nu, ou com recurso a aparelhagem da mais alta e delicada tecnologia. Tudo aquilo mexe, ou melhor dizendo, que tem vida, no seu interior usufrui da mesma essência estructural igual à de tudo o que não mexe; contudo, estes dois estados, um aparentemente estático e outro realmente dinâmico – aos nossos sentidos - ambos contabilizam a massa inalterável do universo, do qual fazem parte integrante. Assim sendo, o muito que podem surgir, e surgem, são mutações que não vão alterar a massa cósmica, mas sim conferir-lhe outra forma de energia, que será equivalente à massa transformada. É devido essa transformação de matéria em energia e vice-versa, que o universo tem vida; logo movimento, mantendo, porém, a sua massa constante.
Ora, este estado comutativo da matéria, tem o seu tempo determinado, isto é, por analogia, tem os seus dias contados; ou seja, existe naturalmente um espaço temporal para que as substâncias se transformem entre si, partindo do fim para o começo, um o inverso, fazendo isto ciclicamente.
A morte é precisamente o prelúdio dessa transformação material, que, ultrapassando os nossos conhecimentos, não deixa por isso de seguir os ciclos cósmicos que acima referi.
Logo, por conseguinte, a eternidade existe, muito embora em estado de matéria diferente, todavia sob a imposição de uma dualidade complementar entre os diversos estados, que dessas transformações possam emergir.
Da não existência de movimento e transformação, resultaria o nada absoluto, e como pode ser constatado, isso não aconteceu, tanto mais, que eu estou aqui e tenho a percepção de tudo o que me rodeia.
Agora, a única realidade eterna de que tenho conhecimento, é o tempo; é o único factor que se mantém sem princípio nem fim, inalterável, sereno e quieto, a ver passar toda esta cegarrega que, bem ou mal, acabei de expor. Esse, sim; não tem ciclos, não tem princípio nem tem fim. Nele reside a eternidade no seu estado absoluto.
Depois deste “preâmbulo”, considero o ser humano, como parte do Universo cujo estado de matéria é na realidade um universo em si mesmo, onde tudo se move e modifica com precisão cronométrica, conquanto que, submetido a rigorosa subordinação às leis da exactidão Universal, a fontanário da sua existência.
É evidente que a Criatura, no meio de toda a Grandeza Universal, desfruta uma Essência Anímica que faz dela um ser pensante e através da qual, monitoriza o seu auto-controlo através de um centro de comando que dá ordens com recurso a um complexo sistema neuronal; pode controlar as suas emoções e os seus movimentos, sendo por isso considerado neste minúsculo planêta - à escala cósmica - um ser responsável pela sua conduta, - à escala comunitária – no meio onde se encontra “hospedado”.
Quando a Inércia Natural decorrente do buliçoso sistema Universal, bloqueia toda a cinética dos componentes da sua estrutura material, fazendo deste modo desagregar essa força anímica - alma – o corpo fica inerte aos nossos sentidos, mas não destituído de movimento interno; a partir desse instante, inicia o seu estágio de transformação, concedendo vida a outras a outras formas de vida; quer isto dizer, novas formas de matéria, novas formas de energia, provando deste modo que existe vida no outro lado, não tal e qual a conhecemos.
É esta sequência que me faz crer que a eternidade existe; sendo, porém, uma “afirmação” notável sei que as dúvidas ainda minam terreno.
A concluir: quer seja através do factor tempo, quer seja através da transformação da matéria, a eternidade existe, mas… melhor do que a veia filosófica, ou dos resultados das investigações científicas, a única realidade que certifica é a fé individual.

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 25/01/2018
Atenção: recuso-me a utilizar as normas
 do novo Acordo Ortográfico.


Sem comentários:

Enviar um comentário