quarta-feira, 8 de agosto de 2018

O EUCALIPTO


A falta de critério é mais
destrutiva do que  o fogo.
(A. Figueiredo)

O EUCALIPTO

Antes de encetar a escrevinhação sobre esta árvore actualmente tão odiada, por ser a única culpada das catástrofes incineradoras que têm vindo a assolar o nosso território, e o repositório de toda a raiva de toda a raiva contida nas pessoas atingidas pelos fogos e dos interessados pelos mesmos, devo afirmar com toda a convicção, que não sou dono de qualquer exploração “industrializada de eucaliptos”, nem nada que a isso se assemelhe. Como tal, sou insuspeito perante o que aqui vou dissertar, que é susceptível de “rachar” muitas cabeças.
Esta árvore é originária da Oceania, mais propriamente da Austrália – existente em 90% das terras daquele país - e também da Indonésia; uma das suas particularidades, dentre outras, é ajudar a na diminuição da devastação das florestas naturais aonde são plantadas. Outra das suas vantagens, que me parece agradável, é a sua inferior retenção de água, que permite que esta chegue ao solo mais rapidamente, e ter também uma evaporação mais baixa para a atmosfera, ao contrário da maior parte das árvores de florestas naturais, portadoras de umas copas de superior densidade.
Apesar das suas raízes poderem atingir entre dois metros a dois metros e meio de profundidade, não chegam por isso aos lençóis freáticos, resultando num consuma de água mais baixo do que muitas das outras árvores.
Do eucalipto, além da celulose empregada no fabrico de papel, também é utilizado em farmacologia, na composição de expectorantes e antioxidantes e essências diversas.
Os entendidos (?) no assunto, dizem que 9% do território nacional é ocupado pelo eucalipto; poderá ser certo, mas os pinheiros as touregas (urzes), mimosas, giestas, carqueja, o mato (tojo), que certamente são o grosso da mancha verde de Portugal com características inflamáveis fortes, são também a cobertura todas as serranias e abrigo da biodiversidade, no entanto ninguém fala disso; antes pelo contrário, passam um pano por cima e estigmatizam o eucalipto; ainda não percebi bem porquê, mas algo de tendencioso está nos bastidores da investigação e no seu esclarecimento.
Nesta fanática desvirtualização, algo de faccioso existe, que ultrapassa os meus sentidos.
Então os pinheiros, cedros, e os pinheiros-nórdicos, que são resinosos, as oliveiras, oleaginosas, não são altamente inflamáveis?
Concluo, e não é necessário saber mais, que todo arvoredo, arbustos e matos rasteiros, são matérias inflamáveis, susceptíveis também de lançar para o ar faúlhas incandescentes. Devemos por isso "rapar" o nosso território?
Agora, consequência de um radicalismo exacerbado com contornos fundamentalistas, imputam com evidenciado drama, as culpas das catástrofes incineradoras que têm ocorrido, aos eucaliptos; o que não será tanto assim.
Devo notar que não sou a favor da plantação indiscriminada desta espécie arborícola, porém, que ela seja inteligentemente ordenada, e limitada a áreas previamente estudadas e demarcadas, procedidas de estudos que não podem ser feitos em riba dos joelhos, como aconteceu, entre muitas, com a lei da gestão de combustíveis, que nem vale a pena falar.
Resumindo: o principal problema não está na existência florestal, que não é nova e é fundamental para a sobrevivência das espécies, mas no terrorismo propagado por mãos criminosas, para o qual a lei é dócil, para não dizer inexistente.
Deixem o eucalipto em “serenidade” e cuidem da parte referente à “piromania” criminosa, e aos interesses que lhe estão subjacentes.

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 08/08/2818
www.antoniofsilva.blogspot.com






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