A
penúria de muitos é a opulência de poucos.
(A.
Figueiredo)
MAS
C’OBRAS!
Os
meios de comunicação social raparam em tudo. Charêtam, charêtam, e acabam por achar
coisas que não lembram ao Diabo.
De facto, os contratempos não residem nos
descobrimentos em si, contudo, na incompreensão que dos mesmos se pode extrair.
Mas, caramba! Já não se podem fazer
obras na casa burocrática do nosso Archiministro!?
Será imperioso o homem residir numa espelunca para asseverar aos governados que
está solidário com a “miséria” deste país?
As pessoas de má-fé, não sabem valorizar
as dificuldades por que passa este Sr., primeiro que tudo, Primeiro-ministro –
por agora, depois se verá.
Quando a fertilidade da minha imaginação
não entra em greve, começa imediatamente a idealizar a situação caótica em que
deve encontrar-se o “galinheiro” que temporariamente emprestámos ao nosso
Chefe do Governo, António Costa.
Mascarras
nas paredes antigas ultrajadas pela salmoura, que pulverizam no ar com um odor
bafiento e doentio; em algumas superfícies, a tinta lasca e cai como carepas em
trunfas capilares sebosas; o verniz das portas escama, dando um ar de degradação
ao domicílio; os tacos do assoalhado (penso que não seja em tábua corrida,
feito com madeira sobrevivente a algum incêndio), outrora polidos e brilhantes,
estão embaciados, com grave aspecto de deterioração; as janelas chiam e batem
por todo o lado e as suas dobradiças não resistem a não fazerem barulho à mais
leve brisa procedente do Tejo; a despensa é constantemente assaltada por ratos
espertos, que entendem ser um lugar que guarda grandes acepipes; os cortinados,
rendados pelas teias de aranha e atacados pelos raios ultravioleta, já se
encontram ruços e zangados, por estrem há muito tempo a sofrer, esticados nas
mesmas argolas como chouriços ao fumeiro; as moscas, essas almas-danadas que
acorrem aos maus cheiros, também fazem questão em não respeitar o espaço
privado do Sr. Primeiro-ministro, face ao estado em que este se encontra; as
torneiras pingam com insistência, talvez chorando a sua sorte por terem sido engastadas
neste país; só dois ou três autoclismos é que devem estar a funcionar, pontos
para mandar a água para o “outro lado”, hidraulicamente cantado; os floreados
dos tectos - construídos em relevos de gesso - estão a rachar; enfim, é um
verdadeiro pandemónio para quem lá vive, ainda que temporariamente.
E argumentam rosnando, os entendidos,
que quase um milhão de euros, é uma desmedida maquia para executar as obras
necessárias à aquisição da salubridade habitacional na residência de Sua
Excelência, o Sr. Primeiro-ministro, António Costa.
Não vejo porquê!?
Num país em franco progresso, como
Portugal, isso é uma micharia; e mais, se em comparação com os gastos
astronómicos de alguns marajás, nem isso chega a ser; o muito que poderá
equivaler é a umas míseras côdeas, que provavelmente faltarão na mesa de muita
gente, mas isso não é importante. O importante é que quem manda, deve ser
sustentado na opulência! O resto é arria-miúda.
Estou
ainda em acreditar que aqueles serviços de restauro até são feitos sem grande atroada,
na noite sem luar do orçamento, enquanto os portugueses dormem no aveludado
enxergão de palha ou debaixo de um cartão, com a cabeça assente na almofada
doentia da indiferença.
Façam-se
as obras, mas…
Atenção
às “cobras”.
António Figueiredo e Silva
Coimbra,14/08/2018
www.antoniofsilva.blogspot.com
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