sábado, 7 de abril de 2018

PADRE ASSUME CRIAÇÃO



Dogma é castração. Toda a ideia tomada como
 verdade absoluta, que não admite constatação,
 tolhe a inteligência humana, impede o progresso,
leva à obscuridade.
(Manoel Valente Barbas)

PADRE ASSUME CRIAÇÃO

A preludiar a minha argumentação devo salientar que sou católico. Foi esse o caminho que, bem ou mal me ensinaram a trilhar; nunca ao longo dessa verêda me leccionaram nada, do qual não tivesse retirado algum proveito moral e cívico, conquanto que reconheça, que hajam alguns ensinamentos doutrinais que deviam sofrer uma metamorfose, em função da evolução do comportamento Humano. Não interessa aqui esmiuçar quais, uma vez que não é o objectivo desta crónica de “bem-dizer”.
A meu ver, o crente não é o beato (termo popular) porque este é cego; e é cego de tal maneira, que tritura tudo o que lhe “pregam”, sem saber ler ou raciocinar nas entrelinhas, escritas ou oralizadas, o âmago onde existe a verdadeira essência do universo místico. Bem… adiante com o andor.
Penso que é dever de cada humano primar pela vida, reverenciá-la e dar-lhe continuidade, seguindo desta maneira os desígnios da Criação. A multiplicação é uma condição natural, da qual nenhum ser vivo, normal, consegue desunir-se.
A reprodução, desenvolvimento, morte e a conclusiva renovação, são o ciclo do Universo, cujas leis imperam sobre tudo o que nele existe. Assim, tudo o que for feito para contrariar as leis que regem todo o seu sistema evolutivo, considero anti-natural.
Claro que o ser humano, por motivos vários e ser pensante, “que pensa que é”, tenta reverter a ordem do sistema, e, não o conseguindo, reconhece o seu “fracasso” perante a Natureza, assumindo o que socialmente poderá ser considerado um erro, mas que na realidade o não será, à luz da essência Divina; apenas assume o fruto de uma condição natural, que alguma cegueira social condena.
Porque fazer tanto ruído, só porque um padre corajoso assumiu a paternidade de um fruto humano, gerado e criado à semelhança de Deus?
Será que isso implica nas suas funções sacerdotais? Penso que não.
Não se sabe – nem interessa – as razões ou as ideias que levaram aquele Homem a optar pelo celibato. Que quebrou esse compromisso com ele próprio, é verdade. Mas também é verdade que não basta mudar de opções, mas sim ter ideias ou circunstâncias que justifiquem fazê-lo. Esta foi uma delas.
E porque Deus existe no coração de cada Homem, ele poderá continuar a ser um bom padre, e acima de tudo um bom Homem e um bom pai.

«Abençoando-os, Deus disse: «Crescei e multiplicai-vos, enchei e dominai a terra».
(Génesis 1:28).

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 07/04/2018
www.antoniofsilva.blogspot.com    
 





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