De todas as
taras sexuais, não existe
nenhuma
mais estranha do que a
abstinência.
(MillôrFernandes)
AI
“DÃO” MANUEL, “DÃO” MANUEL!?
Antes
de começar a espadeirar, gostaria de frisar que não tenho nada contra as mais
diversificadas crenças que possam existir e as doutrinas que as orientam; cada
um tem o direito de ter a sua e proceder do modo que melhor se sentir,
espiritualmente.
Como católico que sou, “Dão” Manuel
Clemente, eu ficaria mais contente se ninguém fizesse chacota de sua Eminente
pessoa, por exteriorizar algo que me parece ser decorrente de um recalcamento,
quiçá fruto de uma necessidade contranatura refreada, que ficou p´raí a pairar
desnorteada e caiu no inconsciente.
É certo que, em fiança da defesa alegada
em torno do acontecido, foi salientado que as palavras não eram “Vossas”. É verdade.
Porém, quando são usadas expressões que não são nossas, elas são-no no momento
em que as vestimos e comungamos a filosofia das mesmas. É uma chatice e depois
não há volta a dar-lhe.
Não tenho nada a ver com os procuram a
sua felicidade de forma diferente daquela que está religiosamente instituída,
porque o ser humano não pode comportar-se como um ser místico; o misticismo só
cabe nas cabeças mais catequizadas em que uma ortodoxia implantada lhes faz
fluir um fanatismo exacerbado que lhes transverte o sobrenatural em realidade.
Mas isso… é problema de cada um.
Se me é permitido pensar e divulgar o
meu pensamento, considero que o casamento, o divórcio, o amancebamento, o
ajuntamento (vocábulo transmonto usado para o mesmo efeito), ou o namorico, não
são meras zurrapas que se repisam e caldeiam (recasam), para darem origem ao
uso do vocábulo em causa: “recasar”. Apesar de estar contemplado no léxico
português, reconheço a sua aplicação ridícula para o caso em questão. Não soa
bem. Recasar!?
O que é isso, Sr. “Dão” Manuel Clemente?
Por outro lado, o sexo, com toda a
abrangência do seu significado, sempre foi a base da Criação, (e malcriação é
certo), donde resulta toda a existência que os nossos sentidos alcançam; a
própria religião a isso o estimula: “criai-vos
e multiplicai-vos”. É evidente, que se fazer sexo equivalesse a semear um
saco de batatas, certamente que a terra se apresentava como “no princípio” da Criação, “vã, informe e vazia”… e ainda, sem luminárias.
Agora, que habituei o meu espírito a
algumas condicionantes materialistas, sem contudo olvidar a parte mística da
minha crença, apraz-me questionar: que piada teria um Mundo amorfo? Penso que
não teria nenhuma. Era o vazio; apenas o vazio. A presença de Vossa Eminência
Reverendíssima não seria uma evidência, e nesse caso não teria a possibilidade
que Deus lhe concedeu, para proferir coisas engraçadas e com alguma piada,
contudo sujeitas a críticas brejeiras que talvez não lhe agradem.
Falo assim, porque, como é evidente, não
vejo motivo algum, para dois seres “recasados”,
termo aplicado por Vossa Eminência, devem viver de costas voltadas todas as
estações do ano, mesmo quando o frio aperta, sem roçarem o toucinho, sufragando
desse modo o apelo natural ao aquecimento e à fisioterapia, e porque não à
reprodução!? – Quando acontece.
Resta-me rogar a Deus para tenha
clemência de Vossa Eminência Reverendíssima e que o Espírito Santo desça sobre
si e lhe ilumine o pensamento para que não busque refrear no ser humano os
instintos com que a Natureza o dotou no limiar da Criação.
“Pecado” foi o de Adão e Eva; para todos
os seres vivos, é a sublimação de um grande prazer. É a candeia com que a Natureza
ilumina alguns momentos felizes da nossa trágica existência.
Assim o penso, assim o digo.
António Figueiredo e Silva
Coimbra, 13/02/2017
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