O VETUSTO MOINHO E LAGAR DE AZEITE
O
VETUSTO MOINHO E LAGAR DE AZEITE
(Relíquias
de Vila Verde de Oura)

Era aquele o sinal qua anunciava o fim
de mais um dia de causticante labuta.
Ao que me contaram pessoas que já não se
encontram entre os vivos, naquele lagar se faziam óptimas “migas de azeite”
(tiborna); consistiam em pão de centeio ou de milho torrado nas brasas do
bagaço da azeitona moída, que depois de espremido e massacrado com água a
ferver, seguidamente era aproveitado para incandescer a fornalha destinada
ebulir a água duma caldeira que era usada para obtenção do ouro da oliveira -
claro que, os mais abastados não se furtavam a assar um bocado de bacalhau;
tudo isso era copiosamente regado com azeite e saboreado com uma boa pinga e
dois dedos de prosa à mistura.
Alguns mais alambazados, com medo de que
o mundo acabasse naquele dia até ficavam, como é usual nos dizeres da terra,
com azeite a escorrer pelo papo (queixos) abaixo, que, quando galhofeiramente
avisados, limpavam às costas das mãos e estas às calças, ou ao puído casaco que
os defendia do frio.
Era uma festa, uma fartura! Naquele
tempo, por se contentarem com pouco, tinham muito; hoje, que não se contentam
com muito, não têm nada.
Ainda cheguei a conhecer este moinho/lagar,
não em laboração, porém intacto, do qual tenho um desenho a tinta-da-china
elaborado por mim em 1985, onde se pode ver como era no tempo em que a sua
virgindade não havia sido adulterada.
O
MOINHO/LAGAR DE AZEITE DE VILA VERDE DE OURA! UMA RELÍQUIA.
António Figueiredo e Silva
Coimbra, 01/10/2017
www.antoniofsilva.blogspot.com
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