segunda-feira, 8 de maio de 2017

"SENILIDADE" GRISALHA

Jovens, apesar de tanta tecnologia, o mundo não
começou a semana passada; ouçam os mais velhos.
(Valdir Venturi)

Podem é não seguir o que eles expõem;
Dilema e opção vossos.
(A.Figueiredo)

“SENILIDADE” GRISALHA

Quando as trevas da incompreensão descem ao espírito ainda imaturo dos mais novos, a parvoíce vem à tona do seu pensar e declara-se com todo o seu “esplendor”, em composições vocabulares que explodem escórias de metralha vindas da existência de uma revolta interior – que ninguém tem culpa -, onde são manifestamente expostas, a falta dos calos desenhados pela dureza de uma vida, coligadas a uma insolência acentuada  pela incompreensão, por vezes decorrente do próprio reconhecimento de um fracasso destruidor do interior da sua mente; a partir daqui declaram-se as faltas de educação e de condescendência, restando apenas nacos de ferocidade nas palavras, que, não derrotando, ferem a serenidade dos mais velhos levando-os a uma revolta interior cujas tréguas não são de fácil reposição.
Muitos novos pensam que os Googles, os faces e as wikipédias lhes ensinam tudo; não deixa de haver nisto uma parte de verdade, porém o RESPEITO E A COMPREENSÃO foram aprendidos e digeridas pelos “cotas” (título dado muitos novos aos velhos), sem acesso a essas tecnologias onde esse considerando vem mascarado de muitas formas menos de cunho da respeitabilidade. É revoltante!
Olhe, “o que vale, é que eu já nem passo crédito ao que diz”; “tem atitudes que parecem de uma criança”; e para complementar a agressividade encoberta, “quando fala estraga a minha paz” – que se calhar nunca teve; “este ‘stá mesmo xéxé”!  “os velhos têm a mania que sabem tudo” etc.
Muitos, mas muitos novatos, esquecem-se de que tudo o que actualmente possuem, foi concebido pelos velhos de hoje, inclusivamente a sua existência.
Compreende-se que os velhos também erram, como tal também é compreensível que por vezes não sigamos tudo o que eles possam argumentar, porém, pessoalmente estou convencido de que a sua margem de erro é menor; só por esta diferença, devem ser merecedores de apreço e entendimento.
A velhice não deve ser venerada por ser velhice, mas pelo manancial de experiências que ela encerra e que certamente a molestou e criou dificuldades a quem teve a sorte de lá ter chegado, sendo que hoje poderão servir de lições de vida a muitos novos, padecentes de contratempos que no dia-a-dia se lhes deparam e que por falta da calosidade da experiência, são incapazes de resolver. Um parecer vetusto deve andar sempre por perto; poderá não resolver, mas ajuda. É isto que muitos não valorizam e reagem com agressividade às repetições de ideias que já não podem ouvir. Mas não, não são que verdadeiramente as palavras que entristecem os velhos, porém o seu modo e o tom como são pronunciadas.
Pois é… no amanhã, que chega depressa, ainda que hoje não tenham essa noção, vão por certo ter o retorno das mesmas palavras, dos mesmos gestos e das mesmas atitudes, germinadas a partir das sementes vocabulares que com algum cinismo estampado na face, lançaram à terra pútrida e sedenta de falta de educação e de estima.
Se tiverem o privilégio de chegarem a velhos, o tempo encarregar-se-á de efectuar a integral devolução do produto da sementeira feita… mais juros de mora.


António Figueiredo e Silva
Coimbra, 07/05/2017
www.antoniofsilva.blogspot.com


   

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