domingo, 16 de abril de 2017

APOCALIPSE




APOCALIPSE


 Não contemplo esta desgraça, muito provável e num futuro “próximo”, como obra de Mão Divina.
A renovação da matéria é um facto “sobejamente” estudado e cientificamente provado – mas ainda há muito que aprender.
O ciclo cósmico é uma evidência, que começa na parte mais ínfima da matéria e se prolonga até à mais descomunal galáxia “visível” através dos olhos da actual tecnologia.
Tem-se verificado que para que possa haver um “nascimento”, forçosamente tem de ocorrer uma “morte”; isto é, uma transformação da matéria em energia, porém de equivalência proporcional à sua massa de inércia inicial.
O dilema aqui existente, segundo a minha percepção, é que o Homem se está sobrepor à ordem natural das coisas, e, como um criminoso, consciente ou inconscientemente tende a forçar a aceleração para a sua própria destruição a nível planetário.
Existe nele uma ambição desmedida pela dominação global – e não só – que o leva a esquecer as consequências de um resultado final catastrófico, mas que ele sabe existir. No entanto ele é dominado masoquismo mórbido que interdita a passagem de comunicação da sua parte neurológica cognitiva, que vai conduzi-lo à sua própria exterminação e consequentemente à destruição do Planeta Azul, o seu lar no meio da escuridão de espaço cósmico até agora conhecido, porque a certeza do resto é absolutamente desconhecida. E jamais se conhecerá a sua imensidão.
A Natureza move-se como a água; quando a precisão do seu andamento é obstaculizado, ela contorna a dificuldade e avança serenamente, mesmo que para isso tenha de causar estragos irreparáveis. É o preço a pagar pela intromissão humana na sua estabilidade.
Vejamos só: o Homem descobriu o átomo a sua constituição e seguidamente as suas singularidades – já foi muito mais além, mas fico por aqui; não contente com isso, encetou a sua manipulação em nome da ciência, da tecnologia e dos supostos benefícios para a Humanidade. Certo. Contudo, desprezou uma particularidade que podemos chamar de, o reverso da medalha natural, que se tem apresentado com avisos descomunais e aterradores que os entendidos tentam a todo o custo minimizar e até esconder a sua disseminação noticiosa, para suster o pavor colectivo, que, pelo pouco que é transmitido, já é o suficiente para provocar pesadelos.
Se rebuscarmos das prateleiras da nossa Torre do Tombo cerebral, podemos ficar aterrados com o que encontramos sobre alguns resultados do Homem, como simples aprendiz de feiticeiro, após a manipulação inconsciente do “fogo-de-artifício” no primeiro teste nuclear em Los Álamos (Novo México), em 1945 e a sua prova real em Hiroxima e Nagasaki no Japão. A França fez, entre 1966 e 1974, 46 testes nucleares atmosféricos e 150 subterrâneos no Atol de Mururoa (Polinésia), deixando aquela área inabitável. Mantido durante muito tempo num hermético sigilo, em 1956 URSS fez deflagrar um teste nuclear no Cazaquistão com uma contaminação quatro vezes maior do que a provocada em Chernobyl.
Não satisfeito, acelerou a sua corrida, impulsionada pela mesma inconsciência, à construção de centrais nucleares cujos acidentes contaminaram e desorganizaram (e continuam a fazê-lo) toda ordem molecular existente no Planêta. De entre tantos outros, os mais conhecidos pela sua magnitude foram um na Ucrânia, cinco no Japão, um em França e um nos Estados Unidos da América. Todos eles constituem uma “modesta” contribuição para o desaparecimento da vida na Terra.
A adir a isto, ainda temos o monóxido de carbono, fruto do desenvolvimento tecnológico e alto poluente da atmosfera com consequências muito graves a longo prazo – não tão longo quanto se possa pensar.
Não podemos esquecer de que temos uma silagem de ogivas nucleares espalhadas pelo mundo na expectativa de que um desmiolado qualquer as faça deflagrar, desconhecendo no entanto as consequências finais que daí resultarão. E talvez nunca mais chegue a saber!?
Será o cataclismo total e absoluto, provocado pela insensatez do Homem.
O APOCALIPSE. O passo para transformação/renovação da matéria.

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 16/04 2017
(Dia de Páscoa)
  








  


  

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