sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

BINÁRIO POLÍTICO

BINÁRIO POLÍTICO

Acredito piamente nas boas intenções de todos quantos se candidatam a cargos políticos, aqui ou em qualquer outra parte do mundo. Isto porque, em princípio, não existe matéria de facto que me leve a duvidar; apenas são esgrimidos bons pensamentos, doutrinas puritanas e ambiciosos objectivos, levantando às vezes a tampa da panela dos contendores para deixar sair umas palavras menos delicadas em forma de altercada fumaça, quiçá impróprias para quem se diz, ou é tido como uma personalidade nobre, numa comunidade aonde haja algum fio de civismo.
É mais ou menos desta forma que temos vindo a ser enganados ao longo de gerações, onde esvoaçam sonhos de promessas por cumprir; umas arquivadas nas prateleiras do esquecimento e outras ainda em exaustivo estudo até assumirem também a sua premeditada e compulsiva caducidade e remetidas também às teias de aranha.
Desta forma nos vão limando as concepções formadas ao longo da nossa penosa existência, em disputas recheadas de palavras azêdas e trocadilhos, esmiuçadas nos percursos de vida menos glorioso da cada antagonista, e “artisticamente” por eles empoladas, como dois garnisés a lutarem pela mesma penosa.
Todos, ou quase todos eles, se pautam em afirmar o puritanismo dos seus propósitos e a sua soberania idealista, encafuando no secretismo o que se passa nos bastidores organizativos das elites que por trás puxam os cordelinhos que lhes transmitem o movimento.
Na política, como em tudo, sempre existiram duas principais forças antagónicas, que gerem as coisas de maneira a que o árbitro esteja do seu lado; ou de uma ou de outra. Isso é mau. É mau, porque deixa de haver contrabalanço; quando não existe uma força a vencer, o trabalho é zero.
Se aplicarmos a qualquer sistema forças que só de um lado, podemos ter a certeza que esse sistema derruba.
Para que possa haver um equilíbrio é necessário que sejam aplicadas forças de igual intensidade mas de sentidos diferentes, para que possamos sustentar o sistema em equilíbrio.
Em política, esta teoria deve também ser aplicada; chamo a isto BINÁRIO POLÍTICO.
Entendam como quiserem.

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 08/01/2016
www.antoniofsilva.blogspot.com  



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