sábado, 12 de dezembro de 2015

CRISOPHRENIA…

Ou frenesim (inquietação) devido à crise.


Uma peça teatral amplamente bem urdida, apresentada por um grupo de cena amador, auto-denominado Circleuphoria, no passado dia 10 de Dezembro, no anfiteatro da Ordem dos Médicos, em Coimbra.
“CRISOPHRENIA”, não é mais do que a representação satirizada do sobressaltado frenesim em que estamos metidos, consequente da crise existente na sociedade portuguesa. É um epigrama a uma realidade espelhada no descontentamento colectivo ao qual estamos cativos, ou mais… agrilhoados. É certo, como da peça podíamos depreender, que com tenacidade e determinação, ainda que gemendo e chorando, cá vamos resistindo ao monstro actual: A CRISE.
Aquela crise pela qual temos vindo a apagar sem termos sido culpados, porque estes não existem – mas deviam existir; a impunidade desregrada é a causa primeira da sua inexistência.
Os “actores”, cujo trabalho foi feito apenas por carolice, “talvez para se esquivarem a impostos” que, em grandes fatias, vêm atafulhando as insaciáveis barrigas de muitos pançudos, conseguiram transformar um melodrama, de facto alicerçado numa realidade profundamente “submarinada”, da qual não vemos hipótese de emergir, para tomar um fôlego de confiança numa crítica alegre e cheia de vida, gozando com as “feridas” que nos estão a tolher o corpo e a alma.
O inserto da peça, que demorou cerca de oito meses a idealizar, imprimiu na assistência um ambiente de exultação, como panaceia à triste realidade social onde as interrogações navegam num mar de preocupações e de revoltas, em que a esperança, não acredita na esperança - praticamente já não existe; foi cerceada pelo desemprego em flecha, pelo ensino esconso, pela saúde com espondilose na sua assistência, pela carga dos impostos espremidos pelo espartilho da coacção, pelo somítico auxílio à cultura e muitas outras coisas “boas” que, cansado desta jorda, não estou com paciência para enumerar. Basta saber, que todos o sabemos e todos o sentimos.        
Os meus parabéns aos actores que, graças à sua indomável força de vontade, apresentaram um melodrama em que toda a gente se riu à gargalhada das chagas que nos apoquentam.
A CRISOPHRENIA.


António Figueiredo e Silva
Coimbra, 11/12/2015
www.antoniofsilva.blogspot.com
  



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