quarta-feira, 18 de março de 2015

ARTE



A ARTE

O artista e uma das suas criações.
É uma dádiva que já vem cavacada nos genes do artista e não uma qualidade que possa ser imposta ou enxertada no seu ser; por muitas marretadas que lhe possam dar, com recurso aos mais refinados métodos de ensino, essa virtude não penetra em mentes cuja sensibilidade, muito antes da nascença, não foi talhada para tal.
Por muitas voltas que eu dê, é possível que não consiga explicar plenamente a emoção que sente um artista ao idealizar e transformar em realidade uma obra de sua criação. Penso no entanto, que é um produto da alma que a sua sensibilidade e mestria conseguem trazer a luz clara da razão existencial, para fazer sentir aos outros o que eles sentiram no momento da concretização das suas criações; e porque criar, carece de uma libertação do pensamento, o talentoso refugia-se na liberdade da meditação ao cortar as amarras que o prendem à visão da realidade.
Envolvido pela emoção e abstraído de tudo o que o rodeia, executa um voo calmo ou atribulado ao confuso mundo do esotérico onde tudo se mistura; luz, cores, sons e caracteres; ao depara-se com este caos, com calma transcendente e cravada paciência, atira-se como um cão danado aos instrumentos necessários e enceta a dar forma aos seus sonhos e sentimentos de maneira a torná-los visíveis, dando aos outros também, momentos especiais de êxtase e alforria psicológica.
O mundo da arte, não fazendo questão de género, é de incomensurável vastidão! Porque, o seu último segredo, indefinidamente, nunca é revelado. Não tem fim! E é precisamente neste universo quimérico que o artista busca a verdade, que aos outros é alheia, e arranja maneira de a transportar do *al di la, para o mundo normal dos sentidos, com o fim de conceder a satisfação plena daqueles que amam sentir o que ele sentiu durante e após a concretização da sua obra.
A arte é a verdade da ilusão; é a concretização de uma fantasia em realidade absoluta, predicado natural que vem embrulhado em papel genético.
O símbolo da mais grandiosa forma de arte que conheço, cujo criador e artista escapa ao meu conhecimento, não desconhecendo contudo a sua existência, é a Natureza! Com todo o seu esplendor, onde desordem, o sonho e a realidade se misturam, para dar origem à harmonia; a Harmonia Universal!
Feliz daquele que consegue embrenhar-se na complicada floresta do transcendental e trazer à tona tudo o que de bom nela existe. É esta capacidade nata, que entendo como… ARTE.

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 18/03/2015

*Para além de.
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“CRÓNICAS DE UM CRÓNICO”












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