quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

CRENTE, SIM! BURRO, NÃO.



CRENTE, SIM! BURRO, NÃO.

Costuma o povo dizer que “a fé é que nos salva”.
Naturalmente que esta citação tem um cunho psicológico de grande ajuda, para aqueles que a natureza bafejou com o sentimento da resignação já podre de maduro.
Através das mais diversas e complicadas formas de investigação científica, conclui-se que o discernimento é uma função natural, genética, “soprada” de forma gradual mas implícita, em todos os seres pensantes, quando eles ainda barbataneiam em paz, no fluido amniótico uterino. O seu desenvolvimento, porém, é que não se manifesta da mesma maneira e com equilibrada uniformidade em todos os encéfalos, e, de jeito nenhum, na cadeia de acéfalos, que por sinal, alguns elos dessa corrente têm vindo a fazer parte integrante do grosso das falanges magalíticas que nos têm orientado, no azimute crítico da desorientação.
As análises e aplicações resultantes da falta de medrança dessa função natural, o discernimento, quase sempre dão “barraca” da grossa e tudo o que daí proceder, com o andar do tempo, arruinar-se-á certamente.
Existe todavia uma pedra angular (?) sobre a qual o ser racional procura minimizar o sofrimento megalómano que o agrilhoa e nela rebusca uma alacridade falsamente astéria, até que os “calos” denunciem a sua existência. São a crença e a esperança, as duas faces dessa pedra angular, que servem de lenitivo, mas não resolvem os problemas materiais, que são os que mais fazem doer o corpo e a alma. É que não o dissolvem mesmo! Estão incapacitadas dessa função, enquanto existir entre elas uma bissectriz de mau alinhamento chamada Finanças.
Isso leva a crer que as veredas na procura dessa fé, dessa esperança, realmente foram trocadas: enquanto até aqui se ia dizendo que “todos os caminhos vão dar a Roma”, com grande pesar e sob o implacável chicote da acção coersiva, passou a dizer-se que, “todos os caminhos vão dar às Finanças”!... Que actualmente encarnam a retorcida bissectriz do nosso suplício, a gadanha fomentadora da nossa calvície, a cafeína que nos estimula a insónia, o estertor que nos cinde a razão.   
Não, não é esta “fé” que nos salva.
Crente, sim! Burro, não.

António Figueiredo e Silva
Coimbra
www.antoniofigueiredo.pt.vu

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