segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

AS DECLARAÇÕES DA CADELA?...



Se recolhes um cachorro faminto e lhe dás conforto, ele não te morderá.
 Eis a diferença entre o cachorro e o homem.
(Mark Twin)
  
AS DECLARAÇÕES DA CADELA?...
(Cadela “borlista” faz parar comboio em Estarreja)

Em causa estava a falta de pagamento de dois euros pelo transporte do canídeo.
Observei de facto o vídeo através da internet e pressuponho não ter havido qualquer montagem técnica, com vista a deturpar a sua consistência. Que, actos do género causam repulsa, também não deixa de não ser uma exactidão.
O desmesura de zelo e aplicação das regras com muita justeza, também se podem transfigurar em cristalino cretinismo e atropelo. Esta é a realidade. De resto, entre a arguição e a alegação, mesmo em presença factual dos acontecimentos, coloca-se infalivelmente entre ambas, a sombra da dúvida, constituída pela deformação dos acontecimentos ou tentativa do mesmo propósito, para baralhar reflexões e inverter decisões, que são susceptíveis de imputar a culpa e o castigo onde não era real e moralmente pressuposto.
Bem, mas isto é de foro causídico, e só eles podem dar uma explicação cabal – pelo menos têm a obrigação disso – sobre a filosofia inserida no parágrafo acima citado.
Pelo que observei no vídeo, com acentuada sublevação acabei por concluir que aquele ordinário aparato apenas sintetizou a uma contendazita que envolve um cão dócil, (neste caso, ao parece, uma cadela) no meio de uma canzoada caninamente enraivecida, usando métodos ortodoxos que nem pareciam ser de criaturas pensantes.
A cadela, coitada, no meio da barafunda e sem perceber (?) os motivos de todo aquele alarido, decorrente da batalha comboial, latia com agressividade para tentar acudir ao seu amigo (dono), ao mesmo tempo que denunciava a sua mansidão, pelo abanar do rabo.
É certo que o desconhecimento da lei – eu por exemplo desconhecia – não implica a ilibação das suas sanções; mas, que diabo, há sempre uma faculdade superior à lei, que é o bom senso, que neste caso não foi aplicado, dando origem aquela vergonhosa e deprimente balbúrdia, para mim, sem pés nem cabeça.
Pude ver que a desventurada cadela não disse uma palavra se quer, enquanto a canzoada que a rodeava, com justa razão protestava seu favor e cuspia “sentenças” de revolta, misturadas com outros vocábulos perniciosos que certificavam sem dúvida, um opaco brilho civilizacional nos intervenientes, com as devidas excepções, como é evidente.
O revisor, no cego cumprimento do seu dever – e muito bem – por imbecilidade humana, merece um louvor ou uma subida de posto; autoridade, com todo o seu esmero pouco polido, diga-se, também merece um enaltecimento, por todo o tumulto que ajudou a urdir e pelo trabalho que teve para levar os presumíveis “bandidos” para a esquadra, sujeitos a posteriores declarações. Até agora deveria estar tudo certo, mas…
Depois das declarações prestadas, feitas as devidas e costumeiras investigações e se não constituir segredo de justiça, agora muito usada a favor dos cães grandes, gostaria que viesse a público o relatório final onde constasse as declarações do bicho. Neste caso, da bicha (cadela).
O que ela não deve ter passado no meio de toda aquela bicharada de tão reduzida imaginação.
Coitada da cadela!!!

António Figueiredo e Silva
Coimbra, 25 Fevereiro 2013
www.antoniofigueiredo.pt.vu


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