terça-feira, 15 de setembro de 2009

É BÊ-LOS À’BOAR!...

A Boeing, fábrica americana de aviões, cuja fama se estende a nível internacional, já treme dos pés ao couro cabeludo, perante a inusitada afirmação do nosso Primeiro-ministro José Sócrates, ao anunciar que “a partir daqui, Portugal fabrica aviões”.

Isto é que vai ser bê-los à’boar, rasgando as entranhas dos céus de Portugal e certamente as coxas do resto do mundo, desta vez por ares nunca d’antes nabegados com abiões nunca d’antes inbentados.

Foi uma afirmação proferida com todo o orgulho, pragmatismo e “convicção”. Bem, não é caso para menos, porra!?

Até eu fiquei apardalado! Fabrico de aviões no nosso país?!... Que bom - sonhei!

Como tenho uns anitos de técnica aeronáutica e apesar das minhas longarinas, nervuras, cérceas e stringers da minha estrutura estarem um bocado aluídas e debilitadas pela fadiga do material, ainda auguro possibilidades de arranjar por lá um tachito para servir de muleta à minha frugal reforma, que não é como a de ex-deputado nem tão pouco equivalente à do mais reles político com oito anos de “trabalho” investidos a trabalhar o parceiro.

Eu, artolas, pensava que de grande dimensão só existiam as fábricas FBP, (Fábrica Braço de Prata, de armamento) FAF, (Fábrica Alentejana de Fisgas, também de armamento, mas artesanal) Fábrica de “bólides” Sado, que penso até já ter fechado, sem primeiramente ter entrado, como permite a Lei, em Lay Off e as FTC’s (Fábricas de Transformação de Cortiça) direccionadas à produção de rolhas para arrolhar as bocas que tendem a transformar virtualidades em certezas e políticas em politiquices.

Bem, tudo isto era o que eu pensava, em função das expansivas locuções do nosso Primeiro-ministro, aquando do lançamento do primeiro calhau para a construção das referidas “fábricas de aviões”, porque afinal, a realidade é outra.

O que vai existir sim, é uma fábrica de componentes destinados à aviação, como o fabrico de asas, e outra de materiais heterogéneos (compósitos) direccionados à construção de caudas de aeronaves. Em fim, indústrias de componentes para fins aeronáuticos, que ao que sei, não abouam por si sós, a não ser no meio de uma zaragata interpessoal, deflagrada por alguma atitude menos própria de algum elemento mais moncoso.

“A partir daqui, Portugal fabrica aviões”!... Foi uma frase, que em gíria aeronáutica eu considero uma expressão abortada à descolagem da retórica, no aeródromo dos ouvidores. Foi o que se pode chamar de uma real gafe; se intencional ou não, somente ao Primeiro-ministro é dada a primazia da réplica.

O seu objectivo todos podemos aventar, porém nunca afirmar, porque a densidade do ar pode aumentar e estraçalhar todos os abuões que abouam nos nossos neurónios cerebrais.

E para encerrar o sonho que tive e a realidade que descobri, acabo com uma frase de Lao-Tsé, “A alma não tem segredo que o comportamento não revele.

António Figueiredo e Silva

Coimbra

Blog: antoniofigueiredo.pt.vu

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