quarta-feira, 29 de julho de 2009

O DR JOÃO SEMANA DO SECULO XXI

O “DR. JOÃO SEMANA” DO SÉCULO XXI


Pode parecer absurdo, porque a figura sobre a qual aqui vou versar, está absolutamente fora do meu conhecimento pessoal e não tem nada a ver com o personagem descrito por Júlio Dinis no imortalizado romance, “A Morgadinha dos Canaviais”.
O que aqui procuro narrar foi-me transmitido por pessoas fidedignas, e que eu, por conotação figurativa, associo ao Dr. João Semana.
Quando procurei saber ao certo quem era este “Dr. João Semana”, fiquei tão admirado com o historial de bem-fazer, que mesmo sem o conhecer, resolvi prestar-lhe a minha simples mas sincera homenagem, da qual entendo ser merecedor.
Certamente que no mundo não será figura única, – ainda bem – porém, eu tive conhecimento desta e das suas proezas em prol do bem-estar social, através de pessoas que a ele recorreram e continuam a recorrer, quando o medo do além lhes bate à porta e traz no seu ôdre uma maleita real ou suposta, das quais eles não entendem ou desconfiam.
Existe em Trás-os-Montes, no concelho de Chaves, uma terrinha, por sinal muito patusca e que eu bem conheço, chamada Bragado, cujo acesso pode ser feito através da A24. É uma aldeia muito antiga e com história, que aqui não vai ser contada, uma vez que não é esse o meu objectivo, podendo porém avançar que lá existe óptima franqueza e bom presunto.
De quinze em quinze dias, desloca-se àquela aldeia um médico, que por sinal é de Amarante. Contudo, é do Bragado a Sra. que se lhe atravessou no caminho como a paixão da sua vida, cujo amor entre ambos veio a ser chancelado pelo sacramento do Matrimónio.
É precisamente naquela terrinha que possui uma casa de campo para o tempo que devia ser de lazer, após diariamente passar longas horas de pé manobrando o bisturi, muitas vezes sem tempo certo para mitigar a fome; porque esta figura, este Homem, é cirurgião. Esta é a razão porque digo devia ser de lazer, sabendo eu de antemão que não o é e por uma simples razão: o médico a quem me refiro, quando ali vem, presta os seus serviços a todas as pessoas que dele necessitam, sem cobrar um tostão – ainda não reconheço o cêntimo como moeda Nacional.
Com relativa antecedência, ele anuncia ao Presidente da Junta de Freguesia a sua vinda, e este, em estrita colaboração e boa vontade, empenha-se também em “improvisar” o gabinete para as consultas, na sede da Junta de Freguesia.
Certamente, que quem já ouviu falar no Dr. João Semana, não vai pensar que ele também usa uma mula branca, mas…
Não, este médico não utiliza qualquer meio de transporte de espécie asinina, porque a tecnologia actualmente é outra e a sociedade em que vivemos também mudou.
Dizem ser uma pessoa afável e humana, de uma complacência fora do normal. Aliás não poderia ser outra coisa, em abono da filantropia e nobreza do seu gesto altruísta, virtudes que a mim abanam a alma por haver alguém com bondade despretensiosa neste universo canino onde todos coabitamos à dentada, num fosso de ganância para ver quem fica com o maior bocado.
Pessoas com a dignidade e a despretensão deste distinto médico, claro que existem, mas são tão fáceis de encontrar como uma agulha num palheiro.
Eu, sem o conhecer, quero homenageá-lo pela simplicidade da sua maneira de ser e pela forma como encara as necessidades do ser humano.
Bem-haja pelo seu exemplo!... Sr. Dr. José Pedro Oliveira
Espero que a sua notável figura seja um exemplo para todos os verdadeiros seguidores da filosofia do juramento hipocrático, obviamente excluindo todos aqueles que fizeram o juramento com boca mas sem o “coração” e se deixaram minar pela ganância desmedida que se encarregou de os metamorfosear em desastrosos e rudes “veterinários”, verdadeiros escravos cegamente fiéis ao serviço do materialismo.



António Figueiredo e Silva
Coimbra

Blog: www.antoniofigueiredo.pt.vu

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