CARDIOLOGIA do CHUC
(Centro Hospitalar da Universidade de Coimbra)
Durante o nosso trajecto
existencial, deparam-se situações cujas circunstâncias são condenáveis pela
contundência da minha crítica depreciativa; outras subsistem, que são carentes
de enaltecimentos merecidos, aos quais, por uma questão de coerência para
comigo próprio, não me faço rogado.
Trovoando e ventando para o lado mau, ou deslocando a pena ao dócil sabor
e suavidade da brisa do bom senso, para o lado bom, eis-me pronto para o que
der e vier. Neste caso, para o lado bom.
É evidente que não é meu propósito tecer
quaisquer comparações ou depreciar outros sectores análogos pertencentes ao
mesmo organismo público, que é o CHUC - Centro Hospitalar da Universidade de
Coimbra. Porém, sinto-me no dever de infundir meia dúzia de vocábulos de
consideração, encaminhados à enfermaria de cardiologia, mais propriamente à
Unidade de Cuidados Intensivos (UCIC), porque os elementos humanos que lá
labutam, são providos de um civismo e de uma amabilidade fora do comum -
virtudes actualmente em desuso - que constituem um lenitivo para aqueles que
por ali passam, nervosos e pensativos, taciturnos e de vitalidade esgotada, à
procura da certeza de mais uns anitos de vida com qualidade.
Por ser este o segmento hospitalar que,
não sei se infeliz ou felizmente, melhor conheço, penso que lhes devo esta
atenção, e por muito que possa dizer, as palavras serão sempre escassas para
lhes demonstrar a minha mais profunda gratidão pela maneira cívica como me têm
tratado, cujas qualidades, pelo que me tem sido dado observar, também são
aplicadas aos outros enfermos.
É nesta enfermaria que, com acentuada
tenacidade, cada um à sua maneira e segundo os seus conhecimentos, todos se
juntam com altruísmo, e até algum sacrifício, aplicando o máximo do seu empenho
e saber, para normalizar a nossa estabilidade emocional e para que os nossos
corações continuem a palpitar por mais algum tempo, até que a Natureza resolva
impôr a sua fatídica implacabilidade.
Aos elementos dessa unidade hospitalar, a
minha mais franca gratidão.
António
Figueiredo e Silva
Coimbra,
09/06/2018
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