SER RICO OU SER FELIZ
A
maior riqueza da vida, é a própria vida;
é
inalienável, invendável, e, acima de tudo, é única.
(A.
Figueiredo e Silva)
SER
RICO OU SER FELIZ
Se
bem que a fortuna (material) seja relactiva, o sentimento de relactividade da
mesma, apresenta-se enganadoramente ao ser humano, como, ter tudo; ter dinheiro
para tudo. Ora, isso não acontece. É ilusório. Ninguém tem tudo e ninguém
compra tudo, por muita “bagalhoça” que tenha. Só aos tolos e aos imbecis é
facultado pensarem o oposto.
Acontece
que, aqueles que julgam ter tudo, no fim não têm nada; são uns infelizes,
vítimas deles próprios. Não têm paz de espírito, não possuem amigos
verdadeiros, não andam nem dormem com serenidade de espírito, são assediados,
temem pela sua segurança vital, e não só; as inquietações são fantasmas que
lhes comprimem o esfíncter, não os deixando evacuar relaxados. Apesar das
aljafras bem atulhadas, têm sempre uma brecha que raramente preenchem; é o
metafísico halo “brilhante” da felicidade e da liberdade em toda a sua grandeza.
A
satisfação de viver uma vida bem-aventurada não implica em ser pobre ou rico;
envolve sim, em contentar-se com o que se tem; esse é o lugar máximo da
bem-aventurança, que está interdito à riqueza. O dinheiro foi sempre o fermento
que azedou a felicidade dos povos e fez deflagrar a fome, a guerra, o ódio, e o
genocídio - escusadamente.
Penso
que todo aquele que ambiciona ser verdadeiramente rico, só tem uma linha a
seguir, que é não se inquietar para dilatar os seus bens materiais, porém, em restringir
a ambição que o apoquenta, flagela e mortifica. Não buscar o mais nem o menos,
contudo, ter a noção do suficiente. Aí sim, atingiu o limiar da riqueza perfeita.
E
quanto à fortuna ou à pobreza, no momento em que o óbito bate à porta, este não
se preocupa em questionar qual o estatuto social do “passageiro”. Essa interrogação
remete-a para o cangalheiro, para o capelão ou outra entidade eclesiástica
qualquer, segundo a sua crença, caso em vida, não se
tenha auto-considerado agnosticista.
Por
isso, se toda a riqueza que tivemos (se é que houvemos) na vida, de nada serviu
para nos transvertermos em seres generosos e magnânimos, de certeza que sempre fomos,
e morremos, mais necessitados do que alguma vez idealizámos.
Não
adianta nada remar contra a maré.
António
Figueiredo e Silva
Coimbra,
04/06/2022
http://antoniofsilva.blogspot.com/
Nota:
Faço por não usar o AO90
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