“FITAS, FITINHAS E PENDURICALHOS”
O que são os grandes cargos, os altos
postos,
a nobreza, a ciência e o valor? São coisas
vãs,
se quem as tem, não lhes dá o devido uso.
(Frei Heitor Pinto)
Se as “capacidades” existem e o uso
que lhes é devido não foi utlizado, é
sinal de
que foram corrompidas pela ambição –
punível.
(A. Figueiredo e Silva)
“FITAS, FITINHAS E PENDURICALHOS”
Advertência!?
Para
confirmar o “mérito”, foram despendidos dos “cacifos” públicos umas cabazadas
de euros, em matéria-prima, tais como “fitas”, “fitinhas”, “chapas”, “chapinhas”,
“chapolas”, “caricas” e outros penduricalhos, que foram alfinetados ao peito,
suspensos no pescoço ou atravessados no canastro dos homenageados.
É
assim que vamos claudicando sobre o piso incerto da idoneidade poluída daqueles
que mandam, sem mandar, ou de longe, lideram as guerras sem lá tocarem com os
pés. Será isto mentira? Penso que não.
Então,
vou dar prossecução à liberdade da minha opinião, que para muitos poderá conter
um paladar acre, mas, para mim, ameniza a carga emotiva que me atarraxa e
abranda o índice de adrenalina que adensa o sangue. É um vómito de desafogo
provocado por uma indigestão de pensamentos que há longo tempo, em vulcânica
lava, vêm a fervilhar dento do meu caco.
Esta
Esfera Azul está enxameada de parvos, vaidosos e convencidos, que a qualquer
bocado de “chapa” com impressão, estampagem, cinzelamento em relevo, (que pode
ser baixo ou alto), chamam de medalha - se ultrapassar certos tamanhos, será
medalhão.
Mas,
nem que sejam talhadas em cortiça, numa tampa de lata de sardinha de conserva
ou construídas com de caricas de cerveja, só pelo caricato do cerimonial que o
seu preceito encerra, é uma encenação digna de ser observada por pascácios, que
não se incomodam em desperdiçar o tempo com niquices. Mas… vale a pena. O
acontecimento é infalivelmente arrematado com um “caloroso” bater de palmas, gesto
que só aos manetas não cabe. Esses aplausos simbolizam uma valorização, um
agradecimento, que é “sempre” (nem sempre, mas… às vezes), atribuído à importância
respeitante a um feito altruísta ou de heroicidade, que, na maior parte dos casos,
nem de uma medalha de cortiça seriam dignos. São retalhos podres de manhosice,
usados para limpar a babugem branca salivada pelos cantos dos beiços e
escorrida pelos queixos dos espertos, (recuso-me a titular de inteligentes),
pelas mãos de semelhantes, mas mais sabidos - penso.
E
então aquelas, que com grande pompa, circunstância e com algum fingimento –
como quase todas - são atribuídas a título póstumo?! Na minha tacanha
observação, configuram trejeitos que me dão vontade de escarnecer. A razão é
simples; como essa menção hipócrita, já não ressuscita o morto, e este não tira
o respectivo e justo proveito, nem o consolo nesciamente cingido ao uso da “chapa”
ou do nastro que a suspende, nem a satisfação ridícula do acontecimento, não enxergo
causa alguma que justifique tais ocorrências. Para exemplificar a minha
opinião, apresento o exemplo do malogrado militar da GNR, Fábio Guerra, (paz à
sua alma), que não é o primeiro e certamente não será o último.
Agora,
por terem sido bons rapazes e para concluir este parágrafo, optei pela “exumação”
dos nomes sonantes de algumas figuras honorificadas, (que a meu ver deram
barraca), pela sua “prestimosa” (e dispendiosa) distinção, em prol do “bem” e
da “estabilidade”, relativas à sociedade portuguesa: José Sócrates, Armando
Vara, José Berardo, Ricardo Salgado, Zainal Bava, - há mais -, que agora,
coitados, por instantâneo e inesperado “infortúnio”, se viram remetidos à
vergonhosa e calamitosa “indigência”!
Isto
não se faz! “Coitados”! Sinto tanta comiseração por eles, que já me passou pela
cabeça proceder à criação um Crowdfunding para seu auxílio, mas temo que
os portugueses (não todos) se revoltem contra mim.
Porra!
É preferível ficar quedo e deixá-los passar o resto da sua duração no meio da imundície
que conceberam e pensativos a coçar as “pulgas” que lhes sugam o tutano do ânimo
e aguilhoam o entendimento.
Quem
sabe?! Talvez sejam merecedores, não sei!?
António
Figueiredo e Silva
Coimbra,
29/04/2022
http://antoniofsilva.blogspot.com/
Nota:
Faço por não usar o AO90
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