"JOACINE"
O
diabo pode citar as Escrituras
quando
isso lhe convém.
(William
Shakespear)
“JOACINE”
(Eu tive um sonho. Qualquer semelhança com
figuras da vida real é pura coincidência. Entendido?!)
“Joacine”.
Alguma
vez pensou em meter o dedo indicador no nariz, mudar de ideias manualmente e
empregar a sua bravura, a sua tenacidade, o seu “invejado poder de fluente e de
invejável(?) oratória”, na defesa desses inocentes de palmo e meio (mas, há
mais!?), que desconhecem o que é ser criança e são coagidos a trabalhar no
duro, muitas vezes sob a inclemência canicular de um sol impiedoso que lhes
sidera o corpo e dilacera a alma, já de si fragilizados pela míngua de tudo o
que de mais fútil se possa imaginar?
Se
calhar nunca raciocinou sobre isso!? Olhe o que eu havia de ter sonhado! Até
penso que não estou a bater bem da bola, visto que ela já tem setenta e seis
anos de xutos e pontapés.
Mas,
continuado:
“Joacine”.
Pense
nisto. Quando realmente somos aguerridos e nos propomos defender uma causa na
qual entendemos que a injustiça acalenta, não devemos olhar a meios para
atingir os fins - mesmo correndo o risco de embarque, desta para melhor. Quem
luta por causas, em que piamente acredita serem justas, como aparenta ser o teu
caso, deve empregar melhor as suas valências, se estas não forem mais do que um
fogo de artifício – que me parece ser o mais provável.
Existem
tantos seres económica, social e moralmente instáveis, a carecer da sua ajuda
noutros lugares mais recônditos do planeta, quem ainda não compreendi porque tem
andado a diluir o seu “precioso” tempo e suco salivar, a acicatar os miolos a
esta “cambada de patêgos”. Tão patêgos, que ainda caiem na patetice de a remuneram
para que isso aconteça.
“Joacine”.
Deslembre
esta terra, que é extremamente árida. A única “planta” que por aqui medra com diabólico
desenvolvimento, é a árvore da tolerância. A medrança desenfreada deste arbusto
e a sua proliferação têm sido s responsáveis pelo desrespeito às regras criadas
nesta sociedade de palonços.
Se
se esquecer dela por algum tempo – ou mesmo indefinido - penso que ficará tudo mais
imperturbável - dentro dos possíveis, como é óbvio. Existe quem esteja muito
pior. Deixe os palonços e “acuda a outros lados. Cá, eles que se entendam. A sua
“intrépida” figura é mais necessária para fazer reboliço, onde, na verdade, a
desigualdade de valores é profundamente acentuada, e “quase” selvagem (estou a
ser benevolente). É uma realidade nos nossos dias. Porque ela, existe mesmo, e
é impossível esconder. Não tenha a menor incerteza.
Eu
sei que não desconhece isso, mas noto que a sua força de guerreira, fica
impotente perante a covardia natural que a persegue, impulsionada pelo temor, e
cerceia a sua coragem para vencer. Interiorize que, “dos fracos, não reza a
história”, e… siga. Siga em frente.
É
em outros lados que tem possibilidade fazer o que tanto almeja; endireitar o
“mundo sozinha” e exibir os seus “nobres” argumentos em nome de duas causas: da
“verdade” e da sua ambição - isto é, se não lhe arrefecerem o palato, antes de
abrir a boca para fazer vingar as suas razões “altruístas” em proveito dos mais
desfavorecidos.
Penso
que, lutar por uma causa na qual acreditamos, vale sempre o risco, não é verdade?
Deixe
estes “marrêtas” entregues a si próprios. Que se amanhem. Vai ver que ainda vão
sentir “saudades dos seus iluminados” e supostamente coerentes, balbucios.
Encete
o seu carreiro por outras bandas e acabe de vez com os sistemas esclavagistas,
fundamentalistas, racistas e de exploração infantil indevida, que cruelmente
serpenteiam como perigosas mambas negras, nas florestas da fragilidade humana, à
margem do direito individual e colectivo, tido como regra de ouro nas pessoas
de salutar entendimento. É naquele pantanal, onde a miséria abunda e a crueldade
não tem punição, que deve exercer a fúria incontida da sua razão plena.
Siga
a minha sugestão. Desande, e…
Acordei
em sobressalto com o som indispensável, porém estridente e irritante, de uma
ambulância que passava “impaciente” pela minha rua, certamente a caminho das
Urgências dos CHC (Centro Hospitalar de Coimbra).
Bolas!
Acordei tão irritado com a fantasia e com o barulho, que não mais consegui
dormir.
António
Figueiredo e Silva
Coimbra,
29/01/2021
http://antoniofsilva.blogspot.com/
Nota:
Faço por não usar o AO90.
Comentários
Enviar um comentário