A NITREIRA DA EUROPA
“O maior mal do
mundo não é a pobreza dos desafortunados,
mas a
inconsciência dos privilegiados”.
(Pe. Louis-Joseph
Lebret)
A
NITREIRA DA EUROPA
Por
não ser satisfatória a pequenez europeia a que os nossos governantes nos
deixaram chegar, agora, só faltava mais esta; sermos uma nitreira situada no
sudoeste da Europa.
Nunca me ocorreu que caíssemos em tão rasteiro
vazadouro.
Espero que não me surja ninguém com
“istórias” de embalar, em abono de uma defesa, que está condenada desde a sua
nascença. O LIXO, AS ESCÓRIAS, A ESTRUMEIRA, IMUNDÍCIE… que os outros declinam
por razões que não será necessário ser-se muito perspicaz ou inteligente para
saber quais são. São negociações que me parecem escuras; porque, cabeças iluminadas,
não cairiam em tamanhas patetices, que podem colocar em causa a sustentabilidade
sanidade da nossa atmosfera interna.
Entristece-me e indigna-me, observar que o
rectangular ambiente onde me sedentarizei, tem vindo, com extrema violência, a
ser desgastado pela imundície proveniente de outros cantos do mundo, que, às
milhares toneladas, vem arpoando nos portos marítimos deste malfadado Portugal,
sem que alguém levante o pio. Como é possível?
Sabemos lá, quais as características das
partículas nocivas que nos têm vindo a ser enviadas nos contentores que
transportam essa maldita sujeira?!
É do meu conhecimento, que no nosso
território prolifera a existência das mais variadas mercâncias de “baixo
relevo”, quem têm um valor relativo, excepto o comércio de lixo. Há comerciantes
de ferro-velho, farrapeiros, papeleiros, negociantes de roupagens usadas e
puídas (por acaso actualmente até estão na moda) negociadores de trastes etc;
até hoje, não conheci nenhum comprador de sujeira”.
Que ela existe, é verdade. Que a porcaria
tem de ser limpa e compactada com estrita obediência a determinados parâmetros
cépticos, por forma a não causar poluição ambiental, com principal atenção para
a contaminação dos lençóis freáticos de H2 O, que rabeiam pelo subsolo, também
não é mentira nenhuma. Mas isto, somente no que concerne â lixeira que é
produzida em Portugal, e que ninguém está interessado em comprar. Se houvesse
essa viabilidade, estaríamos ricos.
É inteligível e racional, que se eu ingiro
carburante, sou obrigado a defecar as suas escórias; mas não vou enviá-las para
o meu vizinho, para que com elas se alimente ou as empacote. É evidente que ele
só faria tal coisa se não regulasse bem da cornêta, como será lógico
raciocinar.
Agora, aceitar conspurcação importada?! Por
alma de quem? Dessa mixórdia, temos cá mais do que suficiente.
Em função da revolta que mexe comigo, sou
obrigado a declarar que, quem comeu, só tem duas hipóteses; ou enterra a merda
que defecou ou come o que cagou, e ponto final.
Por força das circunstâncias, sou obrigado
a questionar: quais as funções da Comissão
de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) e
da Agência Portuguesa do
Ambiente (APA). Estes organismos estatais, ainda hoje
existentes, foram criados, ao que parece, para implementar o controlo
ambiental; por isso, não compreendo como autorizaram este “tráfico” de matérias
merdíferas duvidosas, fedorentas, nojentas e indesejáveis.
Quer dizer que, para alguns dos organismos
portugueses atidos a este problema, lixo é luxo – só se for por engano. Mas,
não digo nada!? Neste país de prestidigitadores, tudo é possível.
Uma coisa é certa, quando resolvermos
liquidar o lixo das nossas mentalidades, o outro, proveniente de outras partes
do globo, jamais conspurcará o nosso território.
Até que isso aconteça, vamos atulhando os
bolsos não sei a quem, em troca de cá enterrarmos os dejectos, que por alguma
razão, eles não desejam.
Tá bem!?
Não. Tá mal.
ENTÃO, CORRIJAM.
António Figueiredo e Silva
Coimbra, 07/05/2020
Não
uso o AO90
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