AS DECLARAÇÕES DA CADELA?...
Se recolhes
um cachorro faminto e lhe dás conforto, ele não te morderá.
Eis a diferença entre o cachorro e o homem.
(Mark Twin)
AS
DECLARAÇÕES DA CADELA?...
(Cadela “borlista” faz parar comboio em
Estarreja)
Em causa estava a falta de
pagamento de dois euros pelo transporte do canídeo.
Observei de
facto o vídeo através da internet e
pressuponho não ter havido qualquer montagem técnica, com vista a deturpar a
sua consistência. Que, actos do género causam repulsa, também não deixa de não
ser uma exactidão.
O desmesura de
zelo e aplicação das regras com muita justeza, também se podem transfigurar em
cristalino cretinismo e atropelo. Esta é a realidade. De resto, entre a
arguição e a alegação, mesmo em presença factual dos acontecimentos, coloca-se
infalivelmente entre ambas, a sombra da dúvida, constituída pela deformação dos
acontecimentos ou tentativa do mesmo propósito, para baralhar reflexões e
inverter decisões, que são susceptíveis de imputar a culpa e o castigo onde não
era real e moralmente pressuposto.
Bem, mas isto
é de foro causídico, e só eles podem dar uma explicação cabal – pelo menos têm
a obrigação disso – sobre a filosofia inserida no parágrafo acima citado.
Pelo que
observei no vídeo, com acentuada sublevação acabei por concluir que aquele ordinário
aparato apenas sintetizou a uma contendazita que envolve um cão dócil, (neste
caso, ao parece, uma cadela) no meio de uma canzoada caninamente enraivecida,
usando métodos ortodoxos que nem pareciam ser de criaturas pensantes.
A cadela,
coitada, no meio da barafunda e sem perceber (?) os motivos de todo aquele alarido,
decorrente da batalha comboial, latia
com agressividade para tentar acudir ao seu amigo (dono), ao mesmo tempo que
denunciava a sua mansidão, pelo abanar do rabo.
É certo que o
desconhecimento da lei – eu por exemplo desconhecia – não implica a ilibação
das suas sanções; mas, que diabo, há sempre uma faculdade superior à lei, que é
o bom senso, que neste caso não foi aplicado, dando origem aquela vergonhosa e
deprimente balbúrdia, para mim, sem pés nem cabeça.
Pude ver que a
desventurada cadela não disse uma palavra se quer, enquanto a canzoada que a
rodeava, com justa razão protestava seu favor e cuspia “sentenças” de revolta, misturadas
com outros vocábulos perniciosos que certificavam sem dúvida, um opaco brilho civilizacional
nos intervenientes, com as devidas excepções, como é evidente.
O revisor, no
cego cumprimento do seu dever – e muito bem – por imbecilidade humana, merece
um louvor ou uma subida de posto; autoridade, com todo o seu esmero pouco polido,
diga-se, também merece um enaltecimento, por todo o tumulto que ajudou a urdir
e pelo trabalho que teve para levar os presumíveis “bandidos” para a esquadra,
sujeitos a posteriores declarações. Até agora deveria estar tudo certo, mas…
Depois das declarações
prestadas, feitas as devidas e costumeiras investigações e se não constituir segredo
de justiça, agora muito usada a favor dos cães grandes, gostaria que viesse a
público o relatório final onde constasse as declarações do bicho. Neste caso,
da bicha (cadela).
O que ela não
deve ter passado no meio de toda aquela bicharada de tão reduzida imaginação.
Coitada da
cadela!!!
António
Figueiredo e Silva
Coimbra, 25
Fevereiro 2013
www.antoniofigueiredo.pt.vu
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