AS HIENAS
“AS HIENAS”
Se enxergarmos
com apurado sentido crítico alguns políticos, podemos concluir que, na sua maioria,
são muito parecidos com as hienas;
quando lhes aparece o isco, encetam uma frenética e buliçosa correria, e,
irradiando gritos sinistros, atiram-se a ele com unhas e dentes numa renhida
destrinça, para ver quem se nutre com o maior quinhão.
As eleições sempre constituíram um isco de
boa qualidade, pelo que, mesmo esparrinhando cuspo e carranhas por tudo
quanto é canto, vale sempre a pena contender com toda a ambiciosa voracidade e
usar de todos os termos mais perniciosos rebuscados nas partes mais
“magnificamente mobiladas” no nosso léxico.
Embicam entre
si, e presenteiam-se mutuamente com verbações poluídas de aviltantes metáforas
saídas de cérebros malsãos, deformados e esquartejados pela sêde de domínio,
seu principal objectivo. Emporcalham as ruas com zumbidora presença, ora derrubando
ora interpelando quem passa abstraído da apalhaçada barafunda, que tenta - e
por vezes consegue - induzir e introduzir o derramamento e catequização da
doutrina filosófica, à sombra da qual se mobilizam e chegam a aborrecer.
Por vezes até
verbalizam algo que se pode aproveitar, evidentemente com astuciosa precaução,
porque nos discursos do político, nem tudo o que luz é ouro, nem tudo o que é
amarelo é palha. Uns apenas esgaravatam no chão de terra batida da capoeira do
seu “intelecto”, uns quantos termos sem conexão, alguns já moídos pela usança,
que de tamanha persistência se convertem em fastidiosas vertigens.
Paralelamente
à palheta, oblatam uns coloridos odres de plástico, umas rascas camisetas, umas
reles esferográficas - para muitos rabiscarem - cospem gafanhotos com imundos filamentos
de pegajosa baba à mistura, contudo ainda nenhum se lembrou de fazer a distribuição,
também gratuita, de preservativos de aço aos portugueses que sofrem dores
atrozes de tanto terem sido sodomizados.
E porque não
fazê-lo, se toda aquela eufórica festança manifesta um cariz de ofertório
carnavalesco, a contrastar com o ridículo dos figurões que compõem o corso?
Numa romaria
destas, alguns têm a faculdade de refulgir mais do que outros; ou pela sua léria
na oratória, ou pelo seu utilitarismo incisivo mas enganoso, ou ainda da pior
maneira, que como um batel desgovernado, sem vontade própria, - fingimento - se
deixam acarretar ao sabor das ondas populistas. Tudo isto são ocorrências que
podem ser notadas por todos os que a essa tarefa se derem.
Claro que os
portugueses são bastante passivos, mas também se empanzinam da bazófia repetitiva
e do ardil trivial, cujos resultados ficam claramente evidenciados, aliás, como
tem vindo a verificar-se através da percentagem votiva. Apesar de tudo, estou crente
de que a leccionação encontra sempre miolos permeáveis à entrada doutrinária!?
Assim, fazendo
uso dessa permeabilidade como uma conjunção, aliada à “fome” e ao ardil d’as hienas”, estas sentem ousadia para
novos ataques, e, com fúria selvagem, aventuram-se na savana politiqueira
fazendo um alarido descomunal, há procura de presas meio entorpecidas!
Para meu mal e
de muitos, os engodos quase sempre resultam; prova manifesta de que os
portugueses sofrem indubitavelmente de um achaque chamado masoquismo, que se traduz
no prazer resultante do sofrimento, um dos sintomas indicativos de oligofrenia.
As hienas são assim; vencem pela
persistência e quando o vento lhes é favorável.
Para com elas
todo o cuidado é pouco!?
António
Figueiredo e Silva
Coimbra
21/06/2012
*Pessoa que a
tudo diz ámen
em quaisquer
circunstâncias.
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