Quando a terra
está sedenta, o céu escurece e dele jorra um aguaceiro mais forte, estão
criadas as condições ainda que enganosas, para que se inicie de imediato uma
germinação que prepara a mesa da abundância onde todos os seres hão-de
banquetear-se, alheando por completo quaisquer conjecturas decorrentes destas dúbias
circunstâncias climáticas.
Acontecimentos
do género, pese embora a sua diversidade, são abundantes na sociedade global em
que estamos entranhados e permitem a alguns matreiros a fruição de regalias a
nível material e intelectual, que de outra forma passariam (os manhosos) inobservados
no seio da manada de “escravos” enlouquecida no deserto da “democracia”, ofuscados
pela ilusão duma alforria que afiança pôr fim ao aperto das grilhêtas.
Connosco, desde
há 38 anos para cá e pelas mais diversas razões, situações idênticas sucederam,
mantendo ainda hoje os seus frutos que, apesar da má qualidade, vão reinando
lautamente à custa do erário e permitem-se, não sei com que fundamento moral, dar
uma coloração embaciada à política da actual governação.
Mário Soares, disso é prova manifesta.
…“dentro de alguns anos poderemos ter em
Portugal níveis e padrões de vida semelhantes aos dos países europeus” – oráculo
de Mário Soares em 26/09/1976.
Como se pode
infalivelmente verificar, com toda a sua requintada presunção e aguçado
palpite, acertou (?).
Foi a figura –
não descorando também as de Otelo Saraiva
de Carvalho e Rosa Coutinho – que mais gozou o povo português e ainda hoje
se mantém colado ao úbere, porque enquanto houver “escravos”, ele não secará.
Com toda a
inutilidade das suas “presidências abertas”, fariscamento de enaltecerias e
excluindo as custas faustosas, apenas no espaço compreendido entre 1990/92,
somente em viagens esbanjou 229 milhões
e 245 mil contos. Foi uma modesta contribuição para a intumescência do
nosso corrente calote – são coisas que o povo esquece mas os livros vêm lembrar.
De entre todas
as honrarias e distinções que lhe foram atribuídas, a que considero com o mais
alto agraciamento honorífico foi a de Cancelário
da Confraria do Vinho do Porto – etílica mas doce.
Na altura em que Mário Soares esteve em
Coimbra na homenagem ao Dr. Mário Silva, esclareceu que “o Salazarismo e a Ditadura decapitaram a ciência portuguesa”. Esqueceu-se
porém da existência de umas desigualdades acentuadamente bem distintas entre
eles – Mário Soares/Salazar – e as
suas personalidades, no que diz respeito a amor à pátria, obra e prova. São
estas três causas Salazaristas que os distanciam e não vale a pena mais dizer.
É este Sr., o ex-Presidente da República
Portuguesa que, refasteladamente alapado se faz transportar num carro do
Tesouro à custa de todos nós, voando 199Km/h, e ao ser surpreendido pela
Brigada de Trânsito GNR é mandado parar, e depois de ter aplicada a sanção
punitiva ao seu motorista, grasna com descontraído desplante que “o Estado é
que vai pagar a multa”?! Por vezes é preferível o silêncio à insolência do
descaramento.
É evidente que
não vou aqui estar aqui a enumerar todas as patacoadas por esta “ilustre” figura
cometidas, porque isso já seria sebenta devassa; como não sou político, não me
dou a essas mexeriquices, mas sou forçado a questionar: qual é a moral e os
fundamentos de que Mário Soares se remedeia
para dar lições de política a todo o mundo e a meter o bedelho na governação,
que anteriormente tanto dizimou?
Mesmo com
conhecimento da real implacabilidade do carcoma etário, para mim é
incompreensível.
António
Figueiredo e Silva
Coimbra
25/06/2012
www.antoniofigueiredo.pt.vu
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