A IMPORTÂNCIA DA DOR АЖНОСТЬ БОЛИВ THE IMPORTANCE OF PAIN DIE BEDEUTUNG DES SCHMERZES ВАЖЛИВІСТЬ БОЛЮ
A IMPORTÂNCIA DA DOR
АЖНОСТЬ БОЛИВ
THE IMPORTANCE OF PAIN
DIE BEDEUTUNG DES SCHMERZES
ВАЖЛИВІСТЬ БОЛЮ
Física ou emocional, a dor é sempre
um bem precioso. Não sei se por equívoco da existência ou por erro da Natureza,
a sua distribuição, que toca a todos os seres viventes, obedece a uma rectidão determinada
e a uma imparcialidade tal, que a todos toca o seu quinhão, cuja dimensão
resulta numa maior ou menor dimensão da fatia, - dependente do fadário de cada
um.
Das consequências
resultantes dessa talhada, apesar de todo o mundo “compreender” e até sugerir
mezinhas e fármacos tidos como lenitivos para o seu abrandamento, a realidade
do sofrimento, só sabe quem o sente – não descorando, contudo, que “toda a
gente é capaz de a suportar”. Esta é que é a verdade.
Conquanto que, sendo a dor incomodativa e por
vezes angustiante, ela é indubitavelmente indispensável à vivência, quando esta
corre menos bem; é o único modo de que o nosso conjunto físico-anímico dispõe
para manifestar o seu desagrado sobre algo que está imperfeito na sua
edificação corporal ou imaterial. Sim, porque quando há uma dor no corpo, esta,
invariavelmente provoca uma dor na alma; embora diferentes, quando uma doi, a
outra não fica imune. Uma afecta a outra com intensa reciprocidade porque a infalibilidade
genética as fez germinar enlaçadas para toda a vida.
Por isso, a meu ver, o
sofrimento deve ser tido como um “bem” e deve ser sustido até à fronteira do
suportável – que depende de ser para ser e da intensidade sentida, que também é
variável.
Como tal, o recurso a
remédios para diminuir qualquer dorzeca, ou mesmo encapotá-la, quando esta
ainda é suportável, é manter de pé a fortaleza e a progressão da doença que a
originou. Neste caso, é natural, ou mesmo certo, que a enfermidade pode progredir
porque os avisos do corpo ou da alma, foram silenciados por remédios que não
curaram, mas apenas remediaram, silenciando os “gritos aflitivos” com pedidos
de ajuda do nosso corpo, consequentes de sua (nossa) luta titânica, para manter
a sua sobrevivência. Isto deve-se, por vezes, à flacidez da nossa força de
vontade.
É este o meu parecer. Durante
a minha vida, nunca abdiquei dele.
Ainda que custe, a dor
deve ser suportada até ao limite de cada um. Porém, se a causa que a deflagrou,
após tentativas científicas não for conseguido o seu restabelecimento, nesse
caso já é justo o recurso a todos os meios clínicos e farmacológicos, para conceder
uma boa qualidade de vida ao enfermo, enquanto ele existe.
Graças à dor, quer seja do corpo ou
da alma, a existência Humana é um facto incontestável neste Mundo, apesar de
ser um mundo-cão; na hipotética ausência da dor, não sobraria nenhum Ser Humano
vivo neste planêta tão lindo! Por enquanto, azul - até ver.
Restaria apenas o
calcário ressequido de montanhas de esqueletos. Como tal, não temos escolha. A dor, sempre difícil de
suportar, ou nos arruína, ou, quando perde a batalha, – muitas vezes acontece -,
acrescenta a robustez da nossa força interior para vencer a próxima peleja.
Dá p´ra pensar, não dá?!
Então raciocinem.
António Figueiredo e Silva
Coimbra, 01/04/2024
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