A UM "LUTADOR" INTRANSIGENTE
“A
linguagem política, destina-se a fazer com que a mentira
soe
como verdade e o crime se torne respeitável,
bem
como a imprimir ao vento uma aparência de solidez.”
(George
Orwell)
A
UM “LUTADOR” INTRANSIGENTE
(Carta aberta)
Caro
André
Glorifico-o,
não com uma medalha de comendador ou de idêntico “valor nutritivo”, contudo,
com o meu mais alto e afincado apreço, atributo que não concedo a qualquer a
qualquer borra-botas, por mais bem enfeitado que se apresente. Isto, porque
tenho verificado que o Sr., escarrapachado sobre a ainda” débil” albarda ideológica
que ornamenta a “burra” que monta, de riba dela, não se faz rogado a atirar umas
fisgadas certeiras, cujas bolairas vão sempre assertar em alguns passarões,
que são aos bandos, e que não têm gostado nada da festa. A prová-lo, já tentaram
inviabilizar o partido que dirige, sem, felizmente, terem alcançado o “ditatorial”
objectivo - coisas de “amigos”, não é?! Ocorre a qualquer “batalhador” que
tente salientar-se do grupo; os mais ranhosos e mais influentes rivais, tentam
de imediato distorcer a lógica das linhas orientadoras divulgadas, para se
manterem à manjedoura do poder, pacientemente a ruminar maneiras mais ardilosas
de lixar o Zé, livres de quaisquer oposições
que lhes possam vir a fazer sombra.
A
audácia que tem possuído para prantar no pau-da-roupa-suja, ao léu, as realidades
que deram origem ao apodrecimento – e empobrecimento – do nosso país, e
consequentemente do nosso povo, são realmente de louvar. As
minhas felicitações.
O
André, incita-me a viajar no tempo que não conheço, mas que
a História, com alguma fidúcia detalha, possibilitando-me deste modo, compará-lo
ao melhor dos gladiadores que naquele tempo teria passado nas arenas dos circos
romanos. “A César o que é de César”! Merece.
A
sua força é hercúlea e entusiasmante. Diz tudo o que o
Zé
gosta de ouvir – até eu, e não me chamo Zé.
As suas alocuções de improviso são de facto deslumbrantes! Admiráveis!
Arrebatadoras! Têm um toque messiânico, cuja musicalidade faz retinir os mais
estáticos tímpanos e esgravata, simultaneamente, as mais adormecidas mioleiras à
sonância trovejante do grito, ACORDEM!
Esgrima
talvez, com uma celeridade fora do “quanto baste”, como quem pensa que não vai
ter tempo de dizer tudo. Isso escangalha “parcamente” – é favor meu, seu “malandro”!
- o conteúdo da retórica; que por vezes dificulta o entendimento da mesma e a
sua assimilação, para as mentes mais lerdas ou ouvidos mais duros ou entupidos
pela acumulação do cerume da ignorância.
Mas
eu, compreendo-o.
Tem razão, quando assevera combater, ou mesmo acabar, com a corrupção (isso é qu’era bom!?), e salvar a economia; diminuir o número de parlamentares, não só na “pocilga”, mas em todo o território nacional - os verdadeiros “satélites” de parasitagem, que têm influenciado na “gravidade” (não confundir com gravidez), da nossa situação financeira (precária); restringir os seus adiposos salários, (devo lembrá-lo sobre o vergonhoso e imoral, período tempo de “exaustiva labuta” para reforma, uma vergonha nacional); reorganizar o SNS (Serviço Nacional de Saúde, baixar os impostos, (seria um milagre), e promover a limpidez da justiça, (não adianta remar contra a maré); ajustar umas puniçõezitas que tangenciam um bocado a nossa forma de pensar e agir; “reabilitar a Lei das Sesmarias”, e mais umas coisitas, até bastante arrojadas, mas, certas, que vão ao encontro do pensamento fantasista de muitos portugueses; inclusivamente, EU.
Que
isto tem de mudar radicalmente, é uma verdade.
Embora
lhe reconheça a legitimidade dos seus argumentos, existe, qualquer substância imperceptível
que faz abanar o universo cinzento que está resguardado dentro da caixa
craniana, donde ressoa uma voz cavernosa e persistente, como a do André,
que assim diz: “não acredites”.
Eu
não queria. Contudo, a repetência austera da voz da minha consciência, assim o
declara. E uma das singularidades que muito ajuda ao meu repouso espiritual, é
a sensação de tranquilidade psíquica. A harmonia comigo mesmo!
Assim,
apesar de concordar (em parte), com evidência das razões que com justa razão
esgrime, não creio que, se fosse o “manda-chuva”, as resolvesse com a mesma
coragem, celeridade e optimização, que tão pomposa e persistentemente alardeia.
N’aaah!!! Não sou sebastianista, nem creio no aparecimento de redentores desguarnecidos
de interesses próprios que, naturalmente, visam mitigar a plenitude das suas
profundas e enraizadas ambições.
Sabe,
a linguagem corporal, também apelidada de “salamalequismo”, fala mais
alto e é mais rigorosa - na minha apreciação, claro.
Assim
sendo, vou ser espontâneo e conciso:
Se
bem que tenha razão nas razões que indigita, NÃO
ACREDITO NOS SEUS PROPÓSITOS, CARO ANDRÉ.
LAMENTO!
Atentamente.
António
Figueiredo e Silva
Coimbra,
12/01/2022
Nota:
Faço
por não “calçar” o AO90
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